OPEP+ mantém produção mas sauditas retiram mais um milhão de barris/dia à oferta
Os 13 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e os seus 10 aliados decidiram manter o atual nível de produção até ao final do ano. Mas não se ficam por aqui, já que anunciaram também que vão ajustar a sua produção interna, reduzindo-a em 1,4 milhões de barris por dia em2024, baixando assim – durante todo o próximo ano – a sua meta de produção para 40,46 milhões de barris por dia.
PUB
Numa reunião difícil, com algum impasse devido a vários braços de ferro, o chamado grupo OPEP+ acabou por não se decidir por um corte adicional da oferta de crude para este ano. E isto devido ao bater do pé dos Emirados Árabes Unidos, Angola e Nigéria, por motivos diferentes.
PUB
Em abril, recorde-se, vários membros da OPEP+ anunciaram cortes voluntários da produção, num volume agregado de 1,16 milhões de barris por dia – uma decisão que surpreendeu o mercado e que entrou em vigor em maio. A este volume juntou-se uma redução adicional de 500 mil barris diários por parte de Riade, o que elevou a diminuição total da oferta do cartel e dos aliados para 1,66 milhões de barris diários – que acumularam com os cortes já existentes de dois milhões de barris por dia (decididos em outubro do ano passado).
PUB
O anúncio de abril fez subir os preços do crude, mas os receios em torno do crescimento e da procura mundial rapidamente fizeram com que as cotações cedessem de novo. Nesta sexta-feira, 2 de junho, o Brent do Mar do Norte (crude de referência para as importações europeias) encerrou a valer 76 dólares por barril depois de ter chegado a tocar nos 87 dólares aquando do anúncio do novo apertar das torneiras.
PUB
Com o "status quo" de hoje, o volume total de redução da oferta, decidido unanimemente, mantém-se nos 3,66 milhões de barris/dia. No entanto, a Arábia Saudita anunciou que vai cortar, de forma voluntária e unilateral, mais um milhão de barris por dia à sua oferta no mês de julho (uma redução que totaliza, por isso, 1,5 milhões de barris, dado que desde novembro que tem colocado menos 500 mil barris no mercado).
PUB
Assim, a retirada agregada da OPEP+ fica em julho nos 4,66 milhões de barris diários – o que corresponde a cerca de 4,5% da procura mundial.
O ministro saudita da Energia, o príncipe Abdulaziz bin Salman, disse que este corte de Riade poderá estender-se para lá de julho se necessário.
PUB
A recente queda dos preços do petróleo levou a que os sauditas sentissem ser necessário um corte adicional, dado o outlook incerto para a economia mundial e para a procura por "ouro negro" nos próximos meses.
PUB
A reunião de hoje durou sete horas – e foi mais demorada do que é habitual devido ao facto de três países da OPEP terem batido o pé para fazerem valer as suas pretensões.
Os Emirados Árabes Unidos (EAU) estavam a exigir uma alteração na forma como os cortes de produção são mensurados, ao passo que os membros africanos do cartel – Angola e Nigéria – se mostraram relutantes em abrir mão das suas quotas, apesar de não estarem a conseguir cumpri-las.
PUB
A Nigéria e Angola estão entre os membros da OPEP que já estão a produzir à máxima capacidade e sem conseguirem chegar às quotas que estão definidas. No entanto, opunham-se a cortes nas metas de produção porque novas quotas mais baixas poderiam obrigá-los a terem depois de concretizar cortes reais. No entanto, foi isso que aconteceu, já que hoje ficou definida uma redução das metas de produção da Rússia, Angola e Nigéria em 2024.
PUB
Em contrapartida, os EAU exigiam uma maior "baseline" (base de referência a partir da qual estão definidos os cortes de produção), em linha com a sua crescente capacidade de produção, o que foi aceite – levando a que possam aumentar a sua oferta.
Saber mais sobre...
Saber mais OPEP+ Emirados Árabes Unidos Angola Riade Nigéria OPEP EAU energia preçosO imperativo categórico
Esperteza saloia
Mais lidas
O Negócios recomenda