Putin garante que já tem acordo com sauditas para novo corte na produção
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) parece já não ter o poder de outrora na evolução dos preços do "ouro negro", mas continua a ser um elemento de peso e a centrar as atenções dos mercados. É o que acontece segunda e terça-feira, em Viena, onde alguns dos principais produtores mundiais estarão reunidos para decidir sobre o prolongamento do corte de produção. Um acordo que Vladimir Putin deu este fim de semana como garantido, depois de um encontro com Mohammed bin Salman, o príncipe herdeiro saudita.
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O presidente russo disse que o corte na produção será estendido no mesmo formato e nos mesmos volumes. O ministro saudita da Energia, Khalid al-Falih, afirmou ontem que o acordo será muito provavelmente prolongado por mais nove meses, não havendo necessidade de reduções adicionais.
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Nos próximos dias haverá três eventos importantes. Nesta segunda-feira, 1 de julho, terá lugar de manhã a 15.ª reunião do Comité Ministerial Conjunto de Acompanhamento (JMMC) do acordo de redução da produção petrolífera dos países da OPEP e não-OPEP. À tarde decorre a 176.ª conferência da OPEP, onde os seus membros debaterão as novas quotas. Na terça-feira juntam-se grandes produtores de fora do cartel, com destaque para a Rússia, para a sexta reunião ministerial do chamado grupo OPEP+. Daqui sairá, previsivelmente, uma extensão do acordo de corte de produção firmado em novembro de 2016 e que vigora desde janeiro de 2017.
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A ideia, com a prossecução deste acordo, é tentar manter os preços do petróleo em níveis sustentados, numa altura em que outros produtores – como os EUA – colocam mais crude no mercado. Mas bastará? Vai depender do facto de esta redução da oferta conseguir ou não compensar o "ouro negro" que escoa nos mercados por outras vias.
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Ao Negócios, Bill O’Grady, diretor de estratégia de mercados da gestora de investimentos norte-americana Confluence Investment Management, considera que o grupo OPEP+ deverá, certamente, tentar compensar o aumento constante das exportações norte-americanas de crude, decidindo-se por uma nova extensão do acordo. Mas com um custo: a perda de quota de mercado.
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"Por enquanto, os sauditas têm aceitado bem isso. Mas esse não era o caso há poucos anos. O comportamento passado da Arábia Saudita, e da OPEP no seu conjunto, tendia a ser o de monitorar as quotas de mercado em mercados específicos. Até à última década, sempre que a quota saudita do mercado importador norte-americano se fixava abaixo do segundo lugar, Riade aumentava a produção e fazia cair os preços para recuperar quota de mercado", sublinha. No entanto, Bill O’Grady considera que os EUA já não são um mercado-chave. "Provavelmente é a China", sustenta. "E uma vez que as exportações petrolíferas do Irão colapsaram, a Arábia Saudita estará provavelmente mais inclinada a defender os preços em vez de defender quota de mercado", remata.
Mas, uma vez mais, também o presidente norte-americano tem aqui um papel relevante. Com efeito, a produção de crude do Irão e da Venezuela, que estão sob sanções dos EUA, caiu conjuntamente mais do que as dos outros membros da OPEP no âmbito do acordo de corte da oferta. O que sugere que as políticas de Trump têm maior impacto na produção petrolífera do que a própria OPEP, salienta a Bloomberg.
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