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OPEP+ cancela reunião sem acordo à vista. Emirados continuam a bater o pé e Brent dispara para os 77 dólares

A OPEP+ continua a não conseguir acordo para as quotas de produção e prolongamento do pacto de corte da oferta devido aos Emirados Árabes Unidos. Depois de três tentativas, desta vez não se agendou data para nova reunião.

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petróleo Jason Lee/Reuters
05 de Julho de 2021 às 16:47

Os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e os seus aliados (o chamado grupo OPEP+, onde se inclui a Rússia) tinham agendada para hoje uma terceira reunião para tentarem chegar a acordo sobre o rumo a dar à sua política de produção. Mas a oposição dos Emirados Árabes Unidos (EAU) levou ao cancelamento da videoconferência.

As reuniões de quinta e sexta-feira terminaram sem entendimento e assim continua. E como todos os acordos da OPEP+ requerem uma aprovação por unanimidade, a reunião de hoje foi cancelada por ainda não haver luz verde à vista. E, atendendo às circunstâncias, não foi agendada data para a próxima reunião.

Guerra de preços? Brent e WTI reagem em alta

Os preços do petróleo, que estavam a negociar em ligeira baixa, inverteram para os ganhos depois do anúncio deste cancelamento, uma vez que surge o espectro e não entrar crude adicional no mercado a partir de agosto.

O West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, para entrega em agosto segue a somar 1,25% para 76,10 dólares por barril.

Já o contrato de agosto do Brent do Mar do Norte, crude negociado em Londres e referência para as importações europeias, avança 1,2% para 77 dólares.

Ambos os crudes estão a negociar em patamares que não se viam desde 2018.

Perante o atual cenário, o consultor financeiro do primeiro-ministro iraquiano, Mazhar Mohammed Saleh, disse – citado pela Iraqi News Agency (INA) – que "na ausência de coordenação e entendimento entre os produtores da OPEP, começará a ganhar forma o início de uma nova guerra de preços".

O que está em cima da mesa

A OPEP+ pretende lançar mais crude no mercado em agosto e prolongar a duração deste acordo de corte da produção – mas os EAU discordam desta extensão do pacto nos atuais moldes.

Depois de colocarem no mercado mais 2,1 milhões de barris por dia nos primeiros sete meses do ano, a proposta que a OPEP+ quer ver avançar aponta para um aumento das exportações em mais dois milhões de barris diários entre agosto e dezembro. Ou seja, 400.000 barris por dia em cada mês – prosseguindo assim o movimento de abertura das suas torneiras, mas de forma gradual.

Além disso, está também em cima da mesa a possibilidade de o acordo de corte da oferta poderá ir além de abril de 2022 – para que não entrem até essa data no mercado os quase seis milhões de barris que os membros da OPEP+ ainda mantêm no subsolo, já que há ainda grandes incertezas, nomeadamente a de uma retoma global desequilibrada e a possibilidade de a variante delta do coronavírus continuar a aumentar o número de infeções.

O que os EAU querem

Só que os Emirados Árabes Unidos não se mostram satisfeitos com a possibilidade de este acordo vigorar até ao final do próximo ano nos moldes em que está definido.

Os EAU dizem que concordam com o nível do aumento da produção mas que só dão luz verde à extensão do acordo até ao fim de 2022 se houver uma revisão da base de referência (baseline) dos cortes – isto é, o nível de produção inicial a partir do qual se calculam as reduções que cabem a cada país.

E porquê? Porque os EAU reclamam que na base de referência dos cortes tem de haver uma atualização da sua atual capacidade de produção. Este membro da OPEP quer que a sua produção de base, usada nos cálculos do corte de oferta, seja de 3,8 milhões de barris por dia e não os 3,168 milhões de barris diários que estão definidos. Se a redução de produção que lhe couber for calculada a partir de uma baseline superior, isso significa que os EAU não terão de proceder a um corte tão pronunciado – e é precisamente isso que desejam.

Os Emirados Árabes Unidos têm planos ambiciosos de aumento da produção e investiram milhares de milhões de dólares no reforço da sua capacidade. Mas o acordo de retirada de crude do mercado que vigora na OPEP+ deixou os EAU com cerca de 30% da sua capacidade de produção parada, explicaram à Reuters fontes familiarizadas com este processo.

Não continuar a aumentar a oferta de crude poderá levar a que os preços da matéria-primas disparem, já que se antevê que a procura continue a subir. E se as cotações do ouro negro prosseguirem a sua escalada, as pressões inflacionistas tão receadas pelos mercados serão ainda mais evidentes.

Na passada sexta-feira, a Casa Branca mostrou-se preocupada com o impacto nos consumidores norte-americanos da subida dos preços do petróleo, mas disse acreditar que a OPEP+ conseguirá alcançar um equilíbrio, fazendo chegar mais crude ao mercado.

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