Bolsas europeias em alta com apoio da saúde e tecnologia
Juros das dívidas europeias recuam
Dólar desvaloriza face ao euro. Investidores de olho em discursos
Ouro volta a renovar máximos históricos com dólar mais fraco e apostas em cortes da Fed
Petróleo em queda com aumento da oferta da OPEP+ e retoma de exportações do Curdistão
China fecha em alta com impulso de dados económicos. Futuros europeus avançam
Bolsas europeias em alta com apoio da saúde e tecnologia
As principais bolsas europeias seguem em terreno positivo esta segunda-feira, apoiadas pelos ganhos nos setores da saúde e da tecnologia, num contexto em que os investidores acompanham as negociações em Washington para evitar a paralisação do governo dos EUA.
O índice de referência Stoxx 600 soma 0,27% para 555,99 pontos, segundo dados da Bloomberg, encaminhando-se para o terceiro trimestre consecutivo de ganhos. Entre os principais mercados, o DAX de Frankfurt avança 0,03% para 23.746,87 pontos, enquanto o CAC-40 de Paris sobe 0,24% para 7.889,63 pontos. O FTSE 100 de Londres valoriza 0,47% para 9.328,33 pontos. Já em Lisboa, o PSI 20 soma 0,11% para 7.961,81 pontos e Amesterdão acompanha a tendência com um ganho de 0,37% para 941,82 pontos. Madrid é o único a descer, com um recuo de 0,11% para 15.333,40 pontos.
O setor da saúde lidera os avanços após a farmacêutica britânica GSK disparar 3,3% com o anúncio da sucessão na liderança, enquanto a AstraZeneca somou 1,3%. Em destaque também o movimento da GSK, que confirmou a saída de Emma Walmsley após quase nove anos na liderança, sendo sucedida por Luke Miels. Já a dinamarquesa Novo Nordisk caiu 2,6% depois de um corte de recomendação por parte do Morgan Stanley, devido ao abrandamento no mercado dos fármacos para perda de peso.
Além da saúde, os recursos básicos (+1,19%), o retalho (+0,64%), impulsionado pelo foco nos retalhistas britânicos após notícias de que a Inditex planeia lançar a sua cadeia de baixo custo Lefties no Reino Unido, e os media (+0,57%) também se destacam. Seguem-se as “utilities” (+0,30%), a tecnologia (+0,81%) e o automóvel (+0,25%).
Nas quedas, a banca (-0,51%) e o petróleo e gás (-0,42%) recuam, com a pressão adicional da perspetiva de novo aumento da produção da OPEP+ em novembro, que já está a penalizar as petrolíferas. As telecomunicações (-0,18%) também deslizam.
O ambiente de negociação mantém-se sustentado por sinais de otimismo no crescimento económico europeu, pelo avanço da inteligência artificial e pelas expectativas de cortes de juros da Fed. A Bloomberg acrescenta ainda que as ações espanholas podem estar em foco depois de a Moody’s e a Fitch terem revisto em alta o “rating” do país, reforçando o apetite por mercados periféricos da zona euro.
Juros das dívidas europeias recuam
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro estão a aliviar esta segunda-feira, dia em que são esperados discursos de vários responsáveis do Banco Central Europeu e da Reserva Federal (Fed) norte-americana.
As obrigações alemãs a dez anos, tidas como referência para o contexto europeu, estão a descer 2,4 pontos-base para uma taxa de 2,720%. Já em França, o recuo dos juros da dívida é de 2 pontos-base para 3,547%. Em Itália a descida é ainda mais expressiva, de 3 pontos-base, para 3,548% de rendibilidade.
A "yield" das obrigações do Tesouro portuguesas a dez anos caem 2,9 pontos para 3,137%. Espanha acompanha a tendência, com os juros da dívida a 10 anos a recuarem 2,8 pontos-base para 3,281%.
No Reino Unido, a rendibilidade das obrigações situa-se nos 4,713%, uma descida de 3,1 pontos-base. Nos EUA, as obrigações seguem também a aliviar 3,5 pontos-base para uma taxa de rendibilidade de 4,141%.
Dólar desvaloriza face ao euro. Investidores de olho em discursos
O dólar segue a desvalorizar face aos principais concorrentes, incluindo o euro. O índice do dólar, que mede a força da nota verdes face aos principais concorrentes, recua 0,24% para 97.912 pontos.
O euro segue a valorizar 0,19% face ao dólar, com cada euro a valer agora 1,17 dólares. A valorizar face à nota verde estão também a libra esterlina (+0,34%) ou o dólar australiano (0,46%).
O contrário acontece com o dólar canadiano, com o iene japonês ou o franco suíço.
Vários membros dos bancos centrais discursam esta segunda-feira, incluindo Piero Cipollone, que tem no BCE a pasta do euro digital, e três governadores da Reserva Federal (Fed) americana. Os investidores vão procurar pistas nestes discursos sobre as políticas monetárias dos diferentes blocos económicos.
Ouro volta a renovar máximos históricos com dólar mais fraco e apostas em cortes da Fed
O ouro dispara esta segunda-feira, com uma valorização de 0,80% para 3.839,50 dólares por onça, atingindo novos máximos históricos acima dos 3.800 dólares. A prata acompanha a tendência, subindo 0,50% para 46,89 dólares, enquanto a platina avança 1,80% para 1.608,98 dólares.
A subida do ouro foi apoiada pela fraqueza do dólar e pela crescente convicção de que a Reserva Federal poderá voltar a cortar taxas de juro já em outubro e dezembro. O índice do dólar recuou 0,2%, tornando o metal mais acessível para investidores estrangeiros, num contexto em que o mercado atribui cerca de 90% de probabilidade a uma redução da taxa em outubro.
O risco de paralisação do governo norte-americano, caso não seja aprovado um acordo orçamental antes de terça-feira, também dá força ao ouro. A incerteza em torno da divulgação de dados económicos cruciais, como o relatório do mercado de trabalho, reforça a procura por ativos de refúgio.
O metal precioso regista já seis semanas consecutivas de ganhos, segundo dados da Bloomberg, sustentado pela procura de bancos centrais, pelos fluxos para fundos cotados em ouro e pelo ambiente de taxas mais baixas, num cenário em que analistas preveem que a tendência de valorização se mantenha.
A prata negoceia no nível mais elevado desde 2011, enquanto a platina transaciona acima dos 1.600 dólares pela primeira vez desde 2013, refletindo também a escassez de oferta e a forte procura por metais preciosos.
Petróleo em queda com aumento da oferta da OPEP+ e retoma de exportações do Curdistão
Os preços do petróleo estão em baixa esta segunda-feira, após uma semana de fortes ganhos, penalizados pela combinação de maior oferta da OPEP+ e pelo regresso das exportações de crude do Curdistão iraquiano através da Turquia.
A esta hora, o Brent cai 0,61% para 69,70 dólares por barril, depois de ter fechado sexta-feira no nível mais alto desde final de julho. O WTI recua 0,82% para 65,18 dólares, anulando parte do avanço acumulado na semana passada.
Segundo a Bloomberg, a descida reflete os sinais de que a OPEP+, liderada pela Arábia Saudita, prepara-se para voltar a aumentar a produção em novembro, com um acréscimo estimado de pelo menos 137 mil barris por dia. A agência destaca que a decisão, que deverá ser formalizada na reunião de 5 de outubro, surge apesar de alguns membros do cartel não terem capacidade para expandir significativamente a produção.
Em paralelo, a retoma do oleoduto que liga o norte do Iraque ao porto turco de Ceyhan acrescenta pressão à oferta global. A Reuters sublinha que o acordo entre Bagdade, o governo regional curdo e empresas estrangeiras permitirá o envio imediato de 180 a 190 mil barris diários, com a perspetiva de atingir até 230 mil barris por dia nos próximos meses. O fluxo de crude estava suspenso há mais de dois anos devido a disputas legais e políticas.
Ainda assim, o mercado mantém-se atento ao enquadramento geopolítico. A Bloomberg refere que a procura para armazenamento estratégico por parte da China e a instabilidade provocada pelos conflitos envolvendo a Rússia e o Irão têm funcionado como travão a quedas mais acentuadas. Já os analistas da RBC Capital Markets alertam que, embora a narrativa dominante aponte para excesso de oferta no último trimestre de 2025, “os participantes estão a começar a incorporar o risco acelerado de choques geopolíticos”, nomeadamente com a escalada de ataques na Ucrânia e o endurecimento das sanções sobre Teerão.
Na semana passada, tanto o Brent como o WTI avançaram mais de 4%, registando os maiores ganhos desde junho, impulsionados por ataques ucranianos a infraestruturas energéticas russas que limitaram as exportações de combustível do país.
China fecha em alta com impulso de dados económicos. Futuros europeus avançam
Os índices asiáticos oscilaram entre ganhos e perdas na sessão desta segunda-feira, com as cotadas chinesas a ganharem renovado impulso depois de serem conhecidos importantes dados económicos, enquanto no Japão os índices não resistiram às perdas. Pela Europa, os futuros do Eurostoxx 50 sobem 0,50% e apontam para uma abertura no verde.
Entre os principais índices chineses, o Shanghai Composite subiu 0,93%. Já o Hang Seng de Hong Kong pulou 2%. Pelo Japão, o Nikkei desvalorizou 0,85% e o Topix cedeu 1,66%. Já o sul-coreano Kospi avançou 1,52%.
No Japão, várias cotadas negoceiam em ex-dividendo – data a partir da qual as ações são transacionadas já sem conferirem o direito relativo ao pagamento de dividendos – e acabaram por pesar sobre os índices de referência.
As ações do Sony Financial Group fecharam o dia com perdas de mais de 16% na sua estreia em Tóquio, após o Sony Group ter separado e listado a empresa numa iniciativa para se concentrar nos seus negócios de entretenimento e sensores de imagem.
No que toca à China, os lucros industriais no país em agosto subiram 20,4% em relação ao ano anterior, o primeiro aumento em quatro meses, de acordo com dados divulgados no sábado pelo Departamento Nacional de Estatísticas chinês. A deflação industrial diminuiu pela primeira vez em seis meses. Parte da recuperação refletiu a recente pressão de Pequim para controlar o excesso de capacidade em setores como o dos veículos elétricos e indústria pesada.
Os números dão ao mercado “um impulso de confiança bem-vindo", disse à Bloomberg Dilin Wu, do Pepperstone Group. “O apoio político e os esforços de estabilização estão a começar a surtir efeito, o que deve proporcionar um alívio a curto prazo aos investidores preocupados com os lucros das empresas”, acrescentou.
No país asiático, as ações de metais preciosos e terras raras valorizaram, após o Governo ter anunciado planos para impulsionar avanços na indústria de recursos naturais, com o objetivo de aumentar a oferta e apoiar novas tecnologias e a produção de veículos elétricos. Nesta linha, empresas do setor, como por exemplo a Xiamen Tungsten Corporation (+2,15%) e a Inner Mongolia Baotou Steel Union Company (+2,19%) ganharam terreno.
Entre os movimentos do mercado, o Alibaba Group ganhou quase 3%, depois de os analistas terem destacado melhores perspetivas de crescimento para os negócios de "cloud” e inteligência artificial da empresa.
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