Bolsas europeias divididas na negociação. Porsche e Volkswagen afundam 7%
Juros agravam em toda a Zona Euro
BYD cai 3% com fim da participação da Berkshire Hathaway
Dólar mantém-se estável com atenções voltadas para discursos da Fed
Ouro renova máximos históricos e prata perto de máximo de nove anos
Petróleo sobe com escalada de tensão entre a Europa e Rússia
Japão regressa aos ganhos após pressão do BoJ. Europa aponta para ganhos ligeiros
Stoxx 600 inalterado. Subida nos metais e "tech" abafada pela queda nos automóveis
As bolsas europeias estão a negociar sem tendência definida esta segunda-feira, numa altura em que o setor automóvel está a fazer "marcha-atrás", enquanto os setores das matérias-primas e da tecnologia travam o índice de referência para a Europa de quedas expressivas.
Depois do corte nas taxas de juro pela Reserva Federal dos EUA na semana passada, no qual o presidente Jerome Powell deu algumas pistas sobre o futuro da política monetária, os investidores estarão atentos às declarações de pelo menos cinco governadores do banco central esta segunda-feira, para "afinarem" as suas perspetivas.
O índice de referência para a Europa, o Stoxx 600, está inalterado nos 554,04 pontos. Entre os 20 setores que o compõem, o grande perdedor é o automóvel, que recua 2,4% esta manhã, bem como o das telecomunicações que perde 0,5%. Do lado dos ganhos, os "basic resources" ganham 1,5% e o das tecnologias 0,7%.
As fabricantes automóveis estão a ser pressionadas pela alemã Porsche, que cai 7,8%, após ter cortado a sua previsão de lucros para este ano, ao reduzir os planos de lançamento de veículos elétricos devido à procura mais fraca. "A reformulação da Porsche pode ser a última, mas deixa a recuperação num processo demorado, com desafios de ciclo de produto e marca", disseram analistas da Jefferies em nota citada pela Reuters.
Também a Volkswagen perde mais de 7%, ao ter também cortado as previsões de lucro para este ano.
As empresas mineradoras estão a ganhar terreno, num momento em que o ouro negoceia em máximos históricos e o cobre sobe após um incidente numa mina na Indonésia - a segunda maior do mundo -, que deixou a operação suspensa durante duas semanas. A Rio Tinto ganha 2%, a Glencore 2,7%, a Boliden 2,4% e a KGHM Polska 3,4%.
Também a tecnologia dá pujança à Europa: as fabricantes de chips ASML e ASM ganham 2,9% e 1,7%. A Burberry, que voltou esta segunda-feira a negociar no índice britânico FTSE 100, ganha 0,35%. Já a Stellantis, que saiu do Euro Stoxx 50, cai 3%.
Olhando ao desempenho dos principais índices da Europa Ocidental, o francês CAC-40 perde 0,14%, o espanhol IBEX 35 recua 0,51%, o italiano FTSEMIB desvaloriza 0,12% e o alemão Dax perde 0,44%.
Em contraciclo, o neerlandês AEX ganha 0,3%, o britânico FTSE 100 sobe 0,07% e o português PSI ganha 0,6%.
Juros agravam em toda a Zona Euro
As dívidas soberanas europeias registam esta segunda-feira um agravamento em toda a linha, num contexto em que os investidores aguardam novos sinais da Reserva Federal, que sinalizou mais cortes na taxa de juro para este ano.
Na Alemanha, os juros das “Bunds” a dez anos, referência da região, avançam 0,3 pontos-base para 2,747%. Segundo a Bloomberg, a corrida à liderança no Japão poderá também ter impacto no mercado europeu, uma vez que eventuais mudanças na política económica japonesa podem influenciar os fluxos de capitais e, por consequência, os rendimentos da dívida alemã, a referência do "velho continente".
Em França, a “yield” sobe 0,9 pontos, para 3,561%, enquanto em Itália, os juros sobem 0,4 pontos para 3,534%. A revisão em alta do "outlook" de Itália por parte da Fitch, na sexta-feira passada, abre distância entre a rendibilidade das dívidas italiana e francesa, sendo que França continua pressionada por instabilidade política e social. O país governado por Sébastien Lecornu viu, recentemente, a sua notação ser revista em baixa pela agência Fitch e também pela Morningstar DBRS.
Na Península Ibérica, a dívida espanhola regista um aumento de 0,2 pontos-base para 3,293% e a portuguesa avança 0,3 pontos, para 3,142%.
Fora da Zona Euro, as “gilts” britânicas a dez anos aliviam 0,9 pontos-base, para 4,704%, corrigindo ligeiramente após as subidas da semana passada.
BYD cai 3% com fim da participação da Berkshire Hathaway
As ações da fabricante chinesa de veículos elétricos BYD caíam esta segunda-feira mais de 3% na bolsa de Hong Kong , após a Berkshire Hathaway, do investidor Warren Buffett, confirmar que vendeu a totalidade da participação que detinha na empresa.
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Dólar mantém-se estável com atenções voltadas para discursos da Fed
O dólar inicia a semana sem grandes oscilações, enquanto os investidores aguardam uma série de discursos de responsáveis da Reserva Federal que poderão dar novos sinais sobre a trajetória da política monetária norte-americana. A esta hora, o índice do dólar (DXY), que compara o valor da moeda norte-americana com outras divisas, mantém-se inalterado nos 97,65 pontos, segundo dados da Bloomberg.
O euro avança 0,03%, para 1,1750 dólares, depois de ter oscilado em baixa nas últimas sessões. Já a libra esterlina sobe 0,03%, para 1,3476 dólares, embora continue pressionada por fatores internos, incluindo o aumento do endividamento público britânico.
A divisa japonesa desvaloriza 0,08%, para 148,07 ienes por dólar, após ter registado ganhos no final da semana passada, em reação à retórica mais dura do Banco do Japão, que reforçou a possibilidade de uma subida de juros no curto prazo. Por sua vez, a moeda suíça mantém-se estável nos 0,7955 francos por dólar.
Segundo a Bloomberg, os investidores estão atentos à intervenção do presidente da Fed de Nova Iorque, John Williams, e de Alberto Musalem, da Fed de St. Louis, além do discurso de Jerome Powell na terça-feira. “É preciso estar aberto à ideia de que a ação positiva do preço do dólar americano observada no final da semana passada pode consolidar-se”, escreveu Chris Weston, estratega da Pepperstone, sublinhando que a dinâmica dos rendimentos dos Treasuries poderá continuar a sustentar a divisa norte-americana.
Já Joseph Capurso, do Commonwealth Bank of Australia, destaca que “há oportunidades para os discursos moverem os mercados cambiais”, de acordo com a Reuters, com especial atenção ao posicionamento do novo governador da Fed, Stephen Miran, após ter defendido um corte mais agressivo de 50 pontos-base na reunião de setembro.
Ouro renova máximos históricos e prata perto de máximo de nove anos
Esta segunda feira, o ouro volta a atingir novos máximos históricos, sustentado pelas expectativas de mais cortes nas taxas de juro da Reserva Federal e pela procura de ativos de refúgio em contexto de incerteza económica e geopolítica.
A esta hora, o metal precioso avança 0,64%, para 3.709,01 dólares por onça, depois de ter chegado aos 3.719,95 dólares, superando o recorde alcançado na semana passada. O movimento foi impulsionado pela recente decisão da Fed de reduzir os juros e pelo sentimento de que novos cortes poderão seguir-se até ao final do ano.
A aposta num cenário mais flexível está a reforçar o apetite dos investidores por metais preciosos, tradicionalmente favorecidos em ambientes de juros mais baixos. “O ouro está a recuperar novamente, com os ‘traders’ focados no potencial de alta dos preços entre agora e o final do ano, impulsionado pelas previsões de novos cortes nas taxas de juro pela Fed,” afirmou Tim Waterer, analista-chefe da KCM Trade, citado pela Reuters.
Já Soni Kumari, estratega de “commodities” do ANZ Group Holdings, destaca que “os indicadores técnicos parecem bastante sólidos e as expectativas de cortes mais profundos estão a aumentar”, cita a Bloomberg.
O otimismo dos investidores centra-se agora nos dados macroeconómicos desta semana, com especial atenção ao índice de preços das despesas de consumo pessoal (PCE), a medida de inflação preferida pela Fed, a publicar na sexta-feira, e aos discursos de vários responsáveis do banco central, incluindo Jerome Powell, na terça-feira.
O ambiente favorável estendeu-se aos restantes metais preciosos. A prata sobe 2,11% para 43,86 dólares, perto de máximos de nove anos, impulsionada também por fortes volumes de opções. A platina avança 0,57%, para 1.416,38 dólares, enquanto o paládio registava ganhos próximos de 1%, de acordo com a Bloomberg.
No acumulado do ano, o ouro já valoriza mais de 40%, apoiado não só pelo alívio monetário, mas também pela procura de refúgio em face de conflitos geopolíticos, das tarifas comerciais impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump e pelo aumento das compras de bancos centrais.
Petróleo sobe com escalada de tensão entre a Europa e Rússia
Os preços do petróleo estão a valorizar no arranque da semana, enquanto os riscos com a oferta no Médio Oriente continuam a pesar nos mercados. Este fim de semana, a Rússia terá sobrevoado o espaço aéreo da Estónia, ao mesmo tempo que a Polónia mobiliza aeronaves militares após Moscovo lançar mais uma onda de ataques contra a Ucrânia, na zona oeste, perto da fronteira.
Também este domingo, a força aérea alemã detetou um avião militar russo em espaço aéreo neutro sobre o Mar Báltico. O Conselho de Segurança da ONU vai reunir esta segunda-feira.
"Os relatos do fim de semana de que a Rússia estava a ameaçar cruzar a fronteira com a Polónia relembraram os investidores dos riscos contínuos à segurança energética europeia vindos do nordeste", disse Michael McCarthy, da Moomoo, à Reuters.
O Brent, referência europeia, soma 0,75% para 67,18 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate, referência americana, ganha 0,75%, para 63,15 dólares.
Os investidores pesam ainda o impacto das sanções da União Europeia sobre o abastecimento russo de crude, que vão incidir sobre empresas chinesas e indianas do setor petrolífero, numa altura em que o bloco procura intensificar a pressão sobre o acesso da Rússia aos petroleiros.
"Estamos agora a perseguir aqueles que alimentam a guerra ao adquirirem petróleo em violação das sanções", afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na sexta-feira. "O nosso alvo são refinarias, comerciantes de petróleo e empresas petroquímicas em países terceiros, incluindo a China", explicitou.
O mercado reage ainda à chamada telefónica entre os presidentes dos EUA e da China, na sexta-feira, que aliviou as tensões entre os dois maiores consumidores de petróleo do mundo e reduziu as preocupações de que Washington impusesse taxas a Pequim pela compra de petróleo bruto russo.
Japão regressa aos ganhos após pressão do BoJ. Europa aponta para ganhos ligeiros
As bolsas asiáticas negociaram divididas na primeira sessão da semana, com as ações japonesas a avançarem face às chinesas, contagiadas pela subida dos índices em Wall Street na passada sexta-feira. Além disso, parecem ter desvanecido as preocupações dos investidores quanto aos planos do Banco do Japão (BoJ na sigla em inglês), que no final da semana passada anunciou que se ia desfazer das participações que detém em fundos negociados em bolsa.
O índice regional de ações da MSCI para a Ásia-Pacífico subiu 0,2%, com o japonês Nikkei-225 a subir 1,1% e o Topix a avançar 0,6%. O iene enfraqueceu em relação ao dólar, o que normalmente beneficia as empresas exportadoras. Na Coreia do Sul, o Kospi avançou 0,56%.
Em contraciclo, na China, o Shangai Composite perdeu 0,36% e o Hang Seng, em Hong Kong, recuou 1,15%, numa sessão marcada por instabilidade, enquanto os investidores assimilavam os sinais das negociações entre os EUA e a China. Trump disse que a conversa com o presidente chinês Xi Jinping resultou em novos progressos sobre um acordo com o TikTok. Esta madrugada, o Banco Popular da China manteve a taxa de juro de referência para empréstimos a um ano em 3%, pelo quinto mês consecutivo.
"A chamada telefónica entre Trump e Xi mantém o impulso para acordos adicionais durante a cimeira presencial", disse Homin Lee, estratega da Lombard Odier Singapore, à Bloomberg. A reunião "reforça a expectativa de uma trégua comercial contínua entre os EUA e a China", acrescentou. Os dois líderes deverão encontrar-se na próxima cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico, no final de outubro.
Os analistas acreditam que o sentimento poderá mudar com a época de resultados trimestrais a aproximar-se. A melhoria das expectativas em relação ao crescimento dos lucros das empresas norte-americanas sugere que a recuperação tem pernas para andar.
Destaque ainda para o índice de referência da Índia, o NSE, que chegou a cair perto de 1%, depois de a Casa Branca ter dito na sexta-feira que iria pedir às empresas que pagassem 100 mil dólares por novos vistos de trabalho H-1B. A medida está a ser vista como um golpe para o setor tecnológico, que depende de trabalhadores qualificados da Índia e da China.
Pela Europa, o sentimento deverá ser de maior cautela, com o Euro Stoxx 50 a ter ganhos modestos. Hoje o foco deverá ir para as novas mudanças neste índice: entram os alemães Deutsche Bank e Siemens Energy, bem como a Argenx (que é de origem neerlandesa, mas cuja bolsa de referência é a belga) e saem a finlandesa Nokia, a italiana Stellantis e a francesa Pernod Ricard. Passam assim a haver 17 empresas germânicas no índice. No Reino Unido, a Burberry volta a integrar o índice FTSE 100.
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