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Fitch corta rating de França a meio de uma tempestade política

A segunda ronda de avaliações da dívida soberana francesa arrancou com um corte no rating da dívida soberana para A+, com "outlook" estável. Instabilidade política e nível de endividamento justificam decisão.

Instabilidade política e nível de endividamento levam Fitch a corta rating de França.
Instabilidade política e nível de endividamento levam Fitch a corta rating de França. dpa/Rachel Sommer
22:05

A agência de notação financeira Fitch decidiu cortar o rating da dívida soberana francesa para A+, a quinta categoria de investimento de qualidade, com "outlook" estável, numa altura em que o país se encontra mergulhado numa nova crise política, tendo perdido o terceiro primeiro-ministro em menos de um ano.  e, entre as quatro grandes agências de notação financeira, a Fitch foi a primeira a retirar o rating de AA ao país. 

A instabilidade política em França é mesmo uma das razões que levou a Fitch a tomar esta decisão. Combinada com o alto endividamento do país, a agência de notação financeira acredita que a "capacidade do sistema político para realizar uma consolidação orçamental substancial" está ameaçada, com a sucessiva queda de Executivos a tornar "improvável que o défice orçamental global seja reduzido para 3% do PIB até 2029, conforme previsto pelo Governo cessante".

A Fitch prevê que a dívida gaulesa atinja os 121% do PIB em 2027, bastante acima dos 113,2% registados em 2024, "sem um horizonte claro para a estabilização  nos anos seguintes". "O aumento da dívida pública francesa limita a capacidade de resposta a novos choques sem agravar ainda mais as finanças públicas", considera ainda a agência.

As eleições presidenciais agendadas para 2027 também não devem desbloquear o impasse político no país, com a Fitch a prever que a instabilidade continue além dessa data. Já no curto prazo, a capacidade de França alcançar uma consolidação orçamental vai ficar "ainda mais limitada", refere a agência. 

"França tem um historial fraco em matéria de consolidação orçamental e cumprimento das regras orçamentais da União Europeia (UE). Existiram períodos de aperto orçamental no passado, mas o défice orçamental global excedeu 3% do PIB em todos os últimos 20 anos, com exceção de três, e não se regista um excedente orçamental primário desde 2001", afiança ainda. 

Numa reação através da rede social X, o ministro das Finanças em gestão, Eric Lombard, diz ter "tomado nota da decisão da Fitch de alterar a notação de França de AA- para A+", apesar "da solidez da economia francesa". "O novo primeiro-ministro [Sébastien Lecornu] já arrancou as negociações com as forças políticas representadas no Parlamento, com vista a aprovar um orçamento para a nação e prosseguir os esforços de recuperação das nossas finanças públicas", adicionou ainda. 

Em sentido contrário, a , com um "outlook" estável. A agência destaca como um dos principais fatores para a elevação da notação a contínua redução da dívida pública, atingindo os 96,4% face ao PIB no primeiro trimestre de 2025, face a mais de 134% em 2020, "uma das maiores quedas entre os soberanos avaliados" pela agência.

França pode ainda enfrentar "downgrades" das restantes agências de notação financeira. A DBRS, que se pronuncia na próxima semana, a 19 de setembro, e a S&P, que anuncia a sua decisão a 28 de novembro, têm perspetivas negativas para a dívida soberana gaulesa. Já a Moody’s, que pode divulgar mudanças a 24 de outubro, tem um "outlook" estável.

(Notícia atualizada às 22:35)

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