Risco da dívida portuguesa em mínimos de Agosto

Os investidores estão esta segunda-feira a apostar em activos de maior risco perante o cenário mais provável de vitória de Hillary Clinton nas eleições dos EUA. Os juros de Portugal lideram as quedas na Europa.
Miguel Baltazar
Nuno Carregueiro 07 de Novembro de 2016 às 11:31

A vitória de Hillary Clinton nas eleições nos Estados Unidos voltou a ser vista como mais provável aos olhos dos investidores, o que está a provocar uma valorização dos activos de maior risco na sessão desta segunda-feira.

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A dívida dos países periféricos do euro é uma das beneficiadas com esta tendência e os juros das obrigações soberanas portuguesas estão a liderar o movimento de descida.

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A "yield" dos títulos a 10 anos desce 8 pontos base para 3,21%, sendo que a tendência é de queda em todas as maturidades. Nos restantes países periféricos do euro o movimento é semelhante, com a "yield" da dívida espanhola a 10 anos a recuar 3 pontos base (para 1,23%) e a italiana a descer 3 pontos base para 1,72%.

 

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Em sentido inverso, os juros da dívida alemã estão em alta, com um agravamento de 2,5 pontos base para 0,16%. Desta forma, o risco da dívida portuguesa está em mínimos desde finais de Agosto, com o diferencial entre os juros das OT e das bunds a recuar para 305 pontos base.

 

Desde meados de Agosto que o risco da dívida portuguesa (prémio que os investidores exigem para comprar dívida portuguesa em detrimento da alemã) se situa acima dos 300 pontos base.

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O alívio nos juros da dívida portuguesa surge depois da proposta do Orçamento do Estado ter sido aprovada na generalidade na passada sexta-feira, com os votos favoráveis do PS, Bloco de Esquerda e PCP.

 

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David Schnautz, analista do Commerzbank, assinalou à Reuters que existiam algumas dúvidas sobre a aprovação do Orçamento. O "ok" do Parlamento, "combinado com o facto de sexta-feira ser o dia para Portugal anunciar um leilão de obrigações e tal não ter ocorrido", justifica o comportamento positivo dos títulos na sessão de hoje, afirma Schnautz.

 

É no entanto em Bruxelas que as atenções estarão esta segunda-feira concentradas, já que termina o prazo para a Comissão Europeia decidir se pede (ou não) que o Governo reformule o esboço orçamental. Tal como o Negócios avança, o cenário mais provável é, no entanto, continuar a analisar o documento, para ter uma avaliação final e recomendações nas duas próximas semanas.

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Sobre o impacto das eleições dos EUA, Rene Albrecht, do DZ Bank, alerta que apesar do alívio de hoje, este "ainda é um evento de risco e um resultado ‘apertado’ pode provocar uma nova corrida às obrigações de baixo risco" na sessão de quarta-feira. 

Spread da dívida portuguesa chegou a superar os 350 pontos base em Outubro:

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Risco da dívida portuguesa em mínimos de Agosto
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