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“A desinformação de uns é a informação de outros”

Para Alex Younger, é vital ganhar a competição tecnológica, fator decisivo na nova ordem global. Já para Devin Nunes, o papel da sua empresa passa por “dar às pessoas um meio para transmitirem a sua mensagem”.

26 de Junho de 2025 às 16:30
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Quando Donald Trump venceu as presidenciais de 2017, “a administração Obama culpou os media digitais e as redes sociais, e as grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos decidiram começar a censurar os americanos comuns, incluindo políticos da altura, como eu, que era censurado pelo Instagram, pelo Facebook, pelo Twitter e pelo YouTube. Pouco antes das eleições de 2020, havia milhões de americanos que eram censurados. Só que não sabiam. Mas milhões de americanos não só foram censurados como foram expulsos das redes sociais”, afirmou Devin Nunes, ex-congressista dos EUA e atual presidente do Trump Media & Technology Group, no painel de debate “Os Atuais Desafios Geopolíticos para a Europa e os Estados Unidos”, integrado na conferência The Lisbon Conference: Europe and Transatlantic Relations, que assinalou o primeiro aniversário do canal Now.

O papel do Trump Media & Technology Group é dar às pessoas um meio para transmitirem a sua mensagem, escapando??às grandes empresas tecnológicas e a países como a China e a Rússia, que controlam o universo digital. Devin Nunes, CEO do Trump Media & Technology Group

Relatou a sua experiência direta de exclusão digital, que o levou a procurar plataformas alternativas como o Rumble e a fundar a Truth Social. “Foi isso que criámos com o Truth Social (…) para garantir que as pessoas nos Estados Unidos da América tenham acesso à Internet”. Lembrou ainda que o poder económico destruiu o Parler. “Por volta de 10 ou 11 de janeiro de 2021, três dúzias de empresas eliminaram essa empresa do planeta”, afirmou. Próximo de Donald Trump, Devin?Nunes alertou que “há uma corrida armamentista para recolher estes dados” e as empresas de inteligência artificial, nos EUA e na China, avançam para “analisar rapidamente quantidades de dados que, há um ou dois anos, nem sonhávamos serem possíveis”. Este avanço tecnológico, “embora promissor, levanta questões sérias sobre privacidade, soberania informacional e controlo democrático.”

Novo mundo e NATO

Sir Alex Younger, ex-diretor do MI6, respondeu a partir da perspetiva europeia e de inteligência estratégica. Identificou três grandes transições: o fim da ordem unipolar, a erosão da confiança dos cidadãos nas democracias liberais e a competição tecnológica como eixo central do poder internacional, “porque nem tudo tem a ver com Donald Trump”. Sublinhou que “ganhar esta corrida, manter a vantagem, é extremamente importante”, referindo-se à tecnologia como fator decisivo na nova ordem global. Assinalou que?este mundo multipolar “tem sido acompanhado por tendências tecnológicas e de globalização que alteraram totalmente a experiência de ser cidadão de uma democracia liberal e minaram a disponibilidade dos cidadãos para apoiar este sistema”.?O ex-diretor do MI6 salientou a necessidade de adaptação das democracias liberais. “Caminhamos para a irrelevância se não nos adaptarmos para garantir que a tecnologia está do nosso lado e não do lado dos nossos inimigos”. Advertiu contra respostas exclusivamente legais aos desafios tecnológicos, defendendo uma abordagem mais política e estratégica.

Se a China controlar a espinha dorsal da Internet a nível global, não haverá segurança cibernética, nem privacidade e, certamente, não haverá verdade. Por isso, ganhar esta corrida e manter a vantagem é extremamente importante. Alex Younger, Ex-Diretor do MI6

“Colocamos um peso excessivo no legalismo e um peso insuficiente na política e na argumentação para mediar as nossas diferenças”, concluiu Alex Younger.

Devin?Nunes mostrou-se otimista quanto ao futuro da aliança atlântica, mas salientou a necessidade de especialização e mais investimento dos países europeus.

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