Em dezembro de 2024, a empresa viu-se no centro de uma controvérsia sobre a sua situação financeira. Segundo o jornal online Eco, Jorge Leitão, comercial da Simoldes Tools, admitiu que o grupo iria reduzir a faturação entre 100 e 150 milhões de euros, face aos 700 milhões faturados em 2023. Horas depois, a empresa emitiu um comunicado categórico a afastar o cenário. “De momento, não antecipamos a necessidade de redução da força laboral da Simoldes”, garantiu fonte oficial, acrescentando que “os valores de faturação do grupo não apresentam qualquer desvio negativo face ao orçamentado para o ano de 2024”. O comunicado foi taxativo. “Não há quebra de vendas nem perda de faturação em 2024 face ao ano anterior, nem estamos a equacionar despedimentos. Na previsão a quatro anos prevê-se um aumento do volume de negócios” na ordem dos 25% até 2028”.

O Grupo Simoldes foi o vencedor em 2024 na categoria de Internacionalização -Grandes Empresas dos Prémios Exportação & Internacionalização, organizados pelo Novo Banco e pelo de Negócios, em parceria com a Iberinform.

Fundada em 1959, a Simoldes, que tem dois braços, a Simoldes Aços e a Simoldes Plásticos, consolidou-se como um dos principais fornecedores da indústria automóvel europeia. Hoje, o grupo integra 36 empresas e 25 fábricas distribuídas por 16 países, incluindo Portugal, Alemanha, Argentina, Brasil, Espanha, EUA, França, Índia, Marrocos, México, Polónia e Chéquia.

A Simoldes produz moldes para peças de injeção de plástico, como painéis de portas, painéis de instrumentos, consolas centrais, cavas da roda, pára-choques e diversos pilares e componentes que integram estes conjuntos de peças. Enquanto fornecedor de componentes injetados, equipa modelos de vários fabricantes. No setor automóvel e da mobilidade, as peças plásticas desempenham um papel essencial devido à sua leveza e durabilidade. A produção de componentes plásticos para a indústria automóvel representa entre 85% e 90% do volume de negócios da empresa, o que faz da Simoldes um dos principais players do setor.

A Simoldes é fornecedora de componentes para o Grupo VW (Volkswagen, Audi, Porsche, Seat, Škoda) e para a Stellantis (Citroën, Peugeot, DS Automobiles, Opel), tendo 95% das receitas da unidade de injeção de peças em plástico geradas junto da indústria automóvel, um peso que supera os 80% no caso da construção de moldes.

Os números e a inovação

Em julho de 2025, Júlio Grilo, diretor de inovação da Simoldes há dez anos, revelou, no podcast “Liga dos Inovadores”, alguns dos projetos que podem redefinir o grupo nos próximos anos. “Dentro de cinco anos queremos ter pessoas a trabalhar com robôs humanoides nas nossas fábricas”, anunciou, sublinhando a aposta na automação avançada. Mas os planos vão muito além da robótica.

Entre os projetos em desenvolvimento destacam-se células de ião de sódio que, ao contrário das de lítio, não ardem nem explodem; consolas centrais do automóvel sem botões, desenhadas como interfaces de telemóvel; e um ambicioso programa de substituição de materiais derivados de petróleo, tendo sido identificados 73 materiais alternativos para os plásticos automóveis.

A sustentabilidade é uma preocupação transversal. “O cliente do futuro não vai comprar só pelo preço, mas também pela pegada carbónica”, afirmou Júlio Grilo. A Simoldes tem incorporado materiais reciclados e o desenvolvimento de bioplásticos e polímeros mais ecológicos, alinhados com as metas de descarbonização do setor, mas também adotado processos de produção mais eficientes e processos digitais avançados.

Um dos projetos-chave é o PAC (Portugal Auto-Cluster for the Future), liderado pela Simoldes Plásticos e alinhado com o plano de ação do Mobinov-Cluster Automóvel de Portugal. “Este projeto visa enfrentar desafios tecnológicos específicos do setor automóvel nacional, com o objetivo de aumentar a competitividade das entidades portuguesas e destacar a sua posição no contexto internacional”, adiantou Domingos Pinto, CEO, à Portugal Global. O projeto está estruturado em cinco áreas principais: arquiteturas dos veículos do futuro; interiores do futuro; estruturas e exteriores do futuro; tecnologias de conectividade e sensorização; e tecnologias de produção flexíveis e digitais.