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Maria Luís Albuquerque: “Uma oportunidade para reinventar o modelo económico europeu”

A Europa tem capital, talento e inovação. Mas, para transformar esse potencial em crescimento sustentável, é preciso remover os obstáculos que persistem. Maria Luís Albuquerque defende que “não há escassez de recursos na Europa”.

11 de Julho de 2025 às 14:30
Maria Luís Albuquerque defende reinventar modelo económico europeu
Maria Luís Albuquerque defende reinventar modelo económico europeu Pedro Catarino
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Maria Luís Albuquerque defende a criação de um verdadeiro mercado único financeiro europeu para transformar a poupança em investimento produtivo, inovação e emprego.

“A União das Poupanças e do Investimento tem um objetivo claro. Transformar a abundância de poupança na Europa em investimento produtivo, inovação, emprego e competitividade, em todos os setores económicos”, afirmou Maria Luís Albuquerque, comissária europeia dos Serviços Financeiros e União da Poupança e dos Investimentos, afirmou, numa intervenção em vídeo na conferência Economia Sem Fronteiras: Portugal 2050, organizada pelo canal Now e pelo Negócios, que “é necessário construir um verdadeiro mercado único financeiro, onde as regras sejam harmonizadas, os processos previsíveis, os custos transfronteiriços reduzidos e onde se possam obter as vantagens da escala”.

Maria Luís Albuquerque lembrou que “a economia europeia enfrenta desafios persistentes como o crescimento anémico, baixos níveis de produtividade e uma concorrência global cada vez mais intensa”. Mas considera que esta situação representa “uma oportunidade clara para agir, para repensar, reformar e reforçar como mobilizamos os nossos recursos e apoiamos a criação de riqueza na Europa”.

A estratégia para a União das Poupanças e do Investimento, lançada em março passado, assenta em três pilares fundamentais. O primeiro foca-se nos cidadãos, porque qualquer estratégia europeia que pretenda transformar os mercados de capitais tem de começar pelas pessoas. “Os cidadãos europeus merecem ter acesso a soluções seguras, simples e eficazes para rentabilizar as suas poupanças”, disse Maria Luís Albuquerque. Sublinhou ainda que o mercado de capitais não pode ser apenas uma opção reservada a especialistas. Por isso, prometeu propostas para contas de poupança e investimentos simplificadas, uma nova estratégia europeia de literacia financeira e “o reforço dos incentivos aos fundos de pensões complementares, possibilitando os instrumentos mais eficazes e alargados de investimento em mercados financeiros”.

Investimento e inovação

O segundo pilar visa apoiar “o investimento empresarial e a inovação”, reconhecendo que muitos de empreendedores europeus procuram capital fora da União, o que leva à perda de “ideias, talento e valor económico”. Maria Luís Albuquerque pretende “tornar o capital de risco mais acessível para investidores institucionais, criar melhores condições para o crescimento de fundos europeus e reforçar os mecanismos de saída, com acesso facilitado às bolsas de valores competitivas e eficientes”.

É necessário construir um verdadeiro mercado único financeiro, onde as regras sejam harmonizadas, os processos previsíveis, os custos transfronteiriços reduzidos e onde se possam obter as vantagens da escala. Maria Luís Albuquerque, Comissária Europeia dos Serviços Financeiros e União da Poupança e dos Investimentos

O terceiro eixo procura resolver a fragmentação dos mercados, que persiste apesar de décadas de construção europeia, através da criação de “um verdadeiro mercado único financeiro, onde as regras sejam harmonizadas.” A comissária europeia contestou a perceção de uma suposta aversão cultural europeia ao risco, afirmando que “quando o investimento se torna compreensível e recompensador, o risco transforma-se numa oportunidade”. Maria Luís Albuquerque considerou essencial uma supervisão eficiente e harmonizada, capaz de garantir a confiança, facilitar o crescimento dos mercados e ultrapassar as diferenças entre os diferentes supervisores nacionais. “Este é o momento de reforçar os mecanismos de convergência, melhorar a coordenação e eliminar práticas que criam barreiras artificiais à escala europeia”.

Concluiu com uma nota de otimismo. “A Europa tem capital, talento e inovação, mas para transformar esse potencial em crescimento sustentável, precisamos de remover os obstáculos que criámos. Não há escassez de recursos”. Por isso é “uma oportunidade histórica para reinventar o modelo económico europeu”.

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