A futura Lei de Bases da Saúde "não vai resolver" todos os problemas e responder a todos os desafios que se colocam ao sector mas "vai habilitar a resolver". Quem o diz é Maria de Belém Roseira, a presidente da comissão nomeada pelo Governo para apresentar uma nova proposta de Lei de Bases.
A ex-ministra da Saúde falava esta quarta-feira, 3 de Outubro, durante a mesa redonda sobre os "Desafios e Contributos para uma Saúde mais sustentável em Portugal", realizada no âmbito da conferência e cerimónia de entrega dos prémios da VII edição da "Saúde Sustentável", uma iniciativa do Negócios em parceria com a Sanofi.
Um dos aspectos que a nova Lei de Bases - cuja proposta final ainda não foi aprovada pelo Governo - irá permitir é "colocar a centralidade do sistema nos doentes", objectivo que apesar de estar previsto há muito tempo "tem sido completamente esquecido".
Maria de Belém Roseira salientou ainda a aposta passa pela "prevenção" e por uma "prestação de cuidados de saúde integrada" e feita "ao longo da vida". Mas para que tal aconteça, frisou, é preciso ter "profissionais preparados, com novas competências, e motivados".
"Trabalhar na saúde é muito difícil" e por isso "precisamos de nova Administração Pública na Saúde, mais dinâmica e adaptativa", acrescentou, salientando que "os doentes precisam de ter tempo para falar com os profissionais e os profissionais também precisam de mais tempo para falar com os doentes".
Relação médico-doente está "ameaçada"
A intervenção da antiga governante ocorreu já depois de o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, ter afirmado que "a relação médico-doente" está "ameaçada".
"A situação [actual] é complicada por causa da pressão dos custos e dos orçamentos", explicou o bastonário, lamentando o facto de os médicos terem "cada vez menos tempo para acompanhar os doentes".
Um dos grandes desafios que se coloca ao sector é precisamente o de "centrar o sistema no cidadão".
"É importante que a informação chegue aos cidadãos de forma eficaz e que os ajude a decidir", disse Miguel Guimarães, depois de defender que "a responsabilidade pela sustentabilidade da saúde é todos os cidadãos".
"O cidadão pode ter um papel mais interventivo para que haja uma abordagem mais integrada e com ganhos em saúde", acrescentou.
A directora-geral de Saúde, Graça Freitas, afirmou, por seu lado, que um dos grandes desafios que se coloca na Saúde é a velocidade com que o mundo está evoluir.
"Agora é tudo mais rápido e nem sempre nos conseguimos adaptar" com a mesma velocidade, admitiu, referindo-se, por exemplo, "ao brutal e inevitável desafio tecnológico".
Outro dos principais desafios que se coloca tem a ver com a forma como nos vamos relacionar no futuro pois "não sabemos como vai ser a relação médico-doente daqui a 10/15 anos".
Vencedores dos Prémios Saúde Sustentável
Distinção personalidade
Professor Doutor Fernando de Pádua
Distinção institucional
Cuidados Primários
- Vencedor: ACES Cávado III - Barcelos/Esposende
Projecto: Gestão do Percurso do Utente com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC)
Cuidados Hospitalares
- Vencedor: Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/ Espinho - Unidade Neurorradiologia de Intervenção/Unidade de AVC
Projecto: Stroke Center
Cuidados Continuados
Vencedor: Santa Casa da Misericórdia de Pedrógão Grande
Projecto: Cuidar em Humanitude
Prevenção e Promoção da Saúde
Vencedor: Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/ Espinho
Projecto: Domiciliação
Projectos Especiais integrados
Vencedor: Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano
Projecto: Programa de Gestão de Caso para Doentes Crónicos com Multimorbilidade
Menções Honrosas
Resultados em Saúde
Fundação Nossa Senhora do Bom Sucesso
Experiência do Cidadão
Hospital Garcia da Orta, EPE- Centro de Responsabilidade de Oftalmologia, NOA- Núcleo de Oftalmologia de Almada
Sustentabilidade Económica
Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho- Centro de Diagnóstico Pré-Natal
Carácter Inovador
Multicare Seguros de Saúde, S.A