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O sonho de uma comunidade transatlântica

Paulo Rangel defendeu a necessidade de trabalhar na construção de uma comunidade transatlântica capaz de contrabalançar a influência crescente do Indo-Pacífico.

26 de Junho de 2025 às 21:00
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Os Estados Unidos tornaram mais claro o seu foco ao elegerem a China como principal competidor internacional, mas “o parceiro internacional da América é e deverá continuar a ser a Europa”, afirmou Paulo Rangel, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, no encerramento da The Lisbon Conference, dedicada às relações transatlânticas entre a Europa e os Estados Unidos, realizada no âmbito da comemoração do primeiro aniversário do canal Now. Acrescentou que “a Europa e a América trabalharam juntos no passado. Juntos construímos um mundo mais pacífico e mais próspero. Não há razão para não continuarmos a fazer isso”. Salientou ainda a importância de “continuar a construir o Atlântico, não como uma barreira, mas como uma ligação.” Referiu que a tecnologia não é apenas uma arena de competição, mas também um espelho dos valores que fundam o Ocidente: liberdade, democracia e inovação aberta.

O parceiro internacional da América é e deverá continuar a ser a Europa. Paulo Rangel, Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros

Paulo Rangel rejeitou a tentação protecionista, afirmando que “as tarifas não são a solução” e, evocando os efeitos negativos do Brexit, lembrou que o isolamento económico não beneficia nenhuma das partes. “Menos comércio nunca é bom para ninguém. É sempre associado à estagnação económica e à reduzida prosperidade”, afirmou, acrescentando que “o caminho para tarifas mais altas e mais amplas será negativo para todos”.

A parceira Europa-EUA

O ministro dos Negócios Estrangeiros realçou que, para que este ciclo de guerra e de conflito não se prolongue, a Europa e os Estados Unidos têm de trabalhar em conjunto. “A Europa também pode ajudar, porque temos o conhecimento, as ferramentas e, acima de tudo, a vontade para trabalhar em direção à paz em múltiplas regiões. Seria uma pena perder a oportunidade para trabalharmos juntos em favor da paz”.

Todos os aliados europeus já compreenderam a mensagem transmitida pelas anteriores administrações americanas e reforçada pela atual, por se tratar de uma mensagem justa. Paulo Rangel, Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros

Paulo Rangel defendeu o sonho de que “idealmente, devemos trabalhar para construir uma comunidade transatlântica para contrabalançar a influência do Indo-Pacífico”. Foi claro ao afirmar que acredita que “todos os aliados europeus já entenderam a mensagem, a mensagem das anteriores administrações e a mensagem da atual administração. Porque essa mensagem é justa”. Por isso, considera que a Europa tem de “investir mais na sua própria defesa” e que “a Europa pode e deveria fazer mais para pela segurança coletiva”. A NATO surge, assim, como uma estrutura a preservar, mas também a reforçar, considerando que “ao contrário das expectativas, continua muito ativa”.

Paulo Rangel salientou que o caminho para alcançar as prioridades nacionais passa por negociar, fortalecer alianças, mostrar flexibilidade no que é secundário e manter firmeza nos princípios. “Winston Churchill disse que só há uma coisa pior do que lutar com alianças: é lutar sem elas”. Recordou que a estabilidade atual não é um dado adquirido, mas o resultado de escolhas e sacrifícios concretos.

A encerrar o seu discurso, Paulo Rangel referiu-se ao recém-eleito Papa Leão XIV e ao seu apelo à “unidade e esperança”, propondo que estas fossem também as palavras de ordem para as relações transatlânticas. “Unidade e esperança”, afirmou, “é o desejo dos portugueses para o futuro”.

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