A energia é essencial na agricultura moderna

A produção de energia fotovoltaica nas explorações agrícolas tem um potencial que está muito longe de ser utilizado na sua plenitude.
Sérgio Lemos
Filipe S. Fernandes 30 de Janeiro de 2024 às 14:00

"O custo da energia é um dos fatores de produção mais importantes na atividade agrícola, mas, no âmbito nacional, a agricultura representa apenas 3% do consumo da energia em Portugal", disse Álvaro Mendonça e Moura, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), no videocast "Agricultura Agora: Conversas sobre Sustentabilidade e Inovação" que se realiza no âmbito do Prémio Nacional de Agricultura, uma iniciativa do BPI e da Medialivre, com o patrocínio do Ministério da Agricultura e Alimentação e com o apoio da PwC.

Álvaro Mendonça e Moura sublinhou que a energia é mais do que um custo de produção, "é um elemento essencial na moderna atividade agrícola". Nesse sentido, a CAP celebrou um protocolo de cooperação com a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE). "Fizemos este protocolo com a entidade reguladora, a ERSE, com vista a informar os agricultores e transmitir ao regulador as nossas necessidades", explicou Álvaro Mendonça e Moura.

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Para o presidente da CAP, este protocolo insere-se "na visão de uma agricultura moderna e que tem de continuar a modernizar-se". Por isso, é importante a informação e a discussão sobre, por exemplo, os fatores de formação dos preços, os vários tipos de contratos disponíveis para os agricultores.

O padrão de consumo

É importante que o regulador conheça especificidades do padrão de consumo de energia do setor agrícola. O consumo é concentrado durante os meses de verão, sobretudo por causa da rega, e, durante o dia, o consumo na agricultura é mais ou menos homogéneo, sem hora de ponta, ao contrário, da restante procura nacional de energia.

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A produção de energia fotovoltaica nas explorações agrícolas tem um potencial que "está muito longe de ser utilizado na sua plenitude", disse Álvaro Mendonça e Moura. Tem impacto na redução de custos e na descarbonização das atividades agrícolas através, por exemplo, do autoconsumo. Mas, como salienta o presidente da CAP, "há aspetos regulatórios e de comercialização que carecem de aprofundamento, como a compra pelos comercializadores da energia produzida nas explorações agrícolas".

Presidente da CAP

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Na sua opinião, as comunidades de energia podem beneficiar a pequena agricultura aproveitando, por exemplo, "a proximidade de explorações agrícolas que não justifiquem o autoconsumo por falta de dimensão", afirmou Álvaro Mendonça e Moura.

A ligação virtuosa

Defendeu a ligação virtuosa entre a competitividade, a tecnologia e a sustentabilidade para fazer face às alterações climáticas. Álvaro Mendonça e Moura considera que no setor agrícola há preocupação com a eficiência energética, a preservação do solo. "Há uma consciência muito grande da necessidade de o preservar até para evitar a emissão de CO2 que está armazenado no solo. Não se lavra como antigamente porque a forma de mobilização do solo mudou completamente. Há uma evolução e é preciso ter consciência das novas técnicas. No fundo, produzir mais com os mesmos fatores de produção e preservar o meio ambiente."

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Não deixou de assinalar o grande progresso agrícola, como se pode verificar pelas exportações de bens agrícolas nos últimos 15 anos. Álvaro Mendonça e Moura realçou que "os agricultores têm consciência de que as alterações climáticas, antes de afetarem os citadinos, os afetam a eles e ao seu futuro".

Nesta 12.ª edição manteve-se a realização de videocasts convidando especialistas da área da agricultura, com uma vertente mais direcionada para as áreas da sustentabilidade e da inovação, que são eixos essenciais para o futuro da agricultura. Neste videocast participou Álvaro Mendonça e Moura, presidente da Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP), para debater "Os Caminhos da Agricultura: Dinamização e Competitividade do setor".

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