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Alexandre Ruas, Chief Operating Officer da Claranet Portugal, vê a Europa como um terreno fértil para a inovação tecnológica e acredita que o velho continente tem uma excelente oportunidade para redefinir a sua estratégia, independentemente do volume ou do valor de investimento. Para este gestor, o futuro da Europa está intrinsecamente ligado à tecnologia e a inovação deve ser um dos pilares do crescimento europeu. "O futuro é, claramente, tecnológico. A Europa não pode ficar refém de qualquer decisão geopolítica que impacte o nosso desenvolvimento", defende Alexandre Ruas, no Inovcast, o podcast integrado na iniciativa Prémio Nacional de Inovação.
Da mesma forma, Portugal, com cerca de 10 milhões de habitantes, enfrenta o desafio da sua dimensão no mercado global de tecnologia. Para o COO da Claranet Portugal, a chave do sucesso do país está na especialização. "Podemos tornar-nos especialistas em determinadas áreas, mas para isso tem que haver uma estratégia comum", sublinha. A especialização e a criação de um ecossistema tecnológico forte são cruciais para tornar Portugal mais competitivo a nível global.
É neste ecossistema catalisador de inovação que, nos últimos anos, a Claranet Portugal tem alicerçado o seu sucesso. A empresa tem conseguido equilibrar velocidade com excelência operacional, num sector cada vez mais competitivo e em constante transformação. Alexandre Ruas afirma que "no sector tecnológico podemos aliar um profundo conhecimento e uma amplitude técnica muito grande, mas podemos também fazer maratonas a sprintar". A capacidade de adaptação rápida às mudanças e às necessidades do mercado tem sido uma das principais forças da Claranet para se manter competitiva e relevante.
Este ritmo acelerado de inovação não se limita ao desenvolvimento de novas soluções, mas também à melhoria dos processos internos. "Percebemos claramente que, para termos excelência operacional naquilo que entregamos aos nossos clientes, temos de ter processos evolutivos e ferramentas evolutivas", acrescenta Alexandre Ruas. Nesse sentido, a automação e a inteligência artificial (IA) são apostas fundamentais para a empresa, que as utiliza para aumentar a eficiência e a qualidade do serviço prestado aos seus clientes.
Tecnologia e negócio numa relação simbiótica
Para Alexandre Ruas, a interdependência entre os modelos de negócio e a tecnologia é evidente. "Há modelos de negócio que acabam por impulsionar e desenvolver a tecnologia", explica. Como exemplo, cita a evolução dos modelos de subscrição e a experiência do utilizador em plataformas OTT (over-the-top), que impulsionaram o desenvolvimento das tecnologias subjacentes. Por outro lado, há inovações tecnológicas, como o 5G ou a Inteligência Artificial, que abrem caminho para a criação de novos modelos de negócio.
A inteligência artificial assumiu-se como uma peça chave nesta transformação dos processos, tendo sido adotada em diversas áreas operacionais, nomeadamente no serviço de apoio ao utilizador final. A empresa introduziu uma solução de IA que automatiza o processo de "dispatching" de tickets, substituindo o trabalho manual. "90% dos nossos pedidos já têm o dispatching automático", revela o responsável. Segundo ele, este sistema não só aumentou a eficiência operacional, como também melhorou a qualidade de vida dos colaboradores, que agora podem focar-se em tarefas de maior valor, deixando a IA a gerir as tarefas repetitivas. A precisão do sistema já supera a capacidade humana, demonstrando o impacto da IA na otimização dos processos e na melhoria dos resultados operacionais.
A empresa investe em automação e IA para melhorar a monitorização de segurança, conseguindo, por exemplo, detetar falsos positivos e responder mais rapidamente a incidentes de segurança.
Inovação à medida de cada setor
A verticalização do mercado tem sido uma estratégia igualmente seguida pela Claranet, que criou equipas especializadas em sectores como a banca, as utilities, a saúde e a educação. Esta abordagem permite à empresa um melhor entendimento dos requisitos específicos de cada indústria, o que se traduz numa inovação mais direcionada e eficaz para os clientes. "Inovamos para dentro, mas também co-inovamos permanentemente com os nossos clientes", afirma Alexandre Ruas.
Esta estratégia de co-inovação permite à Claranet adaptar as suas soluções às necessidades específicas dos diferentes sectores, tornando a tecnologia uma verdadeira aliada na resolução de problemas e na melhoria dos processos dos clientes.
A construção de um ecossistema de parcerias é, para Alexandre Ruas, essencial para a Claranet se manter na vanguarda da tecnologia. "Nós acreditamos muito que, depois, poderemos ter as respostas necessárias para ajudar aos desafios que se colocarem pela frente", afirma o COO, destacando as colaborações com grandes nomes da tecnologia, como a Microsoft, HPE e Nvidia.
Crescer e reter talento é prioritário
Num mercado onde a procura por profissionais de tecnologia é cada vez mais elevada, a retenção de talento é uma prioridade estratégica para a Claranet. Com mais de mil colaboradores em Portugal, a empresa aposta em estratégias que vão além da contratação, com a criação de uma área específica de "people and talent", que visa garantir o bem-estar e o desenvolvimento contínuo da equipa. "Nós temos muito cuidado com as nossas pessoas", afirma Alexandre Ruas, destacando o sucesso da empresa em manter um nível de turnover inferior a 15%.
A cultura organizacional da Claranet assenta em dois pilares fundamentais: escuta ativa e autonomia. "Temos de conseguir pegar numa cultura organizacional, tentar puxá-la para cima e fazer com que as pessoas se sintam bem, e depois temos de ter a responsabilidade de as preparar para as alinharmos com aquilo que é a visão estratégica da organização", defende Alexandre Ruas. A empresa fomenta um ambiente de experimentação e permissibilidade, permitindo que os colaboradores aprendam com os erros e superem os desafios.
De acordo com este responsável, a criação de uma área dedicada a Data and AI conta já com uma equipa de cerca de 40 profissionais, muitos dos quais com doutoramentos, e a empresa planeia expandir ainda mais esta área. "Na área da segurança, ‘idem’, portanto, lançámos há pouco mais tempo, por volta de quatro ou cinco anos, e também já temos uma equipa de cerca de 100 engenheiros", revela Alexandre Ruas, destacando a contínua evolução das necessidades da empresa em termos de perfil e competências.
Investir para inovar de forma descentralizada
Para Alexandre Ruas, a inovação é a base do sucesso e da evolução do negócio. "Nós não vamos existir se não inovarmos e se não olharmos para o futuro", afirma. A empresa tem uma área dedicada a inovar e garante que a inovação é descentralizada, atravessando toda a organização. "Criámos alguns programas de investimento, algumas rotinas, e olhamos para a inovação de um ponto de vista da responsabilidade social ou quase nacional", explica Ruas. Programas como o PNI, a colaboração com o ISEL e a parceria com a Unicorn Factory são exemplos da estratégia da Claranet para fomentar a inovação de forma inclusiva e colaborativa. "Tentamos estimular a inovação e traze-la para cima de uma mesa de discussão", conclui o COO.