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CTT reinventam cacifos como estações de self-service

Os cacifos CTT deixaram de ser apenas pontos de recolha de encomendas para se transformarem em estações completas de self-service. Com módulos que vão da impressão de etiquetas à compra de embalagens, esta inovação valeu à empresa um Prémio Nacional de Inovação.

02 de Setembro de 2025 às 14:00
Cacifos CTT são estações de self-service com impressão de etiquetas e compra de embalagens
Cacifos CTT são estações de self-service com impressão de etiquetas e compra de embalagens
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Foto em cima: Francisco Travassos refere que os cacifos inteligentes dos CTT evoluíram para uma solução integrada de self-service no retalho e na logística.

Começaram como simples equipamentos de recolha de encomendas e evoluíram para uma solução integrada e modular que responde às novas exigências da logística e do retalho digital. Hoje, os cacifos dos CTT funcionam como verdadeiras lojas automáticas, capazes de disponibilizar serviços de correio, expresso e encomendas, com funcionalidades adicionais que vão desde a impressão de etiquetas à compra de selos ou embalagens. Esta transformação valeu à empresa o reconhecimento no Prémio Nacional de Inovação, na categoria Negócio, subcategoria de Retalho e E-commerce.

Francisco Travassos, diretor de Produto Expresso e Logística dos CTT e CEO da Locky, explica que a decisão de desenvolver tecnologia própria foi determinante. “Os cacifos CTT foram desenvolvidos através de tecnologia própria, nomeadamente no desenho técnico do hardware e também no software. Tomámos esta decisão porque compreendemos, desde o início, que isso nos permitiria ter uma maior agilidade para adaptarmos uma solução de cacifos às diferentes necessidades.”

Notámos que muitos dos serviços prestados nas lojas CTT podiam ser feitos pelos clientes de forma autónoma, libertando o atendimento para questões mais complexas. Francisco Travassos, Diretor de Produto Expresso e Logística dos CTT e CEO da Locky

Segundo o responsável, a aposta assentou na perceção de que o conceito de self-service poderia ser ampliado. “Percebemos que o conceito de self-service, que traz conveniência aos nossos clientes, poderia ser estendido a outras funcionalidades típicas dos cacifos para encomendas. Começámos então a imaginar um equipamento mais completo, que integrasse várias funcionalidades.”

Conveniência e autonomia para os clientes

Um dos motores da inovação foi a identificação de necessidades claras por parte dos utilizadores. “Notámos que muitos dos serviços prestados nas lojas CTT podiam ser feitos pelos clientes de forma autónoma, libertando o atendimento para questões mais complexas”, afirma Francisco Travassos.

Os novos cacifos permitem enviar e receber correio e encomendas expresso, comprar selos, depositar cartas e pacotes, imprimir etiquetas, ter apartados e até aceder a vending machines com material de envio. O objetivo é claro, oferecer maior conveniência aos clientes, com horários alargados, ao mesmo tempo que os colaboradores dos CTT podem focar-se em situações de maior complexidade.

O verdadeiro desafio foi garantir que todas as funcionalidades tivessem uma experiência simples e coerente para o cliente. Francisco Travassos, Diretor de Produto Expresso e Logística dos CTT e CEO da Locky

O desenvolvimento dos módulos adicionais foi facilitado por um desenho modular, mas implicou um grande esforço de integração. “O verdadeiro desafio foi garantir que todas as funcionalidades tivessem uma experiência simples e coerente para todas as funções que podem ser usadas pelo cliente. Isso exigiu repensar todo o design, desde o hardware ao software, para garantir um uso intuitivo e eficiente.”

CTT reinventa cacifos Locky como estação self-service

A estratégia de evolução assentou em pilotos em locais estratégicos, ajustados a partir do feedback real dos clientes. As principais melhorias foram introduzidas ao nível do software, tornando os processos mais simples tanto para os utilizadores como para os distribuidores.

SafePlace: solução para entregas falhadas

Outro ponto decisivo, segundo a empresa, foi a introdução do conceito SafePlace, que permite ao cliente receber encomendas mesmo quando não está em casa. “Até agora, quando o cliente não estava em casa, as encomendas eram deixadas numa loja CTT para o ir levantar. Com o desenvolvimento dos lockers, com a nossa rede de pontos de entrega mais ampla e com horários mais alargados, conseguimos dar soluções mais convenientes aos clientes e é nessa linha que estamos a trabalhar”, explica Francisco Travassos.

Muitos clientes que não conheciam os cacifos passaram a usá-los e a selecioná-los diretamente nas compras futuras” Francisco Travassos, Diretor de Produto Expresso e Logística dos CTT e CEO da Locky

O feedback tem sido positivo e o impacto direto. “Se o cliente não está, podemos deixar num lugar conveniente, com horário alargado. Estamos a fazer o roll-out desta funcionalidade por todo o país e o feedback tem sido muito positivo. Muitos clientes que não conheciam os cacifos passaram a usá-los e a selecioná-los diretamente nas compras futuras.”

Um projeto transversal dentro dos CTT

O desenvolvimento desta solução exigiu uma forte coordenação entre diferentes áreas da empresa. “Este projeto envolveu diversas áreas dos CTT, cada uma com a sua valência, desde áreas mais técnicas de Engenharia & Manutenção, que têm todo o conhecimento em desenvolver a tecnologia, como a área de gestão de segmento, que tem a visão do cliente para os vários negócios dos CTT, além da área do negócio Expresso e Encomendas e da Locky, que tem uma enorme rede de cacifos.”


Segundo o CEO da Locky, a articulação destas equipas permitiu desenhar uma solução que serve as necessidades dos clientes com tecnologia desenvolvida em Portugal.

A aposta nos cacifos inteligentes não é isolada. Os equipamentos de self-service são uma tendência global, tanto no retalho como na logística. Mas os CTT procuraram diferenciar-se. “Com os cacifos CTT, conseguimos desenvolver uma solução mais abrangente do que a maioria, capaz de integrar vários serviços num único ponto”, sublinha Francisco Travassos. Essa abrangência, defende a empresa, faz dos lockers nacionais um caso de estudo internacional, ao integrar serviços de correio e encomendas numa só infraestrutura.

Métricas e eficiência

Para medir o impacto do projeto, a empresa acompanha indicadores de satisfação como o Net Promoter Score (NPS), a taxa de utilização repetida e o feedback direto dos clientes. Do ponto de vista da eficiência, monitoriza o número de encomendas entregues ou recolhidas por equipamento e a respetiva taxa de ocupação. Estes dados permitem ajustar continuamente a operação e otimizar a rede.

A expansão da rede continua em curso, com a instalação de mais equipamentos e a introdução de novas funcionalidades. Entre as novidades mais relevantes estão os cacifos a bateria e painel solar. “Já temos um protótipo desenvolvido que estamos a testar em ambiente real e contamos fazer os ajustes necessários até fim do ano para podermos produzir e instalar vários destes equipamentos no terreno”, revela Francisco Travassos.

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