Ricardo Mendes explicou que os drones são uma das áreas com maior inovação hoje em dia.
A Tekever é hoje uma empresa com cerca de mil pessoas, em rápido crescimento, e que vive da inovação. “É montada para isso e vive no palco mundial, compete no palco mundial, onde só conseguimos competir estando sempre um passo à frente”, sublinhou Ricardo Mendes, ao receber o Prémio Personalidade, da 3ª edição do Prémio Nacional de Inovação.
Lembrou que a Tekever nasceu no universo do software e da inteligência artificial, antes de se expandir para o mercado dos drones. A empresa é reconhecida, atualmente, como líder europeia na área dos sistemas autónomos sustentados por inteligência artificial. “O que fazemos são drones e sistemas desse tipo. É uma área que está em sempre em evolução. Os nossos produtos não são produtos estáticos, são produtos vivos, que estão constantemente a evoluir e essa é a nossa única proposta de venda”, referiu.
Segundo o CEO, os maiores desafios enfrentados atualmente não são apenas tecnológicos, mas sobretudo organizacionais. “Somos uma empresa que cresce a uma velocidade muito grande, portanto as barreiras que temos são em primeiro lugar organizacionais. Como é que conseguimos manter a velocidade de desenvolvimento e de produção quando já somos 1000 pessoas, quando formos 2000, quando formos 5000, quando formos 10000? São estruturas organizacionais diferentes, processos diferentes, e soluções diferentes”, reconheceu. Apesar de a tendência ser verticalizar a estrutura organizacional, o objetivo da empresa é manter-se horizontal, com uma decisão distribuída e um alinhamento transversal entre todos os colaboradores. Ricardo Mendes admitiu que nem mesmo a comissão executiva da empresa estava preparada para este salto de escala, apesar de ser composta maioritariamente por engenheiros, vários com formação em MBA.
Referiu ainda as conversas com empresas de Silicon Valley sobre a complexidade de gerir equipas que conjugam hardware, software e normas rigorosas nas áreas de segurança e defesa. “A Tekever trabalha em várias áreas, mas muito ligada aos nossos clientes, que costumam ser muito governamentais. São forças armadas, forças de segurança ou então grandes empresas. Não há propriamente uma resistência à adoção de tecnologia, na verdade há uma grande necessidade da evolução tecnológica.”
Ainda assim, identificou obstáculos fora da esfera empresarial. “Existem barreiras do ponto de vista regulamentar, para, por exemplo, podermos ter drones muito avançados a voar por cima das nossas cabeças. Não é possível. Portanto, é algo que está a avançar gradualmente, há áreas como a defesa onde se está a avançar mais depressa e há áreas onde se avança mais devagar.”
Ricardo Mendes frisou ainda o caráter exponencial da evolução tecnológica no setor. “Esta é provavelmente uma das áreas com maior avanço hoje em dia. Os drones são, no fundo, o trazer para o mundo físico a inteligência artificial. É o que nós fazemos. É extraordinariamente interessante viver nesta altura do mundo desse ponto de vista, porque a tecnologia está a avançar exponencialmente. Não lhe consigo dizer onde é que a tecnologia vai estar daqui a três anos, quanto mais em dez anos, mas seguramente estaremos cá a abraçar essa tecnologia.”