
Em 2024, o volume de negócios da BA Glass estagnou nos 1,5 mil milhões, os lucros e o EBITDA caíram, mas, em 2023, o mercado europeu de vidro para embalagens decresceu 12,5%, “o equivalente, para se ter uma ideia da dimensão, a uma BA inteira que desapareceu. E em 2024 e 2025, embora se observe uma tendência de recuperação, os volumes continuam significativamente abaixo dos níveis de 2022”, mostra Luís Mendes, Chief Financial Officer (CFO) da BA Glass.
Em resposta a estes “movimentos desta magnitude”, como diz Luís Mendes, a empresa fez as adaptações necessárias ao mercado e procurou melhorar a sua competitividade. Neste caminho, a BA Glass acabou por fechar a fábrica em Atenas, na Grécia, e suspender algumas linhas de produção por escassez de procura.
No final de 2024, o grupo dava emprego a tempo inteiro a 4.869 pessoas de 40 nacionalidades. Mais de 80% são homens e metade está na empresa há menos de uma década. Um em cada quatro (24%) trabalha em Portugal, sendo a Polónia (20%) o segundo país onde tem mais trabalhadores. Desde 2004, a BA Glass é controlada em partes iguais pelas famílias Silva Domingues e de Carlos Moreira da Silva e conta com 13 fábricas de vidro distribuídas por oito países e ainda cinco unidades de reciclagem em Portugal, Espanha, Reino Unido e México.
O ano de 2024 foi ainda marcado pelas aquisições feitas na Polónia, com a fábrica de Orzesze comprada ao grupo vidreiro Canpack Group, no México, um novo mercado noutro continente, e no Reino Unido, com um novo negócio, o vidro reciclado. “Estamos perante três desafios bastante distintos, mas com um ponto comum: todas as operações já se encontram integradas em termos de processos e sistemas. Esta uniformização é parte da nossa estratégia, que passa por um forte esforço inicial para que todos falemos a mesma linguagem, objetivo que foi alcançado nos primeiros três meses”, salientou Luís Mendes.
Benchmarking e digitalização
O México foi a primeira experiência fora da Europa, numa empresa com processos bastante diferentes dos da BA Europa, em que “os obstáculos não foram uma surpresa, pois já tinham sido identificados antes da aquisição”, assevera Luís Mendes. O México tem um mercado interno robusto e é uma oportunidade para entrar nos Estados Unidos.
“Os desafios culturais e operacionais continuam a ser significativos e temos procurado superá-los através de muita interação, viagens frequentes de equipas e muito suportados no nosso benchmarking interno, que é uma ferramenta extremamente poderosa, especialmente quando contamos com 14 fábricas, pois conseguimos identificar as melhores práticas e disseminá-las com eficácia”, explica Luís Mendes.
Uma das frentes de investimento da BA Glass é a transformação digital no shop floor e tem uma equipa de 20 pessoas dedicada exclusivamente à digitalização industrial. “Temos investido fortemente em iniciativas de robotização, sensorização, data collection e data analytics. A visão da nossa estratégia digital é o lights-out manufacturing, não uma fábrica sem pessoas, mas uma operação onde muitas das ações e decisões são tomadas de forma autónoma, sem intervenção humana, otimizando a segurança, a qualidade, a eficiência, o consumo de energia e as emissões de CO2”, afirma Luís Mendes.
Exemplifica que, na gestão energética, substituíram as decisões humanas por inteligência artificial baseada em dados e o potencial de utilização tem crescido exponencialmente. A nível corporativo, os processos de transformação digital ainda estão focados na eliminação de tarefas de baixo valor acrescentado e na melhoria contínua de processos. “Esperamos grandes evoluções da inteligência artificial generativa nos próximos anos, com impacto direto na eficiência e na forma como trabalhamos”, considera Luís Mendes.
Indicadores
Em 2024, a BA Glass foi a empresa vencedora na categoria de Grandes Empresas-Bens Transacionáveis dos Prémios Exportação & Internacionalização, organizada pelo novobanco e pelo Negócios, em parceria com a Iberinform.
Volume de negócios: 1,53 mil milhões de euros (2024)
N.º de trabalhadores: 4.869 (2024)