Numa conjuntura internacional marcada por desafios e incertezas económicas, o reconhecimento das empresas portuguesas que têm alcançado resultados sólidos nas exportações e na internacionalização das suas operações é um elemento essencial para incentivar o tecido empresarial nacional a continuar a inovar e a crescer. Estes são os vencedores da 15.ª edição dos Prémios Exportação & Internacionalização, uma iniciativa promovida pelo Novo Banco e pelo Negócios, em parceria com a Iberinform.
. Grandes empresas - Bens transaccionáveis
Vencedor: Fepsa
Líder tem 80% do mercado de chapéus de cowboy
A liderança mundial no setor de feltros para chapelaria de alta qualidade está nas mãos desta histórica empresa de São João da Madeira.
“A probabilidade de que um chapéu de cowboy seja feito em Portugal é superior a 80%”, destaca Ricardo Oliveira Figueiredo, presidente do Conselho de Administração, revelando a forte presença da empresa no mercado western. A Fepsa fornece marcas de alta costura europeias, que representam cerca de 20% das vendas, com posição dominante no mercado dos judeus ortodoxos, com mais de 60% de quota em Israel e os Estados Unidos. A empresa também marca presença significativa na Coreia do Sul, Japão, Austrália e mercado andino sul-americano. “Tudo isto é conseguido com equipas altamente competentes e dedicadas”, sublinha o gestor, projetando um plano de crescimento acentuado para os próximos anos com ganhos de quota de mercado e taxas de crescimento muito significativas.
Menção Honrosa: Bluepharma
Inovação e produção de terapias avançadas
A Bluepharma celebra um percurso de 25 anos marcado por forte capacidade inovativa, tendo evoluído da produção de genéricos convencionais para medicamentos de alta complexidade.
Paulo Barradas Rebelo, presidente da Bluepharma, explica que a empresa começou em 2001 com genéricos para farmácias e posteriormente avançou para medicamentos de alta potência nas áreas oncológicas e hospitalares. “Estamos, atualmente, em vias de inaugurar uma unidade de injetáveis complexos. São terapias avançadas e, portanto, estamos já a trabalhar com um nível de sofisticação muito grande”, afirma Paulo Barradas Rebelo. A internacionalização foi um pilar fundamental desde o início. “A exportação foi fundamental. A internacionalização foi um pilar desde o início do nosso projeto”, sublinha Paulo Barradas Rebelo, revelando que a empresa exporta 89,3% da produção para mais de 40 países nos cinco continentes. Em 2024 teve um volume de negócios de 81,9 milhões de euros e contou com 591 colaboradores.
Menção Honrosa: Intraplás
Segundo maior produtor mundial de lâmina láctea
A Intraplás dedica-se à produção de soluções de embalagem para a indústria alimentar, com especialização no setor de lacticínios.
A empresa produz lâmina láctea, segmento onde ocupa a segunda posição a nível global, além de copos e tampas termoformadas para produtos como iogurtes, queijos e sobremesas lácteas, revela Eduardo Faria, CEO da Intraplás. Com mais de 90% das vendas realizadas em mais de trinta mercados externos, a Intraplás tem presença no mercado europeu, norte-americano e em vários países africanos. “A exportação é o nosso ADN”, afirma Eduardo Faria, sublinhando o posicionamento da empresa como um player relevante no fornecimento de embalagens para aplicações sólidas da indústria de lacticínios. A empresa foi constituída em 1968, teve em 2024 uma faturação de 327 milhões de euros.
. Grandes Empresas Serviços
Vencedor: Critical Software
Software português em automóveis, satélites e bancos
A Critical Software nasceu em Coimbra em 1998 do sonho de alunos universitários que queriam fazer algo diferente.
A empresa “tem como propósito a construção de um mundo melhor e mais seguro”, através da tecnologia, impactando positivamente a vida de milhões de pessoas, explica Luís Monteiro, Division Director da Critical Software. O grupo desenvolve software para automóveis, satélites, bancos e comboios, entre outros segmentos, exportando principalmente para a Europa e os Estados Unidos. Com presença em três países e escritórios em Boston, Reino Unido, Alemanha e vários locais em Portugal, a Critical Software tem a exportação no seu ADN desde a fundação. “Fazer software que impacta o mundo, que transforma o mundo, que constrói o mundo. E isso é feito não só em Portugal, é feito de Portugal para o mundo todo”, resume Luís Monteiro. Teve um volume de negócios de 117,2 milhões de euros, está presente em 22 países e tem uma taxa de exportações de 75%.
. PME - Bens Transacionáveis
Vencedor: Alfarroxo
Casca de pinheiro portuguesa conquista 80 países
A Alfarroxo dedica-se à valorização de produtos florestais provenientes da atividade de serração, com especialização na casca de pinheiro.
Constituída em 1993, a empresa desenvolveu capacitações únicas na produção de substrato para todo o tipo de plantas, hortícolas, frutos, arbustos, plantas ornamentais e flores, salientou Rui Oliveira, diretor-geral da Alfarroxo. A exportação representa 96% da produção expedida para o exterior, totalizando cerca de 400 mil metros cúbicos de produto acabado anualmente. “O marco que nos fez alavancar a exportação é o tratamento, a higienização que as empresas, os operadores em Portugal desenvolvem para este produto”, revela Rui Oliveira. “Estas razões fazem com que seja um produto qualificado, e apreciado por todas as alfândegas, pelos serviços fitossanitários e pelos clientes de todo o mundo”, acrescenta, sublinhando a presença em aproximadamente 80 países. Em 2024 faturou 21,5 milhões de euros e teve um número médio de 34 colaboradores.
Menção Honrosa: Anglotex Confeções
Empresa exporta 100% da produção de vestuário
A Anglotex foi fundada há mais de 30 anos co-mo uma pequena empresa de sete pessoas que prestava serviços de confeção para fábricas maiores.
Marco Gomes, responsável comercial da Anglotex Confeções, conta que a empresa foi fundada pelos seus pais, em 1991, e começou por ser uma pequena empresa de sete pessoas que prestava serviços de confeção a feitio para fábricas maiores. Cresceu, tornando-se “uma empresa independente, exportadora, hoje em dia com duas fábricas e com mais de 200 pessoas na equipa”. A Anglotex produz vestuário de alta qualidade para grandes marcas de moda na Europa, Inglaterra e os Estados Unidos, com um leque alargado de produtos, que inclui roupa de bebé e criança, homem, senhora e, mais recentemente, sportswear e activewear. Em 2024 teve um volume de negócios de 36,4 milhões de euros e o crescimento permitiu criar um departamento comercial com 20 pessoas fluentes em inglês, francês e italiano. “Exportamos 100% da nossa produção”, afirma Marco Gomes, tendo como principais mercados França, Itália, Inglaterra e os Estados Unidos.
Menção Honrosa: Mário Cunha & Filhos
Uma marca para o private label 100%
Em cada nova estação, são desenvolvidos cerca de 200 designs exclusivos de sapatos, com diversidade de materiais e produtos para inspirar a criação de linhas próprias de cada uma das marcas.
Começou como um pequeno negócio familiar em 1985 e a aposta em tecnologias inovadoras permitiu à empresa conquistar maior flexibilidade e capacidade de resposta às necessidades dos clientes. Esta modernização possibilitou a produção de encomendas mais pequenas a preços competitivos, reduzindo os custos de desenvolvimento. A marca Sleek foi criada como uma solução moderna e prática para clientes interessados em private label. A cada nova estação, são desenvolvidos cerca de 200 designs exclusivos, com grande diversidade de materiais e produtos, numa coleção pensada para inspirar a criação de linhas próprias.
. PME Serviços
Vencedor: Luísa Rosas
Joalharia portuguesa exporta mais de 90%
A Luísa Rosas Unipessoal produz joias de A a Z, com design totalmente desenvolvido internamente nos escritórios em Portugal e produção nacional realizada em Guimarães.
Criada em 2009, a empresa produz tanto para o mercado português como para grandes marcas internacionais, com a alta joalharia a representar uma parte significativa da produção exportada. “Na empresa Luísa Rosas Unipessoal a exportação tem um peso muito grande, 98,3%”, afirma Luísa Rosas, diretora-geral e diretora-criativa. O mercado nacional, embora menos representativo, continua relevante. “É um mercado que gostamos sempre de cuidar e damos muita atenção. Até porque é um mercado bom para fazermos testes e para percebemos que produtos têm mais ou menos resposta da parte dos consumidores”, explica Luísa Rosas. A empresa pertence ao mesmo grupo da Zé Carlos e Filhos, concentrando toda a cadeia de valor da joalharia nas suas instalações.
. Multinacional
Vencedor: West Horse Powertrain Portugal Aveiro
Faturação aumenta 30% com motorizações híbridas
Surgiu em 1981 no âmbito do chamado projeto Renault, que tinha uma fábrica de automóvel em Setúbal e uma de motores em Cacia. Hoje faz motores para motorizações híbridas.
A fábrica Renault Cacia arrancou em 1981 e começou por ser uma fábrica de motores. Nos anos 2000 passou a ser uma fábrica de caixas de velocidades e iniciou uma nova era no início de 2024 com dois novos produtos para motorizações híbridas: motor elétrico e caixa eletrónica de potência. Raynald Joly, administrador-delegado da Horse Powertrain Aveiro, revela que “estes novos produtos, com mais valor acrescentado, permitiram que a nossa faturação anual aumentasse 30% em 2024”, situando-se nos 457,2 milhões de euros. Em 2025, com a integração vertical da produção de componentes, a empresa projeta novo crescimento de 30% e uma faturação superior a 550 milhões de euros. A produção é exportada, principalmente para Espanha e Marrocos. A estratégia passa por estabelecer consórcios e ecossistemas focados na inovação de produtos e processos industriais. Teve um número médio de 1149 trabalhadores.
Menção Honrosa: Coficab
95% das vendas de cabos para indústria automóvel
A Coficab - Companhia de Fios e Cabos dedica-se à produção de cabos para o setor automóvel, fornecendo construtores como Volkswagen, Mercedes e Audi.
A empresa iniciou atividade em Portugal em 1993 e possui atualmente duas unidades produtivas: uma focada em cabos de dados e sensor, e outra dedicada a cabos standard e de alta voltagem, explica Teresa Forte. A evolução da exportação foi notável. “Para termos uma ideia, no ano 2000, a exportação representava menos de 2%. Ou seja, houve uma evolução muito grande em termos de exportação”, destaca Teresa Forte. Esta transformação deveu-se à deslocalização dos clientes do setor automóvel para outros países. “A exportação é uma questão de sobrevivência para a empresa”, afirma Teresa Forte, sublinhando que atualmente a exportação representa 95% do total de vendas, fornecendo cerca de 34 países na Europa, norte de África e América do Norte. Tem um volume de negócios de 435,5 milhões de euros.
. Setor estratégico TIC, Tecnologias de Informação
Vencedor: Feerica
Tecnologia portuguesa lidera proteção de ATM em 40 países
A Feerica é uma empresa portuguesa com mais de 30 anos de existência que começou com um pequeno projeto de engenharia para integrar conceitos de segurança em caixas de abertura retardada.
A Feerica é uma empresa portuguesa de tecnologia especializada em soluções avançadas de segurança para bancos, ATM e empresas de transporte de valores. Foi fundada em 1982 para a produção de portas de acesso de segurança, máquinas de depósito e sistemas de segurança para instituições financeiras em Portugal. Com a introdução do euro em 2002, a Feerica foi escolhida pelos principais bancos e fornecedores de ATM portugueses para implementar uma solução inteligente para ataques a estas máquinas automáticas. Nuno Abrantes, executive board member da Feerica, explica que o crescimento permitiu oferecer “novas tecnologias ao mercado, e acabamos por assentar numa muito forte, a proteção de ATM e o transporte de dinheiro”. “Internacionalmente somos a empresa mais agressiva, mais forte e tecnologicamente mais avançada”, afirma Nuno Abrantes. Com cerca de 350 colaboradores, a empresa está presente em 30 a 40 países, com pilotos em 50 mercados. Em 2024 teve um volume de negócios de 47,6 milhões de euros e uma taxa de exportação de 78,7%.
Menção Honrosa: Asseco PST Portugal
Três décadas de software para setor financeiro
A Asseco PST desenvolve software para o setor financeiro há mais de três décadas, mantendo um percurso de inovação desde a fundação.
A empresa conta com mais de 600 colaboradores e iniciou operações em 1988 na Funchal, ilha da Madeira, destaca Daniel Araújo, presidente da Asseco PST (Portuguese Speaking Territories). Atualmente opera em mais de nove países, trabalhando com mais de 80 instituições financeiras e teve uma faturação, em 2024, de 49 milhões de euros. “O grande fator diferenciador tem sido a aposta contínua em investigação e desenvolvimento e na formação das pessoas, permitindo não somente modernizar as soluções existentes mas também acompanhar as tendências do setor”, explica Daniel Araújo. A internacionalização começou cedo, com o primeiro cliente internacional já em 1989, um ano após a fundação e hoje exporta 84%. Atualmente integra o grupo Asseco de origem polaca, especializado na criação de software e com presença em mais de 60 países.
. Prémio Revelação
Vencedor: Sysadvance - Sistemas de Engenharia
Empresa exporta 95% com geradores de nitrogénio e centrais de biogás
A vocação internacional está inscrita no ADN da empresa desde a sua fundação e hoje estão presentes em 87 países.
A Sysadvance opera em três divisões distintas: área industrial com geradores de nitrogénio, azoto e sistemas de separação de hélio; área medicinal com centrais de oxigénio, ar e vácuo medicinal; e área da energia com centrais de purificação de biogás biometano, equivalente a gás natural. Em 2024 teve um volume de negócios de 22,2 milhões de euros e um número médio de 87 colaboradores. A vocação internacional está inscrita no ADN da empresa desde a sua fundação e hoje estão presentes em 87 países. José Vale Machado, presidente do Grupo Sysadvance, revela que “a empresa hoje exporta cerca de 95% daquilo que produz, portanto, somos uma empresa fortemente exportadora. A empresa da Póvoa do Varzim foi fundada em 2002 como um spin off do laboratório universitário de investigação e desenvolvimento da Faculdade de Engenharia do Porto (FEUP), com mais de 40 anos de experiência em tecnologia de separação de gases.
. Prémio Internacionalização
Vencedor: EDP
A produtora de energia renovável que opera em quatro continentes
A EDP é uma das principais empresas globais do setor energético, com presença consolidada na Europa, América do Norte, América do Sul e Ásia-Pacífico.
A EDP tem uma estratégia muito orientada para a internacionalização, que permite à empresa operar mediante quatro plataformas integradas: geração renovável, redes, soluções para clientes e gestão global de energia, apoiadas por cerca de 13 mil colaboradores.
Com 29,6 GW de capacidade instalada em ativos eólicos, solares e hídricos, a EDP é um dos principais produtores de energia renovável do planeta.
Cerca de 90% da energia gerada pelo grupo provém de fontes renováveis, posicionando a empresa entre as utilities mais verdes e sustentáveis do mundo. Com o objetivo de atingir neutralidade carbónica até 2040, a EDP continua a investir na expansão da capacidade renovável e no desenvolvimento de soluções inovadoras como hibridização de fontes, armazenamento de energia e hidrogénio verde.
. Prémio Especial do Júri de 2025
Vencedor: Grupo DST
“Embrulhamos o conhecimento em produtos e serviços”
O Grupo DST atua em cinco áreas principais: construção, ambiente, renováveis, telecomunicações e imobiliário, tendo também uma vertente dedicada à inovação.
O grupo desenvolve produtos e serviços que abastecem constantemente a empresa e renovam o negócio. “São produtos e serviços em indústrias tradicionais, mas com uma ambição de construir uma história do futuro”, explicou José Teixeira, presidente da DST . A exportação já representa um volume significativo, correspondendo atualmente a 20% do volume de negócios, com potencial de crescimento. “Vendemos conhecimento, engenharia. Embrulhamos o conhecimento em produtos e serviços”, resume José Teixeira. O grupo direciona-se para mercados sofisticados como França, Mónaco, Bélgica, Reino Unido, Holanda, Estados Unidos e Dubai com os novos produtos que, entretanto, estão a criar. José Teixeira afirma que querem “perceber o que vai ser consumido no futuro e queremos antecipar-nos um pouco a esse futuro”. A primeira empresa que deu origem ao grupo foi constituída na década de 1940, teve um volume de negócios em 2024 de 613,3 milhões de euros, está presente em 8 países e tem um número médio de 3600 trabalhadores.
Júri dos Prémios Exportação e Internacionalização
Alberto Castro
Professor, Católica Porto Business School
Gonçalo Lobo Xavier
Diretor-Geral, Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição
Luís Palha da Silva
Presidente do Conselho de Administração e Administrador Delegado, Pharol, SGPS, SA