A cada ano que passa, a maior sala de conferências do Hotel Ritz, em Lisboa, parece pequena para tantos "campeões escondidos". A expressão é de Paulo Fernandes, presidente da Cofina, para descrever os vencedores dos Prémios Exportação e Internacionalização.
Nesta sexta edição da iniciativa conjunta do Negócios e do Novo Banco, foram vinte as empresas a levar o galardão para casa. Empresas jovens ou companhias consagradas e de perfil discreto, classifica Paulo Fernandes.
Economista
Todas elas perceberam o lema defendido pelo economista Alberto Castro: economias avançadas colocam os seus ovos em muitos cestos. Ao contrário do que aconteceu no passado e que travou um sucesso maior para o tecido empresarial português. "Pusemos muitos ovos em poucos cestos. E escolhemos os cestos errados", recorda. Angola ou Brasil são apenas dois exemplos.
Presidente do Conselho da Diáspora Portuguesa
Numa época em que a instabilidade se torna uma certeza na Europa e fora dela - com a eleição de Donald Trump para próximo presidente dos Estados Unidos da América como um dos exemplos mais flagrantes - é altura de parar? Não, antes pelo contrário. Novos tempos trazem novos desafios e oportunidades.
20
Vencedores
A sexta edição dos Prémios Exportação e Internacionalização distinguiu 20 empresas portuguesas pelas suas práticas além-fronteiras.
Filipe de Botton, presidente do Conselho da Diáspora portuguesa deixa a dica: internacionalizar mais, exportar menos. Estar directamente no terreno significa também estar menos exposto a medidas proteccionistas. "Hoje, os empresários têm uma competência que não é igual há 25 anos. A minha geração é medíocre. Temos dificuldade em sair da nossa zona de conforto", afirmou durante a cerimónia.
Presidente do Novo Banco
Sair da zona de conforto implica também ter apoio na hora do financiamento - missão que o Novo Banco diz querer continuar a levar avante. Para o presidente António Ramalho é "essencial" estar próximo das empresas que têm de "reestruturar e reorganizar a sua actividade".
Um exemplo: sem fundos de apoio em época de crise no sector do turismo, faltariam hoje "qualquer coisa como 10 mil camas" - o que deixaria o país fragilizado para responder à crescente procura que tem vindo a registar ao longo dos últimos anos.
Administrador do Novo Banco
"A gestão de um banco de empresas não é um mar de rosas", admitiu contudo o gestor. A vontade é de continuar a afirmar o Novo Banco como "o banco das empresas em Portugal. Porque as características do banco e a sua herança o colocam numa situação única", considerou, evocando a reestruturação do Banco Espírito Santo e a "resistência" da instituição bancária que lidera.
Para Vítor Fernandes, o actual cenário de financiamento bancário às empresas portuguesas "está muito tranquilo". O administrador do Novo Banco acredita que o "drama do financiamento em Portugal" não está nas boas empresas mas sim naquelas que "com a crise, não se reestruturam".
Ministro da Economia
"Pergunto-me como é que um país, com tantas boas empresas, não consegue crescer. Temos muitas empresas pequenas. Temos de ter empresas de maior dimensão", defendeu ainda perante a composição do tecido empresarial luso.
A certeza é de que a maioria das companhias quer chegar mais longe, além-fronteiras. Prova disso são as mais de 1.600 candidaturas aos Prémios Exportação e Internacionalização ao longo dos últimos seis anos. "Sabemos que não é inócuo este nosso desejo de premiar a exportação e a internacionalização", posicionou António Ramalho. Tanto que já se trabalha para escolher os "campeões escondidos" do próximo ano.