Nascido a 2 de abril de 1926 em Vilar de Andorinho, numa família humilde com nove filhos, começou a trabalhar na construção civil aos dez anos, terminada a quarta classe. Um ano depois, entrou como pintor numa oficina de reparação automóvel no Porto, o que marcaria a sua vida. Em 1946, com apenas 20 anos, juntou-se ao irmão Alfredo, carpinteiro, e a Joaquim Domingos Martins, bate-chapa, para fundar a Martins, Caetano & Irmão, com um capital de 30 contos.
A pequena oficina de reparação de autocarros rapidamente se especializou em carroçarias. Aos 28 anos, Salvador Caetano tornou-se o único acionista da empresa. Em 1961, assinou um acordo com a inglesa MCW-Metro Cammel Wey-mann. Em 1966, entrou em funcionamento a unidade fabril de Oliveira do Douro, com 15 mil metros quadrados, destinada ao fabrico de carroçarias e componentes automóveis. No ano seguinte, exportou os primeiros autocarros para Inglaterra.
A grande mudança viria quando a Francisco Baptista Russo & Irmão, que representava a BMW em Portugal, negociou a distribuição da Toyota, mas a marca alemã viria a opor-se. Salvador Caetano soube e ganhou a representação, mas o negócio era arriscado, porque as marcas japonesas eram desconhecidas. Mas Salvador Caetano tinha visão e segurança para avançar. Foi quando nasceu o slogan criado por Artur Agostinho: “a Toyota veio para ficar”. E ficou mesmo.
Em 1971, inaugurou uma fábrica em Ovar com capacidade para 50 unidades diárias de produção. Em termos comerciais, a estratégia foi agressiva e, em quatro anos, criou uma rede de 24 concessionários. Em 1972, a Toyota entrou no capital da Salvador Caetano com 27%, dando origem à atual Toyota Caetano.
O legado de self made man
O ano de 1974 começou em glória com 11.372 automóveis vendidos. A revolução de abril trouxe conflitualidade social, económica e financeira. A empresa esteve ameaçada de nacionalização, a produtividade caiu e as vendas desmoronaram. Salvador Caetano teve de renegociar com a banca e mudar de estratégia, reconvertendo a fábrica de Ovar para veículos comerciais em 1979.
A década de 80 trouxe novas conquistas. Em 1983, a Baviera conseguiu a representação da BMW e da MAN. Salvador Caetano diversificou para o setor financeiro, participando no BPI, BCP e várias sociedades de capital de risco. No final dos anos 1980, Salvador Caetano afastou-se da gestão quotidiana.
Em 1990, o Grupo expandiu a distribuição de automóveis para mercados externos com a aquisição da Robert Hudson, distribuidora da Ford em Angola, seguida de Cabo Verde e.
Em fevereiro de 2010, o grupo foi partilhado pelos filhos. Maria Angelina Caetano Ramos e Salvador Acácio Caetano ficaram com a holding que detinha a Toyota Caetano Portugal e a Baviera, entre outros ativos industriais e de distribuição automóvel. Ana Maria Caetano criou o grupo Parinama, que ficou com a Caetano Coatings.
Salvador Caetano faleceu a 27 de junho de 2011, aos 85 anos, deixando mais de 150 empresas com quase 7 mil colaboradores. Em junho de 2022, o filho do fundador e administrador do grupo, Salvador Acácio Caetano, faleceu aos 66 anos. Foi substituído pela viúva, Maria Manuela Pinto Oliveira Caetano, na administração da holding, onde estão Maria Angelina, o marido, José Silva Ramos, e os quatro membros da terceira geração: Miguel Caetano Ramos e Salvador Oliveira Caetano, ambos engenheiros, Manuel Oliveira Caetano e João Caetano Ramos.