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O legado de Salvador Caetano

O grupo fundado por Salvador Caetano, que está perto de atingir os 80 anos, já tem os quatro membros da terceira geração na gestão dos negócios.

04 de Novembro de 2025 às 14:30
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Nascido a 2 de abril de 1926 em Vilar de Andorinho, numa família humilde com nove filhos, começou a trabalhar na construção civil aos dez anos, terminada a quarta classe. Um ano depois, entrou como pintor numa oficina de reparação automóvel no Porto, o que marcaria a sua vida. Em 1946, com apenas 20 anos, juntou-se ao irmão Alfredo, carpinteiro, e a Joaquim Domingos Martins, bate-chapa, para fundar a Martins, Caetano & Irmão, com um capital de 30 contos.

A pequena oficina de reparação de autocarros rapidamente se especializou em carroçarias. Aos 28 anos, Salvador Caetano tornou-se o único acionista da empresa. Em 1961, assinou um acordo com a inglesa MCW-Metro Cammel Wey-mann. Em 1966, entrou em funcionamento a unidade fabril de Oliveira do Douro, com 15 mil metros quadrados, destinada ao fabrico de carroçarias e componentes automóveis. No ano seguinte, exportou os primeiros autocarros para Inglaterra.

A grande mudança viria quando a Francisco Baptista Russo & Irmão, que representava a BMW em Portugal, negociou a distribuição da Toyota, mas a marca alemã viria a opor-se. Salvador Caetano soube e ganhou a representação, mas o negócio era arriscado, porque as marcas japonesas eram desconhecidas. Mas Salvador Caetano tinha visão e segurança para avançar. Foi quando nasceu o slogan criado por Artur Agostinho: “a Toyota veio para ficar”. E ficou mesmo.

Em 1971, inaugurou uma fábrica em Ovar com capacidade para 50 unidades diárias de produção. Em termos comerciais, a estratégia foi agressiva e, em quatro anos, criou uma rede de 24 concessionários. Em 1972, a Toyota entrou no capital da Salvador Caetano com 27%, dando origem à atual Toyota Caetano.

O legado de self made man

O ano de 1974 começou em glória com 11.372 automóveis vendidos. A revolução de abril trouxe conflitualidade social, económica e financeira. A empresa esteve ameaçada de nacionalização, a produtividade caiu e as vendas desmoronaram. Salvador Caetano teve de renegociar com a banca e mudar de estratégia, reconvertendo a fábrica de Ovar para veículos comerciais em 1979.

A década de 80 trouxe novas conquistas. Em 1983, a Baviera conseguiu a representação da BMW e da MAN. Salvador Caetano diversificou para o setor financeiro, participando no BPI, BCP e várias sociedades de capital de risco. No final dos anos 1980, Salvador Caetano afastou-se da gestão quotidiana.

Em 1990, o Grupo expandiu a distribuição de automóveis para mercados externos com a aquisição da Robert Hudson, distribuidora da Ford em Angola, seguida de Cabo Verde e.

Em fevereiro de 2010, o grupo foi partilhado pelos filhos. Maria Angelina Caetano Ramos e Salvador Acácio Caetano ficaram com a holding que detinha a Toyota Caetano Portugal e a Baviera, entre outros ativos industriais e de distribuição automóvel. Ana Maria Caetano criou o grupo Parinama, que ficou com a Caetano Coatings.

Salvador Caetano faleceu a 27 de junho de 2011, aos 85 anos, deixando mais de 150 empresas com quase 7 mil colaboradores. Em junho de 2022, o filho do fundador e administrador do grupo, Salvador Acácio Caetano, faleceu aos 66 anos. Foi substituído pela viúva, Maria Manuela Pinto Oliveira Caetano, na administração da holding, onde estão Maria Angelina, o marido, José Silva Ramos, e os quatro membros da terceira geração: Miguel Caetano Ramos e Salvador Oliveira Caetano, ambos engenheiros, Manuel Oliveira Caetano e João Caetano Ramos.

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