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Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Um motor eficaz de modernização internacional

“Quando as empresas estão expostas à concorrência internacional, têm que fazer pela vida. Não há margem para ineficiências e aprendem também com os melhores”, refere Alberto Castro.

12 de Novembro de 2025 às 14:30
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“As empresas expostas ao mercado internacional tendem a ser mais bem geridas e consequentemente também a terem melhor desempenho do que as empresas que estão muito centradas nos mercados domésticos”, afirma Alberto Castro, professor da Católica Porto Business School e membro do júri dos Prémios Exportação & Internacionalização, uma iniciativa organizada pelo Novo Banco e pelo Jornal de Negócios, em parceria com a Iberinform, explicando que o desempenho das empresas portuguesas exportadoras espelha a sua exposição ao mundo.

É uma observação suportada por anos de análise e por dados do Banco de Portugal, que têm vindo a confirmar essa tendência. Segundo Alberto Castro, “quando as empresas estão expostas à concorrência internacional, têm que fazer pela vida. Não há margem para ineficiências e aprendem também com os melhores”, através, por exemplo, do contacto com cadeias de valor globais, o que cria um ciclo virtuoso de aprendizagem e exigência.

“Tanto os fornecedores, como os compradores impõem padrões que a empresa, se não os tiver, não entra no clube de fornecedores, no caso, por exemplo, de um grande fabricante de automóvel”. Esta disciplina de mercado é um dos motores mais eficazes de modernização empresarial.

As empresas premiadas

Ao observar as empresas que se destacam nas edições dos prémios, Alberto Castro identifica três grupos distintos. O primeiro é composto pelas grandes empresas, cuja elite “é relativamente estável enquanto grupo”, com ligeiras variações ano após ano. O segundo grupo é o das pequenas e médias, onde “a volatilidade é muito maior, há muitos novos protagonistas a aparecer”, o que considera “um bom sinal de renovação e de dinamismo”.

O terceiro grupo é o das empresas revelação, talvez o mais inspirador. “Temos tido um entendimento mais abrangente do que é entendido por revelação”, explica. “Não são apenas empresas que apareceram de repente, mas também aquelas que, por qualquer razão, se distinguiram, que ‘da lei da morte se libertaram’, como diria Camões”.

Na sua opinião, estas histórias merecem ser contadas. “Quando é possível divulgar um exemplo destes e mostrar que há casos de empresas que fazem este percurso e que isso se repercutiu, é também uma maneira de dizer a essas empresas, como diria o Obama, ‘yes you can’”. É uma forma de vencer o ceticismo e o medo que ainda caracterizam parte do tecido empresarial, porque “os empresários, os gestores são céticos, temerosos e pessimistas”, admite. “É importante mostrar exemplos concretos de sucesso”.

Alberto Castro lembrou que “a pior área na qualidade da gestão das empresas portuguesas é a área dos recursos humanos”, como mostram vários estudos, o que representa uma fragilidade crítica para a retenção de talento. As novas gerações valorizam empresas que propõem “um projeto de vida profissional relevante e considera que o júri deve reconhecer e premiar esses exemplos”.

Explica que “a lógica tem sido também de olhar para empresas que possam ser exemplos - pequenas, médias ou grandes - que representam boas práticas, visão de futuro, inovação e capacidade de competir nos mercados internacionais”, disse Alberto Castro. “É importante que estas histórias de sucesso passem, que sirvam de inspiração e que ajudem a construir um tecido empresarial mais aberto, mais profissional e mais confiante no seu próprio valor”, concluiu Alberto Castro.

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