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Maria de Belém: “Os sistemas de saúde estão sob o efeito de uma tenaz”

A nova presidente do júri, Maria de Belém Roseira, defende que a pandemia,a inflação, os preços da energia, e a guerra, que ameaça o crescimento económico, vão exigir mais criatividade aos sistemas de saúde.

17 de Maio de 2022 às 15:00
Mariline Alves
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"Encaro a presidência do júri do Prémio Saúde Sustentável como mais uma tarefa que é responsabilizante e, ao mesmo tempo, uma responsabilidade", afirmou Maria de Belém Roseira que nesta 11.ª edição substituiu Jorge Sampaio, falecido a 10 de setembro de 2021, como presidente honorária do prémio. "Conheço o prémio desde o seu início e uma das suas principais características é a de se ir ajustando às contingências e aos diferentes acontecimentos que se sucedem com muita rapidez. Cada ano exige um ajustamento, uma adaptação e uma abertura criativa para resolver os problemas a que estamos confrontados", salientou Maria de Belém.

Licenciou-se em 1972 pela Faculdade de Direito de Coimbra, mas desde o início da sua carreira, tanto profissional como política, em que foi deputada, ministra, entre outras funções, que esteve ligada aos assuntos sociais e à saúde. Na sua análise ao contexto atual para as instituições de saúde, a ex-governante sublinha que aos efeitos de dois anos de pandemia com o seu cotejo de doença e de confinamentos se juntam os efeitos dos preços na energia, da inflação e uma guerra na Europa que pode refrear o crescimento económico. "Os sistemas de saúde estão sob o efeito de uma tenaz que pode colocar problemas ao seu financiamento porque uma economia sem crescimento não pode assegurar um maior financiamento da saúde", alerta.

Esperança no futuro

Na sua opinião, a saúde tem de ter a maior criatividade possível para cumprir a sua missão, que passa pela redução da carga de doença através da prevenção, pela articulação de cuidados que coloquem as pessoas no centro, e por mostrar ganhos em saúde e bem-estar, "para que as pessoas consigam manter uma chama de esperança no futuro".

Quanto às expectativas em relação ao número de participantes, a ex-ministra considera que em 2021 as equipas das instituições de saúde estavam com uma sobrecarga de trabalho com mais uma vaga da pandemia. Este ano, a incidência da doença está a aumentar mesmo que os seus efeitos não sejam tão violentos por causa do programa de vacinação e, refere Maria de Belém Roseira, a pandemia mantém-se porque a OMS ainda não declarou a sua extinção.

Para a nova presidente do júri, "o Prémio Saúde Sustentável é uma oportunidade para pôr projetos em evidência e tecer laços com outras entidades e para outras formas de abordar os cuidados de saúde e obter ganhos em saúde".

Cinco categorias e um prémio especial

Candidaturas abertas até 29 de junho. Este ano existe uma nova categoria, inovação em saúde.

| Cuidados de Saúde Centrados no Cidadão

Projetos centrados na democratização da saúde, promovendo o envolvimento e a participação informada do cidadão ao longo do seu ciclo de vida. São privilegiadas as iniciativas com impacto na promoção da literacia em saúde, na acessibilidade e comunicabilidade entre os serviços de saúde e o cidadão e na satisfação e experiência do cidadão.

| Inovação em Saúde

Projetos que se distingam pela capacidade de implementação de ideias inovadoras e disruptivas para a resolução de problemas no meio em que se enquadram e na sociedade em geral, contribuindo para a geração de valor na saúde.

| Integração de Cuidados

Iniciativas que contribuam para a coordenação entre cuidados prestados a diferentes níveis, bem como para uma melhor gestão da continuidade de prestação de cuidados. Serão distinguidos projetos que contribuam para uma maior integração de informação entre instituições, integração entre serviços e orientação aos resultados, prevenindo a prestação de cuidados inadequados.

| Promoção da Saúde e Prevenção da Doença

Projetos centrados na sensibilização sobre a importância dos cuidados de saúde e na dinamização/adoção de medidas preventivas com impacto na melhoria da qualidade de vida de doentes crónicos e na prevenção de doenças.

| Transformação Digital

Projetos com foco na melhoria da eficiência e eficácia do trabalho dos profissionais de saúde, melhoria dos outcomes de saúde dos cidadãos, ou otimização de custos através da introdução de tecnologias e experiências digitais.

| Prémio Personalidade Saúde Sustentável

O júri identifica e premeia a personalidade com maior destaque e relevo na promoção de práticas sustentáveis na área da saúde. Distinção não sujeita a candidatura.

Além dos prémios nas cinco categorias podem também ser atribuídas menções honrosas a projetos que se destaquem pela sua excelência, apesar de não terem vencido a categoria a que se candidataram.

O Júri

Maria de Belém Roseira é a nova presidente e Ema Paulino e Hélder Mota Filipe estreiam-se como membros.

Presidente honorária: Maria de Belém Roseira, ex-ministra da Saúde

Diana Ramos, diretora, Jornal de Negócios

Francisco Del Val, diretor-geral, Sanofi Portugal

Adalberto Campos Fernandes, ex-ministro da Saúde

Alexandre Lourenço, presidente, APAH

António Couto dos Santos, ex-ministro da Educação

Céu Mateus, presidente, Associação Portuguesa de Economia da Saúde

Ema Paulino, presidente, Associação Nacional das Farmácias

Eurico Castro Alves, presidente, Comissão Organizadora da Convenção Nacional de Saúde

Francisco Ramos, professor associado convidado, Escola Nacional de Saúde Pública

Heitor Costa, diretor executivo, Apifarma

Hélder Mota Filipe, bastonário, Ordem dos Farmacêuticos

José Luís Biscaia, médico de família, diretor executivo AceS BM

José Mendes Ribeiro, economista, ISEG

Manuel de Lemos, presidente, União das Misericórdias Portuguesas

Maria Antónia Almeida Santos, deputada, Assembleia da República

Maria do Céu Machado, professora, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

Miguel Guimarães, bastonário, Ordem dos Médicos

Ricardo Baptista Leite, médico, deputado da Assembleia da Repúbica.

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