Para as instalações da unidade de cuidados continuados da Marinha Grande foram escolhidas cores vivas. "Quisemos pouco branco e pouco cinz-ento, para não parecer nem um lar nem um hospital. Queremos que os utentes se sintam em casa", explica Joaquim João Pereira, provedor da Santa Casa da Misericórdia da Marinha Grande.
"Elas aqui são umas santas, são uns anjos na Terra". Há cerca de dois meses que Felicidade Olívia se desloca todos os dias à Santa Casa da Misericórdia da Marinha Grande para visitar a mãe. Joaquina é uma das 30 utentes que está internada nesta unidade de cuidados continuados, criada em Janeiro de 2011. Cores vivas, instalações modernas e boa disposição quase fazem esquecer que a grande maioria desta "família" tem problemas de saúde.
O dia começa cedo na unidade de cuidados continuados da Santa Casa da Misericórdia da Marinha Grande. Por volta das 7 horas, os utentes com diabetes são os primeiros a receberem os cuidados das enfermeiras. Pouco tempo depois, os outros doentes são acordados e ajudados na sua higiene diária. Às 9 horas já todos estão no refeitório para a primeira refeição do dia. Uma hora depois estão no salão principal onde uma animadora sócio-cultural tem a missão de fazer o tempo passar mais depressa. À tarde, esta função cabe à técnica de reabilitação psico-motora.
Elisabete Fernandes é a fisioterapeuta da "casa" desde o início. "Todos os utentes fazem fisioterapia, ainda que com objectivos distintos", conta. A finalidade de uma unidade de longa duração como esta é ajudar os doentes na jornada que lhes permitirá no espaço de alguns meses serem reintegrados nas suas casas. 90 dias é o período máximo de internação, um prazo que pode ser prolongado se as condições clínicas o determinarem. Neste momento, alguns utentes estão internados há mais de um ano.
Elisabete aproveita as primeiras actividades da higiene diária para desenvolver exercícios de fisioterapia. Durante a manhã são feitos treinos de marcha e alguns utentes têm à sua disposição um ginásio onde podem fazer exercícios para "melhorar as suas capacidades motoras ou, pelo menos, manter aquelas que já têm". No final do dia, "privilégio os doentes que estão na cama e não se podem deslocar ao ginásio", conta. O trabalho é diário mas, por vezes, os resultados demoram a chegar. Os pequenos progressos ajudam a não desistir. "Precisamente hoje o senhor Manuel, que sofreu um AVC há um mês, deu os primeiros passos com um andarilho de duas rodas", conta Elisabete.
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31 A unidade de cuidados continuados da Santa Casa da Marinha Grande tem capacidade para 31 utentes. Dispõe de 18 quartos duplos ou individuais. |
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A unidade de cuidados continuados da Santa Casa da Marinha Grande tem capacidade para 31 utentes. Dispõe de 18 quartos duplos ou individuais.
Os 18 quartos têm capacidade para 31 pessoas. Desde sexta-feira, depois do regresso de uma doente a casa, são apenas 30. Mas por pouco tempo. "Todos os dias consultamos a rede de cuidados continuados, uma plataforma onde o Sistema Nacional de Saúde insere os doentes que tenham necessidade destes cuidados e a lista de espera é grande", adianta Ana Mendes, responsável pela manutenção desta unidade na Marinha Grande.
Apoio moral é essencial
O que distingue os serviços que aqui são prestados? "A individualidade da intervenção. Quando estou com um doente, estou com ele e só com ele", considera Elisabete Fernandes. Mas não só de assistência aos doentes se faz o dia-a-dia nesta. As famílias também recebem cuidados. "As famílias sabem que estão à vontade para fazerem perguntas, para fazerem parte", conta Ana Mendes.
Os doentes são acompanhados por uma psicóloga que está também à disposição das famílias. Já depois da alta a relação mantém-se. Numa primeira fase, é feita uma visita ao lar para determinar se dispõe das condições de que o doente precisa e para avaliação da necessidade de ajudas técnicas. Ao mesmo tempo, é disponibilizado ensino ao familiar cuidador para que preste ao doente os cuidados necessários.
Mas o aspecto mais elogiado por doentes, familiares e trabalhadores é a qualidade dos recursos humanos. "Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar", pode ler-se na sala de enfermagem. A confirmá-lo estão as formações que todos os meses são dadas aos funcionários sobre os mais variados temas. "Temos provavelmente o pessoal mais habilitado da zona centro. Na limpeza, temos duas pessoas com o 12.º ano, todos os demais colaboradores são licenciados", sublinha João Pereira.
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Joaquina Pinho está internada há dois meses na unidade de cuidados continuados da Marinha Grande. Nesta unidade, os utentes ficam internados por um período máximo de 90 dias que pode ser prolongado se as suas condições clínicas assim o determinarem. O principal objectivo do tratamento é permitir que os doentes regressem aos seus lares. |
Joaquina Pinho está internada há dois meses na unidade de cuidados continuados da Marinha Grande. Nesta unidade, os utentes ficam internados por um período máximo de 90 dias que pode ser prolongado se as suas condições clínicas assim o determinarem.
O principal objectivo do tratamento é permitir que os doentes regressem aos seus lares.
O provedor da Santa Casa da Misericórdia acredita que a qualificação dos colaboradores "significa também que estão mais receptivos a perceber que o que estas pessoas precisam é de tratar da saúde física e da moral. Precisam do penso mas também precisam de ouvir uma palavrinha". "Somos uma equipa jovem, criativa que põe ideias em cima da mesa e que aposta aquilo que tem para poder fazer melhor com menos", acrescenta Ana Amaral, enfermeira-coordenadora da unidade.
A maior qualificação dos colaboradores significa também que estão mais receptivos a perceber que o que estas pessoas precisam é de tratar da saúde física e da moral. Precisam do penso mas também precisam de ouvir uma palavrinha.
Joaquim João Pereira, Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Marinha Grande
Somos uma equipa jovem, criativa que põe ideias em cima da mesa e que aposta aquilo que tem para poder fazer melhor com menos.
Ana Amaral, Enfermeira-coordenadora da unidade de cuidados continuados da Marinha Grande
As famílias sabem que estão à vontade para fazerem perguntas, para fazerem parte.
Ana Mendes, Responsável pela manutenção da unidade de cuidados continuados da Marinha Grande
Elas aqui são umas santas, são uns anjos na Terra.
Felicidade Olívia, Filha de uma das utentes internadas na unidade de cuidados continuados da Marinha Grande
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Caso de inovação
Energia geotérmica
Poupança sem poluição
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A figura
Joaquim João Pereira
Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Marinha Grande