As estatísticas são como o professor Pardal
As estatísticas são como aquele algodão publicitário: não enganam, mas apenas revelam uma parte da verdade. A estatísticas, neste caso do INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), sugerem que a criatividade nacional está em crescendo. A conclusão é atestada pelo facto do INPI ter recebido, em 2009, 723 pedidos de registo de invenções, um crescimento de 40,7% face a 2008. O INPI descrimina ainda que 25% foram apresentados por universidades, 28% por empresas, 44% por inventores individuais, e apenas 3% tem origem em Instituições de Investigação.
Conclui-se, pois, que o professor Pardal encontraria em Portugal excelentes colegas inventores e um ambiente favorável ao desenvolvimento da sua criatividade.
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A esta história quantitativa falta-lhe, contudo, uma narrativa qualitativa. Não se sabe, ao longo dos anos, quantas destas invenções foram aplicadas e com que resultados, nem se faz o rastreio daquelas que vão sendo criadas e das suas potencialidades de êxito comercial.
Existem razões para mostrar satisfação com estes resultados. Mas falta a fase seguinte: detectar as boas ideias, apoiá-las e dar-lhes uma utilidade prática. Tal como os fenícios fizeram quando inventaram a fabricação de peças em vidro usando moldagem por sopro, abrindo caminho para a produção em série.
E para isso é necessário que entrem em cena instituições públicas e privadas que façam a ponte entre as duas realidades e materializem as invenções.
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Por agora, o que estas estatísticas contam é apenas uma história aos quadradinhos onde proliferamos professores Pardal.
Figuras simpáticas, estranhas e até divertidas, mas cuja actividade criativa é inconsequente.
É isso que se quer?
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