Luísa Bessa lbessa@mediafin.pt 04 de Março de 2004 às 13:06

O Dínamo já valeu a pena

Os investimentos realizados no têxtil, vestuário e calçado “não poderiam ter permitido ir mais além”?

Como alguma gente vai dizendo pelas esquinas, também não sei muito bem o que é o Dínamo, o programa que o ministro da Economia lançou para promover o desenvolvimento da indústria têxtil, do vestuário e calçado.

É verdade que o Dínamo não traz dinheiro fresco para a indústria nem representa um envelope específico de apoios ao sector e é dessa forma prosaica que costuma avaliar-se a importância das iniciativas.

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Mas uma coisa eu sei. É que já resulta do labor da sua equipa, coordenada por Manuel Carlos Silva, a iniciativa inédita e histórica de promover a discussão civilizada entre associações empresariais e sindicatos sobre os constrangimentos à competitividade de uma indústria que representa 6% do emprego e um quarto das exportações nacionais.

Na assinatura do “memorando de entendimento” entre três associações dos têxteis e do calçado e os sindicatos as ideias-chave foram competitividade, flexibilidade, redução do absentismo, promoção de uma imagem de qualidade e inovação no sector e de uma produção ética.

Não é fácil avaliar as possibilidades práticas de êxito do “memorando de entendimento”. Mas o simples facto de ele ter sido assinado e de a discussão poder prosseguir entre empresários e dirigentes sindicais da CGTP e UGT já parece um feito digno de relevo e que deve servir de exemplo a muito boa gente.

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Mesmo que fosse só por isso o Dínamo já teria valido a pena. A indústria, naturalmente, reclama outros apoios. Mas se há coisa que não faltou nos últimos anos foi dinheiro.

Entre os diversos quadros comunitários de apoio e os programas específicos como o Retex e o IMIT, têxtil, vestuário e calçado viram aprovados, nos últimos 15 anos, incentivos da ordem dos 1400 milhões de euros, dos quais 1200 milhões se concentraram nos dois primeiros.

Estes incentivos promoveram um investimento global de cinco milhões – para ver as coisas em perspectiva convém dizer estes montantes representaram 22% dos apoios à indústria no mesmo período.

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O preâmbulo do Dínamo põe o dedo na ferida ao questionar se os investimentos realizados “não poderiam ter permitido irmais além”. Talvez por isso, o novo programa não tem envelope financeiro: não há dinheiro garantido, a qualidade dos projecto é que determinará o apoio.

Como princípio é o mais correcto. Corre-se é o risco de o rigor da avaliação poder comprometer as taxas de execução.

O Dínamo teve ainda um outro mérito. O de trazer à regiãoNorte, onde se concentra esta indústria, a maior comitiva ministerial de que há memória desde os tempos em que Mira Amaral era ministro da Indústria de Cavaco Silva.

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E ter trazido para o primeiro plano da informação as empresas que continuam a investir e não apenas as que fecham as portas.

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