Os (outros) desafios da reabilitação
Mas, será suficiente para fazer regressar a Portugal os milhares de profissionais qualificados que abandonaram o país em busca de melhores condições de trabalho? Poderá o investimento crescente em projetos de reabilitação urbana, ou até mesmo a aposta no turismo, devolver a confiança a quem há tantos anos partiu e que se encontra numa situação profissional estável lá fora?
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A crescente dificuldade em encontrar recursos humanos qualificados será efetivamente um dos grandes desafios que as empresas de construção enfrentam, e que interfere diretamente com a promoção imobiliária, especialmente quando nos propomos desenvolver um projeto de reabilitação urbana. Pela sua complexidade, minúcia ou recurso a novos produtos e materiais, reveste-se de uma complexidade técnica que exige conhecimentos especializados acrescidos e, necessariamente, diferentes dos exigidos numa construção de raiz.
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Dados do Sindicato dos Trabalhadores da Construção revelam que há oito anos o setor empregava 900 mil profissionais e que hoje são apenas metade. A emigração para países como Alemanha, França ou Holanda, onde pela mesma função recebem até quatro vezes mais, torna o regresso a Portugal pouco convidativo.
Há três ou quatro anos, quando se começou a falar verdadeiramente em reabilitação urbana, eram outros os desafios que os promotores imobiliários enfrentavam – processos de licenciamento complexos, condicionantes próprias dos edifícios e das zonas históricas, falta de espaço para zonas de estaleiro ou a aplicação de regulamentos recentes a edifícios do século passado ou anteriores. Estes desafios mantêm-se, mas o mercado conseguiu ultrapassá-los, com a implementação de melhores práticas. A falta de mão de obra qualificada interfere diretamente com a qualidade do produto final, e é algo que não se pode esconder ou resolver com uma melhor gestão ou um melhor planeamento.
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Funcionários qualificados geram produtos diferenciadores e um projeto de reabilitação bem-sucedido depende da perícia e conhecimentos de cada um dos trabalhadores. Esta condicionante é generalizada a toda a Europa, e um dos caminhos seguidos por outros países passou pela inovação e implementação de soluções técnicas alternativas. Este será, a nosso ver, o novo desafio que é colocado aos promotores, aos arquitetos, aos projetistas e às empresas de construção civil.
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Diretor-geral da AVENUE
Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
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