Armando Esteves Pereira 07 de Junho de 2018 às 20:46

O alerta sobre a valorização do preço das casas 

Enquanto os juros continuarem baixos, o investimento na habitação continuará a ser mais atractivo do que a maior parte das aplicações financeiras. Mas não é imune a riscos. 

O alerta do Banco de Portugal sobre os sinais de sobrevalozação das casas é um aviso importante para as famílias que compram habitação ou investem no mercado imobiliário, recorrendo ao crédito à habitação no limite da taxa de esforço. Os preços estão loucos, uma onda mais forte em Lisboa e Porto, mas que se espalha pouco a pouco por todo o país, principalmente nas áreas urbanas, com mais pressão nas zonas turísticas.

 

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O turismo foi a alavanca para a recuperação do preço das casas depois do choque da troika. Os magotes de viajantes trazidos pelas "low-cost" criaram a procura de apartamentos disponibilizados pelas novas aplicações da internet. Gerou-se um negócio que também disparou as rendas e valorizou os imóveis.

 

Este foi o primeiro impulso que recuperou um mercado que tinha sofrido um choque de desvalorização até antes do resgate da troika. Os balanços dos bancos e os registos de falências de construtores e promotores imobiliários, particularmente entre 2008 e 2013, contam uma história dramática que contrasta com a actual euforia. Aliás, nos balanços dos bancos ainda persistem marcas desse sismo.

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E além dos turistas que ficavam nos apartamentos, muitos outros, com destaque para franceses, brasileiros, mas de muitas outras proveniências, como provam as estrelas que escolheram comprar casa em Lisboa, começaram a adquirir habitações muito caras, inflacionando o mercado para os valores actuais.

 

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Além disso, os sinais de valorização associados a um período de juros muito baixos, quer na concessão de crédito, mas ainda mais baixos, perto de zero, na remuneração dos depósitos, levaram muitos aforristas a olhar para o investimento imobiliário como uma alternativa de investimento para as suas poupanças. Por outro lado, os bancos voltaram a abrir a torneira do crédito e entraram na competição de redução de "spreads". Já não existem os valores que se praticavam antes de 2010, que chegaram a ser inferiores a 0,3%, uma loucura da banca que saiu muito cara. Mas já há várias instituições a captar clientes com margens próximas de 1%, o que associado às taxas negativas  da Euribor significa acesso a crédito a preço de saldos.

 

Tudo isto contribuiu para a valorização do preço das casas. O alerta do Banco de Portugal não significa que haja uma bolha prestes a rebentar, mas é pedagógico lembrar, para quem tem a memória curta e não reparou no que aconteceu no período mais agudo do ajustamento da troika, que as leis que regem os preços das casas também têm, por vezes, curvas  descendentes.

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Saldo positivo: medidas do simplex

 

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Um dos grandes constrangimentos à economia portuguesa, que prejudica empresas e famílias, é a excessiva burocracia. Acabar com esse entrave não é fácil e necessita mais do que um truque do mágico Luís de Matos. No entanto, é positiva a ideia do programa Simplex. E a maior parte das medidas anunciadas faz sentido e melhoram a vida das pessoas e a eficiência das empresas. Fundamental é que o caminho seja percorrido e que as ideias anunciadas sejam aplicadas na prática.

 

Saldo negativo: mau exemplo do futebol

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Na véspera da grande festa do futebol que é o campeonato do mundo, na frente interna, a gestão do futebol português vive dias negros. No Benfica, somam-se a outras investigações judiciais suspeitas de branqueamento de dinheiro. E no Sporting continua a triste novela de Bruno de Carvalho, que resiste com um núcleo de dirigentes, tal como ele, dependentes dos salários e das outras regalias do cargo. No meio deste caos, bem fez Jorge Jesus com um contrato das arábias de 800 euros limpos a cada hora do dia.

 

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Algo completamente diferente: os alunos que não sabem onde é Portugal

 

A Educação voltou às machetes por causa do divórcio do Governo com os professores, devido ao congelamento das carreiras. Mas merece atenção o relatório de avaliação sobre os conteúdos aprendidos. Já não é novidade o nível indigente do conhecimento de princípios elementares da matemática, mas o facto de quase metade dos alunos não saberem identificar onde fica Portugal no mapa da Europa e de a esmagadora maioria dos alunos do ensino básico não saber que o rio Mondego passa por Coimbra e encontra o mar na Figueira da Foz chega a ser escandaloso.   

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