Crise no Ministério Público? Não: crise institucional
Não é possível ver os problemas do MP sem pensar noutras esferas da Justiça (os juízes) e na inação política, desde logo sobre o funcionamento do próprio MP.
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Quando a Procuradora-Geral da República comparou a obrigação de abertura de um inquérito ao ex-primeiro-ministro António Costa à abertura de um inquérito após uma denúncia de violência doméstica deu o mote para o que seria o resto da entrevista à RTP. O argumento de que nenhum cidadão está acima da lei, e de que o Ministério Público não pensa – nem tem de pensar – nas consequências das suas decisões gera estranheza à luz da conduta da própria Justiça: Lucília Gago não escreveria pessoalmente um parágrafo sobre um cidadão comum sob investigação, nem o Supremo decidiria se um cidadão comum deve ser investigado. O argumento também é estranho porque António Costa foi ouvido – a seu pedido, um direito que lhe assiste – com uma rapidez de que duvido que o cidadão comum e outros menos comuns beneficiassem.
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