O “altar-arena-multiusos” e o caso judicial à volta da contratação de Joaquim Mourão na Câmara de Lisboa são dois de muitos exemplos que ilustram a degradação profunda na contratação feita com o dinheiro público. Há muita mudança por fazer, mas os sinais não são bons.
Um “whistleblower” de um grande supermercado francês fala do “pacto tácito de silêncio” naquele país sobre as práticas anti-concorrenciais das cadeias de retalho. Em Portugal acontece o mesmo – e não só com os supermercados.
Há sinais de que o cenário económico poderá não ser tão negativo como antecipado na Europa – e, também, em Portugal. A macroeconomia está melhor, mas a experiência real de muitas pessoas confrontadas com perda de poder de compra sugere o oposto. O “paradoxo de Montenegro” volta à política, desta vez pela mão do PS.
A ironia de ter o Grupo Mello a elogiar a nacionalização de um negócio de que é acionista deveria ter soado os alarmes para o óbvio – a nacionalização da Efacec nunca seria “temporária”, nem inócua para os contribuintes. Dois anos e meio depois, chegámos aqui.
No final do século XIX, “to vet an animal” significava avaliar um animal – um cavalo de corrida era “vetted” para se perceber se estava em condições de correr. Há quase 100 anos o termo passou a estender-se a outros campos, como a política. A Portugal chega em 2023.
O caso de Alexandra Reis combina na perfeição dois ódios: um pela "casta do penico", outro pelos salários estratosféricos da casta dos gestores de topo. Mais do que ser um problema para o Governo de António Costa, tanto amadorismo e húbris ampliam um veneno social perigoso.
Num ano com alterações dramáticas, e alguns registos que batem recordes de décadas, estes foram os oito temas com maior impacto. A inflação e a viragem radical na política monetária são "a" história do ano. Tal como outras - da banca à Saúde - vai prolongar-se por 2023.
A subida de 50 pontos foi a esperada, mas Christine Lagarde alterou ontem a mensagem do BCE: as taxas de juro vão subir mais do que o esperado e vão ficar altas (e restritivas) durante mais tempo do que o esperado.
A infiltração dos políticos no entretenimento tem décadas e, em Portugal, ninguém o faz como Ricardo Araújo Pereira. O humorista influente na política transformou uma parte do seu programa num tempo de antena para quase todos os candidatos se venderem. Numa deliberação equilibrada, o regulador veio lembrar que isso traz responsabilidades.
Na Segurança Social todos arriscamos ser K. por uns anos. A máquina partidarizada, cujo funcionamento caótico estraga a vida de milhares de pessoas, parece ser ainda mais irreformável do que o complexo SNS. Ao contrário da Saúde, aqui não há pressão para mudar.
O mundo está difícil para quem se indigna com torneios de futebol – sobretudo se ventilar essa indignação num iPhone.