O zumzum do quotidiano
Já li as 20 páginas do prefácio do "Roteiros VII - Um Presidente em tempo de crise" - (ou um presidente sem tempo para crise) e só adormeci duas vezes.
Já li as 20 páginas do prefácio do "Roteiros VII - Um Presidente em tempo de crise" - (ou um presidente sem tempo para crise) e só adormeci duas vezes. Os Roteiros de Cavaco são como as versões do "Sexta-feira 13", cada vez piores mas ainda dá para apanharmos uns sustos. Há um limite para os sacrifícios e espero que Aníbal não esteja a pensar chegar ao Roteiros X.
O conteúdo é diferente do anterior prefácio. O tema já não é a vingança, desta vez é, apenas, uma resposta às vozes que andaram a dizer coisas sobre o Presidente não aparecer. Tivemos sorte, se tem havido gente a dizer que Aníbal andava mal vestido, o prefácio era sobre moda. Lá teríamos de levar com o Presidente da República a dizer que gosta de vestir roupa discreta mas que foi o seu trabalho, nos bastidores da Moda Lisboa, que ditou os padrões e cores da Primavera que se aproxima. Muito mais importante que o país é a imagem de Cavaco.
O Presidente aproveita as 20 páginas para responder aos comentadores de TV e explica o que faz um presidente quando está em modo de poupança. Cavaco, relativamente às funções de presidente, está como a minha tia em relação às funções do "smartphone": só usa para receber chamadas e ver as horas. Marcelo Rebelo de Sousa, na TVI, disse que Cavaco Silva é herbívoro e não carnívoro. O Presidente afirma que é nos bastidores que é mais eficaz, e relata os vários contactos que fez, junto dos responsáveis da Zona Euro, para ajudar o País. Consta que até andou nos bastidores a tentar convencer Cavaco a fazer alguma coisa. Eu acho que Marcelo confunde herbívoro com vegetal. Não é exagero dizer que, nos últimos dois anos, o Presidente da República é dos ministros do antigo governo de Cavaco o que menos tem aparecido nos jornais.
No Prefácio, Aníbal volta ao velho "vivemos acima das nossas possibilidades" e a prova disso é que um indivíduo que teve apenas o ordenado de primeiro-ministro (e de professor numa universidade), casado com uma professora de História, tem uma casa de férias na Coelha. Um casal constituído por um professor universitário e uma professora de liceu, nos nossos dias, apenas pode ambicionar a um T-1 em Telheiras.
Lemos o "Um Presidente em tempo de crise" e percebemos que a culpa foi nossa, e de "lá de fora" (só um bocadinho), porque ninguém ouviu os inúmeros apelos, e avisos, do indivíduo que não fala porque se move melhor nos bastidores. É estranho. O nosso Presidente, há sete anos, e ex-PM durante uma década, quer que acreditemos que Portugal estaria muito melhor se fosse um país sobre o qual ele pudesse ter alguma influência.
Uma coisa é certa, não restam dúvidas que grande parte da culpa, da situação em que estamos, é nossa. Quanto mais não seja porque, Aníbal Cavaco Silva já vai no Roteiros VII.
Posfácio
1. Portugal vai ter direito a mais um ano para o cumprimento das metas do défice - Se lá chegarmos.
2. Portugal com a maior quebra no PIB desde 75 - Ainda dizem que cantar a Grândola não faz sentido.
3. Novo Papa Francisco tem 76 anos - aos setenta e tal anos, ser uma estrela mundial em constante tournée, só o Mick Jagger aguenta, e nós sabemos como.
4. O Governo decretou o aumento para os 18 anos da proibição da venda e consumo de bebidas alcoólicas mas, apenas, só para as bebidas espirituosas - cerveja fica de fora. É uma grande lei do álcool, foi feita a pensar nos jovens, nomeadamente nos filhos do Pires de Lima.
5 .E-mail da candidatura de José Peyroteo Couceiro após notícia da morte de João Rocha: "Todas as acções de campanha desta candidatura estão suspenças durante o dia de hoje." - Couceiro demonstra respeito pela memória de João Rocha, mas deixa Camões às voltas no caixão
Mais lidas