O Facebook e a informação
As diferenças são óbvias. Temos muitos mais "amigos", embora não conheçamos a maioria. A conversa é bastante mais diversificada, embora geralmente curta, um breve comentário e passamos adiante. Não se bebe café, mas também não se gasta dinheiro.
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Existe muita literatura sobre o fenómeno que enriqueceu Mark Zuckerberg. Desde logo, porquê tanto sucesso? Forma de ultrapassar a solidão gerada pelas novas tecnologias?
Exibicionismo? Direito à opinião? A identidade que se constrói no FB é de particular interesse. Cheios de contradições, manias, qualidades e defeitos, tendemos a normalizar a nossa imagem no mundo virtual. Só colocamos as fotos onde estamos bem, em boa companhia ou num contexto que nos favorece. O FB faz lembrar aqueles anúncios de casamento. As mulheres são sempre bonitas, os homens inteligentes e divertidos.
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Quanto ao resto temos piadas, cães e gatos, sexo, citações inteligentes e proselitismo. No FB abundam os defensores do ambiente, os que advogam a comida saudável, os que vendem o seu produto, os que promovem agendas políticas, os que se queixam e criticam tudo. Enfim, aqui sim, um pequeno universo da grandeza e miséria do ser humano.
Mas o FB tem um outro lado. O de central de informação. Neste tempo de paradoxo, pois quanto mais informação é gerada menos ela nos chega através dos meios convencionais, as redes sociais, do FB ao Twitter, blogues e afins, prestam um serviço extremamente relevante. Que muito tem contribuído para alterar comportamentos e gerar consensos sociais. Estou convencido de que Dilma ganhou graças às redes sociais, já que praticamente toda a imprensa brasileira era ferozmente contra ela e fez uma campanha suja.
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Enfim. Na impossibilidade prática de lermos todos os jornais e ver todos os canais de televisão, o FB, na diversidade dos nossos amigos, fornece minuto a minuto muita informação. A maioria sem qualquer interesse, outra idiota ou mesmo falsa. Por estes dias circula a notícia de que o planeta vai ficar às escuras durante seis dias por causa de uma tempestade solar. Uma estupidez flagrante, mas que vai convencendo os mais incautos, ignorantes ou apreciadores de catástrofes e teorias da conspiração. Apesar disso, por vezes é através do FB que tomamos conhecimento de algo realmente interessante ou importante que não aparece nos media convencionais.
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Ao contrário dos blogues que normalmente têm uma "redação" diminuta e muitas vezes unipessoal, o FB é alimentado por muita gente, caindo aí a cada instante informação pessoal, recolhida nos mais diversos meios, convencionais e outros, produzida por todo o tipo de organizações, singulares, oficiais e não oficiais. É preciso saber filtrar esses dados, mas está claro que existe hoje uma divisão entre os velhos e os novos media.
Vários estudos apontam as disparidades. Nas redes sociais há mais interesse pela política, assim como pelas notícias do mundo, e ainda maior pela inovação, tecnologia e ciência. Curiosamente, a economia tem mais destaque nos media convencionais do que nas redes sociais.
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Nos Estados Unidos, onde estas coisas se medem, o interesse pela política e pelo que se passa no resto do mundo é sensivelmente o dobro nos novos meios, enquanto os temas económicos têm 5 vezes mais destaque nos velhos. Nas redes o interesse pela inovação dispara, sendo cerca de 20 vezes superior ao dos meios tradicionais.
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Há, portanto, um fosso claro entre o que as pessoas procuram e aquilo que o jornalismo convencional oferece. O que muito tem contribuído para o declínio dos jornais e o desinteresse por uma informação televisiva repetitiva, preguiçosa e praticamente reduzida às historietas locais e ao futebol.
Em conclusão, o FB não está só repleto de vídeos idiotas e meninas despidas. Para quem quer estar informado, é hoje um meio fundamental.
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Artista Plástico
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
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