Sociedade estagnada, pobre e desigual
Aos pobres atribui-se-lhes a caridade estatal, nas tarifas sociais ou em desconto nos passes, mas negando-lhes as oportunidades que têm os ricos, para si ou para os seus filhos terem uma mobilidade social mais facilitada.
A FRASE...
"O problema maior é a falta de fiabilidade da rede de transportes públicos."
José Manuel Viegas, Expresso, 25 de março de 2019
A ANÁLISE...
Para ser o melhor tenho dois caminhos, ou me esforço ou elimino a concorrência. Em Portugal o regime, distributivista e igualitário que temos, tende fortemente para a segunda opção, em detrimento do mérito e do trabalho.
Ter uma start-up é querido, começar a ter empregados, ser patrão e ganhar dinheiro, é mau e chato. Se quiser trabalhar nas férias, ou nos fins de semana, porque sou meio chinês ou não gosto de descansar, estou a trabalhar para o Fisco. Por todo o lado temos restrições e incentivos a não nos esforçarmos, produzirmos, fazermos crescer o país, termos mais rendimento, ou mesmo deixarmos de ser pobres.
E eliminar a concorrência é um desporto nacional, desde a concessão de monopólios pela monarquia até ao condicionamento industrial.
E o pior que podem fazer a um empresário é dar-lhe concorrência. Obriga-o a esforçar-se. Se não satisfaz os seus clientes, não tem empregados motivados e não tem uma relação saudável com fornecedores, perde para a concorrência com impacto direto no seu bolso. O que é bom. Se eu correr sozinho ganho sempre, mesmo devagarinho. Se concorrer em provas nacionais vou ter de treinar e de me esforçar, uma chatice, mas faz de mim um atleta.
O próprio Estado detesta concorrência. Na saúde eliminou rapidamente os hospitais públicos de gestão privada, com um nível de eficiência que o envergonhava. Basta ver os níveis de atendimento e satisfação do Amadora-Sintra, com gestão privada e depois com a pública, ou as PPP na saúde que poupam dinheiro ao Estado, mas que a nossa esquerda quer acabar. Ou nas escolas, reféns do centralismo ministerial onde a prometida autonomia é um anátema. A cegueira neo-totalitária, no ódio a tudo o que é privado, despreza a liberdade, da escolha, promove a desigualdade social dos portugueses, vedando as oportunidades aos mais pobres. Sem qualquer complacência ou pejo, a esquerda insiste num modelo em que apenas os mais ricos podem escolher a escola dos seus filhos, em que hospital desejam ser tratados ou a justiça que precisam. Aos pobres atribui-se-lhes a caridade estatal, nas tarifas sociais ou em desconto nos passes, mas negando-lhes as oportunidades que têm os ricos, para si ou para os seus filhos terem uma mobilidade social mais facilitada. Será isto defender e querer acabar com os pobres?
Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.
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