As agências de comunicação nunca devem ter distribuído aos CEO tantos discursos sobre responsabilidade social como actualmente. Antigamente os temas “passe-partout” eram a liderança ou que a empresa ia crescer a dois dígitos. Agora é a responsabilidade social e dizer que “seremos carbono neutros em 2035”. Tudo isto é óptimo, claro; só que isto não pode ser tudo... É que, ao mesmo tempo que isto é repetido, há em Portugal um povo a quem se fazem lavagens cerebrais continuamente, seja pelas senhoras dos sapatos caros ou através dos “jornais” que espalham pseudonotícias sobre temas miseráveis. Não são raras as vezes que se fala da manutenção do povo na ignorância como um dos apanágios das ditaduras. Mas hoje, em liberdade e com “informação” por todos os lados, o povo parece ainda mais alheado de tudo o que o rodeia, comprovando a frase do meu conterrâneo Arturo Pérez-Reverte: “O problema não é que alguém com poder sobre vidas e economias minta. Todos o fazem, mais tarde ou mais cedo. O problema, grave, é quando a demasiada gente não lhe importa minimamente que lhe mintam”.