Pedro Fontes Falcão 25 de Fevereiro de 2020 às 16:00

A TAP e as consequências da falta de visão do país

Compreende-se que o crescimento da capacidade do aeroporto não é fácil, mas não se pode pensar em formas inovadoras para o resolver?

Há dias, soube-se que a TAP Air Portugal é a companhia aérea com a melhor Classe Económica da Europa, segundo os leitores do jornal norte-americano "USA Today", o que é uma ótima notícia e parece refletir o sucesso da aposta feita pela TAP na América do Norte.

Mas essa muito boa notícia tem sido menorizada por outros destaques mediáticos, menos positivos (justa ou injustamente).

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Primeiro, como enquadramento, o Grupo TAP registou prejuízos de 105,6 milhões de euros em 2019, melhorando ligeiramente face a 2018, embora com um resultado operacional positivo de 58,6 milhões de euros em 2019, o que a TAP atribui à "consolidação nos custos e recuperação de receita no segundo semestre do ano".

Segundo, o tema dos prémios de desempenho aos administradores e alguns quadros da organização, que o ministro Pedro Nuno Santos comentou dizendo que "é uma falta de respeito para com a esmagadora maioria dos trabalhadores da TAP e para com os portugueses". Não se respondeu foi às questões de porque se vão dar os prémios? Estava um plano de avaliação de desempenho e atribuição de prémios definido no início do ano? Se sim, os prémios estão de acordo com esse plano? Se sim, o plano foi bem definido? Permitia o pagamento de prémios mesmo se a empresa tivesse prejuízos? Um prémio a um colaborador por um excelente desempenho individual não deve ser pago se a empresa teve prejuízos, mesmo tendo ele/a um desempenho excecional? O problema é a empresa ter tido prejuízos ou ter tido uma performance muito inferior ao orçamentado? Como comentar a questão dos prémios de desempenho sem responder antes a estas (e outras) perguntas?

Terceiro, a veiculada possível mudança acionista, que também não contribui para a estabilidade da empresa, tendo em conta que os membros da comissão executiva foram todos nomeados pelos acionistas privados. Vão conseguir manter o foco no sucesso a longo prazo da empresa, neste contexto?

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Quarto, a entrevista do CEO da TAP a criticar a gestão do aeroporto de Lisboa, que refere tem contribuído negativamente para a TAP e para Portugal. Antes de mais, as críticas têm razão de ser? Se tiver razão nalgumas delas, não se pode fazer nada para melhorar a situação? Compreende-se que o crescimento da capacidade do aeroporto não é fácil, mas não se pode pensar em formas inovadoras para o resolver? Há maneiras de se evitar o cruzamento da pista ativa pelos aviões, então porque não se fazem? O CEO destacou outras restrições. Não se consegue alocar o dinheiro que existe para anular ou minimizar essas restrições, tendo em conta a enorme riqueza que iria gerar para Portugal via um ainda maior incremento do turismo?

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