Pedro Santana Lopes 16 de Julho de 2014 às 20:58

Sensatez, respeito, resistência e mudança

Apesar de todos os percalços e contratempos, Portugal lá vai resistindo. Nesta quarta, dia 16, a Bolsa subiu bem e Portugal conseguiu colocar, com sucesso, 1,25 mil milhões de euros de dívida obrigacionista.

 

1. Diz o Povo que "tempo é dinheiro". E como estas semanas o têm demonstrado. É dinheiro, é valor, é esperança, é confiança, é segurança. Quando não se atua no tempo certo, todos esses valores podem ser postos em causa.

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O que se tem passado com o GES, o BES e a PT, pela gravidade dos acontecimentos e pelo tempo das reacções, levou a que os efeitos se tivessem propagado a outros Países europeus e também a outros continentes.

 

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Não estou a dizer que teria sido possível agir mais cedo. Falo do que teria sido ideal. A partir de certo momento, qualquer dia que passasse era tempo a mais. Seria absurdo o novo presidente do BES confirmar publicamente que queria ver primeiro as contas do Grupo, ou do Banco, antes de assumir funções. Imagine-se que não gostava do que lhe chegasse: já não entrava na nova Administração?

 

Entretanto, a sensatez impôs-se e não se deixou começar a nova semana e reabrir as praças financeiras sem que o BES tivesse novos responsáveis.

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2. A demissão do Comandante António Ricciardi, anunciada esta quarta-feira, constitui um momento bem triste de todo este processo. Quem o conhece, quem teve o privilégio de conhecer sua mulher, Vera Espírito Santo Ricciardi, sabe de como estes momentos são contrastantes com a dimensão e o nível desse casal. Nesta ocasião, quero também lembrar os nomes de Manuel Ricardo Espírito Santo, antecessor de Ricardo Salgado na liderança efetiva do Grupo, e de António Espírito Santo (que presidiu à Fundação Ricardo Espírito Santo), seu irmão, também precocemente desaparecido. Qualquer deles encantava e suscitava respeito e admiração em quem os conhecia. Tive esse gosto e essa distinção, embora pouco tempo antes de nos deixarem.

Escrevo estas palavras porque procuro sempre contrariar os julgamentos sumários e generalizados, neste caso, acerca de toda uma família. Nessa geração anterior como nas novas, a generalidade dos membros dessa família são pessoas de bem. Há quem tenha errado? As responsabilidades serão certamente apuradas e os próprios as deverão assumir.

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3. Apesar de todos os percalços e contratempos, Portugal lá vai resistindo. Nesta quarta, dia 16, a Bolsa subiu bem e Portugal conseguiu colocar, com sucesso, 1,25 mil milhões de euros de dívida obrigacionista. Os juros da dívida, pelo seu lado, apesar de algumas pequenas oscilações, também resistindo às tempestades.

 

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Registo, a propósito deste assunto, a convergência de posições que existiu nesta matéria, no essencial, entre as diferentes forças políticas. Na verdade, depois das ondas iniciais suscitadas pela indicação de Paulo Mota Pinto, o esclarecimento de que não tinham sido o Governo nem o PSD os responsáveis por essa opção, a crispação inter-partidária diminuiu. E é bom que assim seja e que as diferentes forças políticas se convençam de que este assunto toca, de facto, nos alicerces do regime.

 

É bom para todos os Portugueses que cada assunto seja tratado no seu plano: aos privados o que lhes compete, ao Estado a defesa do interesse público e à Justiça o que lhe respeita no apuramento e eventual punição de responsabilidades que sejam apuradas.

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Que tudo o que está a acontecer sirva para se avançar no processo de modernização dos tecidos económicos do nosso País e, nomeadamente, nos padrões de relacionamento entre o poder económico e o poder político. Que aquilo que o País tem de suportar com este processo - como o prejuízo da posição da PT na fusão com a Oi - contribua para afastar os resquícios de condicionamento e feudalismo que ainda existem na sociedade portuguesa.

 

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Temos de continuar assim: a tirar das crises o efeito mais positivo de que sejamos capazes. É assim que somos quem somos há mais de oito séculos e meio.

 

Advogado

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Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico.  

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