O "trader" que não sabe se chove
Horas e horas a olhar para as cotações e gráficos fazem com que, por vezes, os "traders" percam a noção da realidade. As "Microsoft's" deste mundo passam a ser designadas por apenas quatro letras (MSFT). As luzes vermelhas e verdes que teimam em piscar no monitor mantêm-nos presos a algo que nos leva para longe da realidade.
As notícias e os gráficos parecem rivalizar a atenção dos segundos em que desviamos o nosso olhar das cotações. Vivemos num mundo virtual. Com dinheiro real. E sinto que, vezes demais, o "bunker" em que tantos "traders" vivem abriga-nos de distracções, de ataques nucleares, mas também nos retira a sensibilidade de perceber como gira o mundo real. Está a chover hoje?
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Gosto do "feedback" dos leitores. Das dúvidas, dos elogios, das críticas. Não gosto dos insultos gratuitos. Adoro o entusiasmo de quem está a começar no mundo dos mercados e quer saber mais. Com uma vontade tão grande que quando se lhes oferece a ponta de um novelo, rapidamente se sente o novelo ir todo atrás como quando um gato se emaranha na renda das nossas avós.
Tento ser pragmático. Ajudar, sem criar ilusões. Desmistificar a ideia dos gurus e das fórmulas mágicas. Reforçar a importância do método, da aprendizagem. Temo sempre escrever com paixão a menos e frieza a mais. E que, do lado de lá, o leitor me olhe sempre como aquele "trader" frio que não consegue ver para além dos números.
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Leio Pedro Paixão. Leio Miguel Esteves Cardoso. Que inveja. Um dia vou escrever como eles, penso. Depois desço à terra. Adoro pontos finais. Frases curtas. Que marquem um ritmo cadenciado. E, desta vez, decido também escrever textos curtos.
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Gosto de estar optimista desde o Verão passado. O desgaste de andar cinco anos com um fato de urso vestido, a fazer o papel de Velho do Restelo, não combinava com a palavra esperança. Mas a palavra sinceridade esteve e sempre estará à frente de todas as outras na minha relação com quem me lê. Espero que os suportes aguentem. Que os touros não fraquejem. Porque não tenho a menor vontade de voltar a tirar o fato de urso que guardei no baú.
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Verde. Verde. Vermelho. Verde. Verde. É este o ritmo das luzinhas que, diante dos meus olhos, mostram o dia-a-dia da Bolsa americana. O Dow Jones está em máximos históricos e o S&P, quando lerem este escrito, é bem possível que também já esteja. A crise é uma palavra gasta. E usada vezes demais.
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E lá está o "trader" a olhar para a Bolsa e a tirar conclusões do mundo. Fechado no seu "bunker", enclausurado no seu mundo, esquece as pessoas, o desemprego e o drama de quem não tem. O verde inebria-o. E só quando as luzes se apagam e sai à rua, vendo o chão molhado, é que percebe que, afinal, hoje choveu.
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Nem Ulisses Pereira, nem os seus clientes, nem a DIF Brokers detêm posição sobre os activos analisados. Deve ser consultado o disclaimer integral aqui
Analista Dif Brokers
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