“Study & Research in Portugal”: porque não um "hub" do ensino superior?
Portugal é hoje um destino atrativo para estudantes internacionais, a avaliar pelo número de estudantes estrangeiros matriculados nas universidades portuguesas. A excelência académica das escolas, a presença de escolas de gestão em "rankings" internacionais, um clima ameno, custo de vida relativamente acessível comparado com outros destinos europeus, segurança, hospitalidade, riqueza cultural e histórica, e o multiculturalismo nos campi posicionam o país como destino académico preferencial.
As instituições de ensino superior beneficiam desta imagem. Atrair estudantes estrangeiros contribui para o reconhecimento global, melhora o posicionamento nos "rankings" internacionais, facilita a criação de parcerias com universidades estrangeiras reconhecidas, e diversifica as fontes de receita. Igualmente importante, a coexistência de estudantes oriundos de diferentes geografias promove um ambiente académico inclusivo e dinâmico, essencial para o desenvolvimento de competências interpessoais, aquisição de conhecimentos e investigação inovadora.
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Várias escolas de gestão em Portugal oferecem cursos reconhecidos em "rankings" internacionais e possuem acreditações das principais associações de gestão mundiais tais como a AACSB, EQUIS e AMBA. Nestas escolas estudam alunos de mais de 100 nacionalidades. O ISEG tem cerca de 1.100 estudantes estrangeiros inscritos no ano letivo 2025-26, provenientes de 70 países. A Universidade de Lisboa, no seu conjunto, acolhe mais de 9.700 estudantes internacionais.
Os estudantes portugueses beneficiam muito com a presença de colegas internacionais. Promove-se o intercâmbio cultural e académico, enriquece-se a experiência universitária e, destarte, criam-se redes de contacto globais. Esta diversidade cultural estimula debates abrangentes, promove o desenvolvimento de competências interculturais e aumenta a capacidade de inovação. Em suma, a convivência prepara os estudantes portugueses para carreiras internacionais, fortalecendo o capital humano do país. O único senão para os portugueses é a competição pelas vagas disponíveis, em especial nos cursos de mestrado e doutoramento, sendo possível, por exemplo, encher cursos de mestrado apenas com alunos estrangeiros, ficando os portugueses impedidos de aceder a estes cursos.
O ensino superior em Portugal pode seguir o mesmo caminho de sucesso de outros setores de sucesso, como o do calçado português, altamente competitivo e reconhecido internacionalmente. Tal como o setor do calçado se destacou através de design, inovação, qualidade e presença global, as universidades portuguesas devem investir na excelência académica, em programas internacionais diferenciados e parcerias estratégicas. Não será fácil nem rápido, mas alguns países já mostraram as suas vantagens. Por exemplo, na Austrália o “Study in Australia” é hoje um setor exportador estratégico, enquanto o próprio Governo irlandês está envolvido na promoção da marca “Education in Ireland”.
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É o momento de criar alianças de instituições de ensino superior portuguesas, desenvolver uma oferta alargada de programas em língua inglesa, envolver entidades oficiais e a comunidade empresarial, lançando uma campanha de comunicação internacional para posicionar Portugal como um "player" global no ensino superior.
Nota: nesta data, a Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) tem o portal “Study & Research in Portugal” inativo.
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