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João Quadros - Argumentista
02 de Dezembro de 2011 às 11:11

Defenestrar os feriados

Não há nada mais triste que o fim de um feriado. Cada vez que morre um feriado há cem pontes que desabam.

Não há nada mais triste que o fim de um feriado. Cada vez que morre um feriado há cem pontes que desabam. Ontem, comemorámos (com um dia sem nada fazer) pela última vez, o dia da Restauração da Independência. Olhando para o denominação do feriado, temos que concordar que a sua existência não faz sentido, porque a independência do país é cada vez menor e a restauração, com IVA de 23%, tende a acabar. Peço desculpa pelo trocadilho mas, é ridículo andar a festejar a independência dos Habsburgos espanhóis e ter de esperar todos os dias pelo jornal das oito e pelas declarações da Merkel para saber o que devemos fazer. Nos nossos dias, só teríamos razões para festejar se tivesse havido meia dúzia de conjurados que tivessem defenestrado a Angela. Teriam que ser homens capazes de carregar pianos e a janela tinha que ter duas portadas para que houvesse espaço suficiente para que a defenestração fosse levada a cabo com sucesso.

O 1º de Dezembro vai cair no esquecimento, porque é uma data demasiado datada, mas a história tende a repetir-se. A situação actual tem demasiadas parecenças: a troika é a nossa Espanha, a dívida é o nosso Alcácer Quibir e Passos Coelho é a nova Duquesa de Mântua. E, provavelmente, Miguel Relvas vai acabar como o Miguel Vasconcelos .

Não concordo com o fim deste feriado porque acho importante que o mundo tenha a percepção que nós não somos só um país de brandos costumes onde as revoluções se fazem com cravos porque nesse dia não havia gladíolos. Nós, também somos capazes de defenestrar pessoas. Ao contrário do que os alemães pensam, nós não somos um povo que só atira dinheiro pela janela, também atiramos gente, especialmente invasores. Fomos o primeiro país do mundo a abolir a pena de morte mas, se nos chateiam, somos capazes de mandar fazer marquises só para aviar quem não vem por bem. O português é desenrascado e de uma janela consegue fazer uma guilhotina.

Na minha opinião, se era para acabar com feriados começados por 1, deviam ter apostado no 1º de Novembro - como este governo não liga muito aos vivos não faz sentido que se vá comover com mortos. A melhor solução era fazer mais um para o ano e obrigar as pessoas a levar flores de plástico aos entes queridos e pronto, estava feito, e nunca mais se falava nisso. Ou então acabavam com o 1º de Maio que, sendo o dia do trabalhador, já só é festejado por uma minoria. É como festejar o dia da mãe na aldeia das que ficaram para tias. E atenção, porque: "o dia do trabalhador… …deixa de ser feriado… ...e passa a ser dia de 24 horas de trabalho… como o próprio nome indica" é o género de frase que se enquadra no pensamento do Gaspar. Digo - enquadra-se no pensamento - porque o ministro das Finanças também pensa como fala, por isso é que a voz da consciência do Gaspar não lhe tira o sono, antes pelo contrário, faz com que ele adormeça. Bom fim-de-semana que, esse, por enquanto, ninguém nos tira.

Cinco pela Janela

1. Bruxelas desmente negociações entre FMI e Itália - é o primeiro passo: Itálisa;

2. Custo para o país da greve geral tem muitos zeros, estimativas apontam para 0,000000000001 do BPN;

3. Governo arranja almofada para só cortar subsídios acima dos 600 euros - queres ver que foi o Gaspar que ganhou o Euromilhões?!!

4. Brisa lamenta decisão da Moody's , Pipo não ama Lucy, Fitch é abandonada por Guy em casa dos pais de ANA;

5. Líder de PS diz que conseguiu melhorar um pouco a vida de cerca de 200 mil portugueses. Seguro é a nova Isabel Jonet, aparece como salvador e faz festa com o pouco que os outros lhe deram.

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