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A paciente alemã

A chanceler alemã, Angela Merkel, é sempre uma boa opção quando se trata de carpir mágoas sobre o estado precário da Zona Euro e a falta de solidariedade da União Europeia. Seja porque a Alemanha tem posições de força, vexatórias para os alvos a que se dirige, ou, narrativa alternativa, porque não se empenha o suficiente para construir uma União Europeia mais equilibrada.

Os próprios alemães ajudam a construir esta imagem de soberba face aos restantes parceiros europeus. A capa de 1 de Junho da revista Der Spiegel, em que se exibe um garfo a partir do qual cai um fio de esparguete com a forma de uma forca, tendo por baixo o título "Ciao amore!" e a frase explicativa "Itália autodestrói-se e arrasta a Europa com ela", acirra as más vontades. Uma constatação que também é válida para a afirmação "os mercados vão ensinar Itália a votar correctamente", proferida pelo alemão Günther Oettinger, comissário europeu do Orçamento.

Perante este quadro é relativamente fácil lançar o odioso sobre os governos de Angela Merkel, este e o anterior, onde pontificava outra figura detestada, Wolfgang Schäuble. É fácil e uma garantia de popularidade entre os líderes dos países que se fazem de vítima.

Na realidade, os problemas da UE e do Zona Euro estão longe de poderem ser atribuídos exclusivamente à Alemanha. Antes pelo contrário, é preciso reconhecer que Merkel tem sido paciente e empenhada na defesa destes dois clubes, circunstância que até a penalizou internamente. É também verdade que a Alemanha tem esta estratégia porque retira benefícios da UE, mas estas vantagens são extensíveis a todos os Estados-membros.

Subtraindo os excessos de linguagem ou posições editoriais como a da Der Spiegel, que são inteiramente legítimas, sobram os factos. A chanceler alemã tem feito mais pelo euro e uma Europa forte do que muitos dos que dizem defender a União Europeia e a Zona Euro, mas, no fundo, procuram apenas que os seus erros sejam ocultados por benesses.

 

"A solidariedade entre os membros do euro nunca deverá levar a uma união da dívida, mas ser sobre como ajudar os outros a ajudarem-se a si mesmos", declarou Angela Merkel. Alguém pode discordar da justeza deste raciocínio? Por estes dias é a Alemanha que segura a Europa, ainda que às vezes o faça de forma questionável.

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