Martifer consegue maior lucro dos últimos 15 anos
O grupo de Oliveira de Frades fechou o exercício de 2024 com um resultado liquido de 23 milhões de euros e uma faturação de 264,5 milhões, mais 34 milhões do que no ano anterior, com a carteira de encomendas a fixar-se em quase 700 milhões.
Após ter acumulado 370 milhões de euros de prejuízos nos sete anos anteriores, a Martifer voltava, em 2018, a fechar um exercício completo em terreno positivo, com lucros de 6,5 milhões de euros.
Agora, encerrado o exercício de 2024, o grupo sediado em Oliveira de Frades dá conta que obteve um lucro de 23 milhões de euros no último exercício, mais 3,3 milhões do que no ano anterior.
Trata-se do melhor resultado da Martifer dos últimos 15 anos, contra os 107,7 milhões de euros obtidos em 2009.
Já o EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) chegou em 2024 aos 38,2 milhões de euros, mais 4,1 milhões do que no ano precedente, tendo os capitais próprios aumentado de 55,5 milhões para 79,2 milhões de euros.
Sempre em forma está a aposta na redução do endividamento: no final de dezembro passado, a dívida bruta do grupo Martifer estava nos 86 milhões de euros - menos cinco milhões do que um ano antes -, valor que era inferior em 22 milhões àquela que o grupo tinha em caixa.
Isto significa que, em apenas um ano, o grupo Martifer reduziu em cerca de 30 milhões de euros a dívida líquida, que é agora negativa.
Mercados internacionais geram 66% das receitas
A atividade fundacional da Martifer, a construção metálica, contribuiu com 144,1 milhões de euros (menos 3,7 milhões do que em 2023) para o volume de negócios consolidado em 2024, que atingiu os 264,5 milhões de euros, mais 34,1 milhões do que no ano anterior, avança o grupo esta quinta-feira, 13 de março, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A indústria naval, com os estaleiros da West Sea em Viana do Castelo e da Navalria em Aveiro, obteve receitas de 106,1 milhões de euros, mais 43,1 milhões do que no ano anterior, enquanto o segmento das energias renováveis gerou as remanescentes receitas.
Os mercados internacionais geraram dois terços das receitas do grupo Martifer, que fechou 2024 com uma carteira de encomendas de 695 milhões de euros, dos quais 70% na área da indústria naval e com 34% do total concentrada no ano em curso.
Construir nova doca seca em Viana do Castelo
No comunicado enviado à CMVM, o grupo cita o seu plano estratégico, o Horizonte 2030, enfatizando que o mesmo "reflete um compromisso claro com o crescimento sustentável e a adaptação às tendências globais, especialmente em áreas como a transição energética, inovação e práticas responsáveis".
Os principais pilares destacados "estão orientados para fortalecer a posição competitiva do grupo Martifer nas áreas de construção metálica, indústria naval e energia".
A saber:
- Construção Metálica: "Manter o foco no reforço do perfil exportador do grupo, procurando oportunidades em mercados e clientes que valorizam qualidade e excelência na organização, na valorização das pessoas e na produtividade";
- Indústria Naval: "A construção de uma nova doca seca em Viana do Castelo por forma a expandir a capacidade de reparação e construção naval, ao mesmo tempo em que se reforça a posição do grupo como um dos maiores estaleiros da Europa";
- Energia: "A ênfase na transição energética e descarbonização é uma resposta estratégica às tendências globais, o crescimento nesse setor permitirá que o grupo Martifer se posicione num mercado crescente de energias renováveis";
- Inovação e transição digital: "A adoção de novas tecnologias, como Inteligência Artificial, e a modernização digital são essenciais para se manter competitivo num ambiente cada vez mais digitalizado";
- Sustentabilidade (ESG): "A política de ESG (ambiental, social e governança) do grupo Martifer encontra-se bem alinhada com as exigências globais, com ênfase na energia renovável, economia circular e igualdade de género, o grupo está comprometido com as questões sociais e ambientais de forma abrangente".
O grupo Martifer é liderado por Pedro Duarte e controlado pela I’M, dos irmãos Carlos e Jorge Martins (48%), e a Mota-Engil (37,5%).
A estrutura acionista da Martifer deverá, entretanto, sofrer uma relevante alteração, na sequência do acordo firmado entre a I’M e a Visabeira, em outubro passado, para a venda de metade da participação dos irmãos Martins ao grupo de Viseu.
Assim que o acordo for concretizado, a I’M e a Visabeira ficarão cada uma com 24% do capital da Martifer, que passará a ter a Mota-Engil como principal acionista.
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