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Austrália enfrenta riscos climáticos extremos, alerta novo relatório

Ondas de calor, inundações e secas ameaçam comunidades e ecossistemas, enquanto as perdas de produtividade podem custar milhares de milhões de dólares, apontam peritos.

Nuno Alfarrobinha
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A Austrália está prestes a viver eventos climáticos extremos com maior frequência e em simultâneo, aumentando a pressão sobre os serviços de saúde, infraestruturas críticas e setores primários, alerta o novo National Climate Risk Assessment (NCRA), divulgado pelo governo australiano. Segundo o relatório, nenhuma comunidade australiana estará imune aos riscos climáticos, que serão “em cadeia, cumulativos e simultâneos”.

O ministro da Energia, Chris Bowen, sublinha que embora os impactos do clima não possam ser totalmente evitados, cada passo rumo à meta de emissões líquidas zero até 2050 será importante para ajudar a proteger comunidades e empresas. “Os australianos já estão a viver as consequências das alterações climáticas hoje, mas é claro que cada grau de aquecimento que conseguirmos evitar agora ajudará as gerações futuras a escapar dos piores impactos nos próximos anos”, afirma, citado pela Reuters.

O documento agora conhecido, o primeiro a avaliar de forma abrangente os riscos climáticos em todo o país, destaca que as regiões do Norte, comunidades remotas e periferias de grandes cidades estão particularmente vulneráveis. Entre os impactos previstos estão ondas de calor até quatro vezes mais longas e o aumento de mortes relacionadas com o calor, que podem quintuplicar em cidades como Sydney e Darwin. Adicionalmente, prevê-se uma pressão económica significativa, com perdas de produtividade que podem variar entre os 76 e os 241 mil milhões de euros até 2063.

O Climate Council, entidade ambientalista independente, reforça a gravidade da situação, destacando que “as escolhas que fazemos hoje sobre quão rapidamente cortamos a poluição climática nos próximos anos determinarão exatamente quão perigoso será o nosso futuro”. O organismo alerta que a Austrália já está 1,5 graus mais quente do que na era pré-industrial e que eventos como ondas de calor, inundações e secas intensas vão passar a rotina se as emissões não forem drasticamente reduzidas.

O relatório indica ainda que os recifes de coral podem vir a sofrer ondas de calor marinhas durante metade do ano, com duração até 179 dias num cenário de aquecimento de três graus. O aumento do nível do mar, por outro lado, pode afetar três milhões de pessoas com inundações costeiras até 2090.

Entre os mais vulneráveis estão as comunidades indígenas, que enfrentam impactos agravados das alterações climáticas, como maior risco de deslocamento e interrupção de serviços essenciais. A análise alerta que estas populações podem sofrer consequências sérias para a saúde e bem-estar, nomeadamente ao nível da habitação e do enfraquecimento das ligações familiares e sociais.

Para mitigar os riscos, Chris Bowen anunciou também um plano nacional de adaptação, além de assumir a intenção de definir uma meta climática mais ambiciosa para 2035, como passo intermédio rumo à neutralidade carbónica prevista para 2050. 

O Climate Council avisa, porém, que só a redução rápida dos níveis de poluição proveniente do carvão, petróleo e gás poderá proteger os australianos de impactos catastróficos. “A neutralidade carbónica até 2035 é o único objetivo que oferece uma forte hipótese de contribuir para manter o aquecimento global abaixo dos dois graus”, reforça o organismo. 

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