O setor do têxtil e vestuário (STV) português registou um aumento de 13% no número de certificações ambientais, num sinal claro de maior adesão das empresas, de alargamento do reporte e de utilização mais estratégica da informação ligada à sustentabilidade. A conclusão consta do terceiro Relatório de Sustentabilidade 2025, desenvolvido no âmbito do projeto be@t – Bioeconomia no Têxtil e Vestuário, com o apoio do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR).
De acordo com os dados divulgados pelo CITEVE, coordenador do consórcio de 60 entidades responsáveis pela execução do projeto, foram emitidas 2.526 certificações ambientais. Para o centro tecnológico, este número constitui um “sinal inequívoco do reforço das práticas responsáveis ao longo da cadeia de valor”, sublinhando que, por se tratar de uma amostra representativa, o total de certificações existentes no setor será “significativamente superior”.
Neste terceiro ano de reporte, 105 empresas aceitaram participar no relatório, um aumento de 36% face ao primeiro ano do exercício. Em conjunto, representam mais de 15.800 postos de trabalho, reforçando o peso estatístico e económico da amostra analisada.
Para Braz Costa, diretor-geral do CITEVE, há “mais empresas a reportar, mais métricas, mais transparência, mais maturidade”. Este alargamento demonstra que “o setor já não olha para a sustentabilidade como um instrumento ativo de posicionamento comercial, mas como infraestrutura crítica de competitividade”.
Os resultados mostram ainda melhorias consistentes em vários domínios-chave, nomeadamente na eficiência energética, em que, apesar de um aumento de 6% no número de empresas que passaram a reportar o consumo total de combustíveis renováveis e não renováveis, registou-se uma redução global de cerca de 6% nesse consumo. Na incorporação de materiais, mais de 11% foram reciclados, refletindo um crescimento de três pontos percentuais, enquanto cerca de 25% tiveram origem orgânica ou biológica, mais quatro pontos do que no ano anterior.
Em 2024, 68% das empresas reportaram ter reduzido o consumo de produtos químicos, mais quatro pontos percentuais do que em 2023, e o reporte deste indicador passou a abranger 90% das empresas. Em paralelo, 79% investiram na substituição de produtos químicos por alternativas menos nocivas, um aumento de seis pontos percentuais, com a taxa de reporte a subir para 88%.
“A comparação com os relatórios anteriores, publicados em 2023 e 2024, permite concluir que o STV está a passar de forma consistente de um exercício de diagnóstico para um modelo de gestão estruturada da sustentabilidade enquanto fator de competitividade”, conclui Braz Costa.
Este progresso ocorre num contexto económico exigente, já que em 2024 as exportações do setor totalizaram 5.576 milhões de euros (menos 3% do que em 2023), num cenário marcado pela instabilidade geopolítica, pela contração da procura internacional e pelas tensões nos mercados europeus. Ainda assim, sublinha o comunicado enviado às redações, “os indicadores de sustentabilidade continuaram a evoluir de forma positiva, reforçando a ideia de que a transição verde é também uma estratégia de resiliência industrial”.