No Dia Mundial do Ambiente, que se assinala esta quinta-feira, 5 de maio, a Pordata traça um retrato do estado ambiental de Portugal, cruzando dados sobre energia, clima, território e proteção ambiental. O cenário mostra avanços relevantes, mas também desafios estruturais.
Desde 1990, a produção de energia mais do que duplicou graças às renováveis. Em 2023, 35% da energia consumida teve origem em fontes limpas, mais 16 pontos percentuais do que em 2004. Ainda assim, o país só produz um terço da energia que consome.
“Portugal produz apenas 1/3 da energia que consome”, destaca a Pordata. Apesar da melhoria, a dependência energética continua acima da média europeia: em 2023, 67% da energia consumida foi importada, principalmente do Brasil, Espanha, Argélia, Nigéria e Estados Unidos.
O consumo energético quase duplicou desde 1990, com Portugal a registar o maior crescimento entre os países da União Europeia (UE). Ainda assim, o consumo per capita mantém-se abaixo da média comunitária.
Também o clima mostra sinais claros de mudança, e não são positivos. Os dados recolhidos em Bragança, Castelo Branco, Lisboa, Beja e Funchal apontam para um aumento consistente da temperatura desde o início deste século. Em Lisboa, a temperatura média subiu de 16,8 graus na década de 1960 para 18,1 graus nos últimos anos.
Há, contudo, boas notícias na área da proteção ambiental, aponta o relatório da Pordata. Portugal tem hoje uma das mais baixas emissões de gases com efeito de estufa da UE, registando apenas cinco toneladas de CO2 per capita em 2023, o terceiro valor mais baixo no espaço comunitário. Os carros novos também poluem menos, tendo passado de cerca de 169 gramas de CO2 por quilómetro, em 2000, para 90 gramas em 2023.
Mas os resíduos urbanos continuam a aumentar. Portugal produz atualmente 1,4 quilos de lixo por habitante por dia — o dobro de 1995 — e mais de metade ainda vai para aterro. “Portugal é dos países que conduz para aterro uma maior proporção de resíduos”, alerta a Pordata. Outro dado preocupante vem da indústria: Portugal emitiu 2,24 gramas de partículas finas por cada euro de riqueza gerada — um valor 100 vezes superior ao da Alemanha.
No mar, com a criação de novas zonas protegidas, Portugal poderá liderar a UE em área marítima protegida já em 2025, cobrindo 19% da sua zona económica exclusiva – e para isto contribui, por exemplo, o projeto que pretende criar áreas protegidas em cerca de um terço do mar dos Açores.
Também a qualidade da água do mar dá bons sinais: 9 em cada 10 praias costeiras têm classificação de “excelente”. O mesmo não se pode dizer das praias fluviais, onde apenas 67% atingem esse nível. A este propósito, a associação ambientalista Zero veio, nos últimos dias, um “recorde” no número de praias com zero poluição. “Em 2025, as Praias ZERO Poluição representam 12% do total das 673 águas balneares existentes, um aumento de 3%, mais 22 praias em relação às 59 classificadas no ano passado”, escreve a associação.
Num balanço geral, a Pordata traça um país que avança na transição energética e na descarbonização, mas que ainda tem caminho a fazer em áreas como os resíduos urbanos (onde se testam soluções para reaproveitamento de resíduos), a proteção da natureza e a eficiência da indústria.