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Portugueses estão entre os mais preocupados na Europa com o clima

Estudo europeu mostra que a maioria reconhece a responsabilidade humana e confia na ciência, mas a disponibilidade para fazer esforço financeiro em prol de escolhas sustentáveis é limitada.

17:10
Protesto ambiental: ativistas bloqueiam estrada em Portugal devido às alterações climáticas
Protesto ambiental: ativistas bloqueiam estrada em Portugal devido às alterações climáticas Miguel A. Lopes/Lusa_EPA
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Metade dos portugueses diz estar “muito” ou “extremamente” preocupado com as alterações climáticas e as suas consequências. Portugal surge no topo dos países europeus em nível de preocupação, ao lado de Espanha e Alemanha, de acordo com o European Attitudes to Climate Change and the Environment, do projeto Infra4NextGen, baseado no Inquérito Social Europeu.

Os dados mais recentes, recolhidos entre 2023 e 2024, mostram que cerca de 50% dos inquiridos em Portugal dizem estar muito ou extremamente preocupados com o aquecimento global, valores acima da maioria dos países analisados. A preocupação não é apenas “coisa de jovens” e, ao contrário do padrão clássico, os mais velhos aparecem, em muitos Estados-membros, tão ou mais inquietos do que as gerações mais novas.

Mas a preocupação vem ancorada em conhecimento, já que em Portugal, perto de nove em cada dez pessoas acreditam que as alterações climáticas são pelo menos em parte causadas pela atividade humana, em linha com a maioria europeia que hoje rejeita o negacionismo climático. A ideia de que “é só um ciclo natural” é claramente minoritária, lê-se no relatório.

Em 2010/11, 74% dos portugueses com menos de 35 anos e 53% dos mais velhos concordavam que “a ciência moderna pode ser confiável para resolver os nossos problemas ambientais”, uma das maiores diferenças geracionais registadas no estudo. A mensagem que sai dos dados é de que os portugueses olham para a investigação e a tecnologia como parte da solução.

Quando se entra no terreno das escolhas económicas, o retrato complica-se e a disponibilidade para abrir os cordões à bolsa é menor. No conjunto da Europa, entre 28% e 36% dos inquiridos concordam que o país “precisa de crescimento económico para proteger o ambiente”, um sinal de que muitos ainda não conseguem imaginar uma transição verde sem expansão económica. E, embora haja disponibilidade para fazer um esforço financeiro, em 2020, as percentagens de europeus dispostos a pagar “muito mais” impostos ou preços para proteger o ambiente raramente ultrapassavam um terço da população e têm vindo a cair ao longo das últimas décadas.

Portugal aparece como um país altamente preocupado com o clima e informado sobre as causas humanas do problema, com confiança na ciência, mas, como no resto da Europa, persiste a tensão entre proteção ambiental e custo para as famílias. “A disposição para pagar impostos muito mais elevados para proteger o ambiente é geralmente baixa”, escrevem os autores. 

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