pixel

Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Explorador suíço planeia dar a volta ao mundo numa aeronave movida a hidrogénio verde

Após dois anos de investigação, a construção do avião já começou e estará pronto para os primeiros testes em 2026. Bertrand Piccard pretende mostrar o potencial de soluções disruptivas para a descarbonização da sociedade.

Negócios 07 de Fevereiro de 2024 às 10:26
Solar Impulse
  • ...

Depois de realizar as primeiras circum-navegações do globo num balão e mais recentemente num avião solar, o explorador suíço Bertrand Piccard pretende voar sem escalas à volta do mundo num avião movido a hidrogénio verde.

Denominada Climate Impulse, a aeronave vai ser construída em França pelo engenheiro e navegador Raphaël Dinelli e terá a Syensqo como principal parceiro tecnológico. O objetivo é realizar a viagem em 2028.

"Neste mundo cheio de eco-ansiedade, precisamos de restaurar a esperança e estimular a ação, demonstrando soluções disruptivas que conduzam a um progresso sustentável. Mais do que dar a volta ao mundo com um avião a hidrogénio, o Climate Impulse irá explorar novas formas de pensar e agir para promover uma melhor qualidade de vida", afirma Bertrand Piccard. "Soluções eficientes unirão pessoas, desde cidadãos e ativistas ambientais a líderes políticos e empresariais, mudando a narrativa do sacrifício e do medo para o entusiasmo e a ação", acrescenta o explorador.

Após dois anos de investigação, desenvolvimento e conceção apoiados pela Airbus, Daher, Capgemini e com a participação do Grupo Ariane, a construção do avião já começou e durará dois anos sob a direção de Raphaël Dinelli, engenheiro de compósitos e navegador. Após mais dois anos de testes, este avião único tentará voar sem escalas à volta do Equador com os pilotos Bertrand Piccard e Raphaël Dinelli.

O projeto acarreta desafios. Para além da produção de hidrogénio verde a partir de energias renováveis e da sua utilização através de células de combustível para alimentar motores elétricos, o maior desafio consiste em manter o hidrogénio líquido a -253°C durante um período estimado de nove dias de voo. Para tal, serão necessárias inovações revolucionárias na criação de reservatórios térmicos adaptados, abrindo novos horizontes na tecnologia aeronáutica.

Explorador suíço planeia dar a volta ao mundo numa aeronave movida a hidrogénio verde

Materiais compósitos, películas e aditivos integrarão o fabrico de toda a estrutura do avião a hidrogénio, da fuselagem às asas e aos tanques de hidrogénio, proporcionarão leveza, juntamente com propriedades mecânicas e térmicas. No que diz respeito ao hidrogénio verde, os materiais de alto desempenho do parceiro tecnológico (para membranas de permuta de protões e aglutinantes para elétrodos da célula de combustível) irão conferir uma densidade e eficiência de energia "excecionalmente elevadas", permitindo também uma conceção mais compacta do avião.

"Estamos entusiasmados por fazer parte deste derradeiro voo, uma volta ao mundo sem escalas e com zero emissões, alimentada por hidrogénio verde. Os nossos 13.200 funcionários da Syensqo' orgulham-se de fazer parte desta aventura humana, ambiental e científica, demonstrando o poder das suas inovações sustentáveis que conduzirão à neutralidade de carbono para os nossos clientes e farão avançar a humanidade", afirma Ilham Kadri, diretor executivo da Syensqo, na mesma nota.

Recorde-se que a última aventura de Bertrand Piccard foi o Solar Impulse, o voo sem precedentes à volta do mundo num avião movido a energia solar. O feito seguiu as pisadas do seu avô Auguste, que inventou a cápsula pressurizada para explorar a estratosfera, e do seu pai Jacques, que levou o seu Bathyscaphe até ao fundo da fossa das Marianas, ambos com um objetivo ambiental.

Mais notícias