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Inteligência artificial pode quadruplicar procura de energia, avisa agência europeia

Explosão no uso de IA poderá aumentar drasticamente o consumo elétrico global e comprometer metas de sustentabilidade, alerta a Agência Internacional de Energia.

05 de Maio de 2025 às 22:17
Chatgpt
Chatgpt Dado Ruvic/Reuters
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A crescente utilização de ferramentas de inteligência artificial (IA) pode levar o consumo energético dos data centers a quadruplicar até 2030, alerta a Agência Internacional de Energia (IEA). O fenómeno, impulsionado pela proliferação de modelos como o ChatGPT e pela generalização do processamento de dados em larga escala, ameaça agravar a pressão sobre as redes elétricas e dificultar a transição energética.

De acordo com o mais recente relatório da IEA, Electricity 2024, os data centers consumiram cerca de 460 terawatts-hora (TWh) de eletricidade em 2022. Este valor poderá atingir entre 620 e 1050 TWh já em 2026 — o equivalente ao consumo atual de eletricidade do Japão. "A eletricidade usada por data centers, criptomoedas e inteligência artificial poderá mais do que duplicar entre 2022 e 2026", referem os autores do estudo. Até ao final da década, a IEA espera que a procura por energia elétrica para alimentar sistemas de IA quadruplique até 2030.

O documento chama ainda a atenção para o impacto específico da IA, cujo uso intensivo de energia tem vindo a crescer exponencialmente. Um único pedido no ChatGPT, por exemplo, pode consumir até dez vezes mais eletricidade do que uma pesquisa no Google. Como explicam os peritos da IEA, "cada pergunta feita ao ChatGPT requer uma grande quantidade de computação, o que significa mais energia consumida nos data centers".

Este aumento vertiginoso no consumo obriga à adoção de medidas urgentes. "Os data centers devem tornar-se mais eficientes do ponto de vista energético para limitar a sua pegada ambiental", afirma o relatório, sublinhando a importância da adoção de políticas públicas e investimentos em tecnologias limpas para mitigar os impactos.

A situação é particularmente crítica em regiões como a Irlanda, onde os data centers já representam 18% do consumo elétrico nacional — uma fatia que poderá chegar aos 30% em 2026, segundo as estimativas da EirGrid. O caso irlandês é um exemplo claro dos desafios que se colocam aos países com grandes concentrações de infraestruturas digitais.

Além do consumo crescente, os especialistas da IEA destacam também o papel da IA na aceleração da procura por novas infraestruturas de computação. "A IA generativa poderá exigir mais capacidade computacional e, portanto, mais eletricidade do que as aplicações convencionais de software", apontam.

Embora reconheça os benefícios da inteligência artificial para a eficiência energética em outros setores — como nas redes elétricas inteligentes ou na gestão de edifícios —, a IEA avisa que esses ganhos podem ser anulados se não forem compensados pelo uso responsável da tecnologia. "Há um risco real de que o aumento do consumo de energia dos data centers ultrapasse os benefícios de eficiência que a IA pode proporcionar noutras áreas", conclui o estudo.

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