O ponto de partida é a reciclagem de lã e fibras sintéticas que, conjugada com técnicas ancestrais como a feltragem, o crochê ou o bordado, transforma o têxtil numa ferramenta de arte que alerta para o impacto da poluição e os riscos do consumo excessivo.
Com isto em mente, Vanessa Barragão, uma artista têxtil portuguesa natural de Albufeira, cria peças que evocam paisagens orgânicas e subaquáticas e é o rosto por detrás da exposição "Mergulho", que inaugura esta sexta-feira, 27 de junho, no Centro Comercial Colombo.
As suas peças são fortemente influenciadas pela presença do oceano e têm como inspiração a paixão pelas técnicas manuais, herdada das avós e da tradição familiar. Vanessa Barragão vê nesta arte "uma ferramenta poderosa para sensibilizar sobre os efeitos da poluição, do consumo excessivo e da importância de preservar técnicas e trabalhos manuais antigos", segundo a nota enviada às redação que acompanha a apresentação da exposição "Mergulho".
"Mergulhar é, para mim, um reencontro com as origens e com a força do mar. Nesta exposição, convido o público a submergir nas paisagens têxteis que crio, inspiradas pela beleza e fragilidade dos oceanos, e a refletir sobre a importância de preservar este património natural que nos une e inspira”, afirma Vanessa Barragão numa declaração enviada ao Negócios.
"Reconhecida pelo seu trabalho têxtil sustentável, Vanessa idealiza e cria paisagens visuais conjeturais e visionárias que evocam, de forma quase biomimética, a exuberância dos ecossistemas marinhos e o potencial regenerativo da natureza", lê-se na mesma nota.

Para Bárbara Coutinho, diretora do MUDE e curadora da exposição, esta "alia sustentabilidade, tecnologia e poesia visual". "Com raízes na tradição artesanal e uma profunda consciência ecológica, Vanessa Barragão transforma resíduos da indústria têxtil em paisagens subaquáticas têxteis, utilizando técnicas como crochê, feltragem e tecelagem. O seu trabalho cruza a recuperação do saber-fazer manual com a urgência ambiental, propondo uma visão crítica e, ao mesmo tempo, poética, do mundo natural. Cada obra é, por isso, de certa forma, um gesto de reparação simbólica — do planeta, das práticas humanas e da nossa relação com a natureza”, descreve.
De resto, a artista portuguesa em exposto em cidades como Sydney, Nova Iorque, Londres e Tóquio, sendo autora de “Coral Vivo”, oferecido por Portugal às Nações Unidas ou de “Botanical Tapestry,” patente no London Heathrow Airport - Terminal 2.
No âmbito da iniciativa "A Arte Chegou ao Colombo", a exposição poderá ser visitada, gratuitamente, de 2ª-feira a domingo, das 10h00 às 22h00, entre 27 de junho e 31 de agosto, na praça central do centro comercial, em Lisboa.
A exposição é ainda acompanhada por um programa de atividades para diferentes públicos, incluindo uma oficina de crochê para crianças dos 6 aos 12 anos, orientada pela própria artista.