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Reciclagem química precisa de até 30 anos para competir com plástico virgem

Estudo da Bain & Company revela que só com forte investimento e apoio regulatório é que este método poderá ganhar escala na Europa. Serão necessários 400 mil milhões, avisa.

01 de Setembro de 2025 às 13:20
Reciclagem: Estudo estima tempo para competir com produção de plástico virgem
Reciclagem: Estudo estima tempo para competir com produção de plástico virgem
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Um novo estudo da Bain & Company estima que serão necessários entre 20 a 30 anos e um investimento acumulado superior a 400 mil milhões de euros para que a reciclagem química se torne competitiva face à produção de plásticos virgens. 

Segundo a consultora, a reciclagem de poliolefinas (um dos termoplásticos mais comuns) custa hoje mais do dobro da produção de material virgem. “A questão já não é se a reciclagem química vai escalar, é quem estará na dianteira da cadeia de produção no momento-chave”, afirma Álvaro Pires, sócio da Bain & Company. 

O relatório indica que a paridade de custos só poderá ser alcançada quando forem recicladas, através de pirólise, cerca de 650 milhões de toneladas métricas de poliolefinas a nível global, assumindo um preço de referência de 1.250 euros por tonelada métrica de plástico virgem. Nessa altura, o plástico reciclado poderá representar 20% a 30% da procura total, o que exigirá uma transformação profunda da indústria.

Para Álvaro Pires, a trajetória “exige uma abordagem sistémica com apoio regulatório” para ter sucesso. “Assim que a reciclagem química atinja larga escala, pode fazer a transição de um modelo dependente de subsídios para um impulsionado pela procura. Esse ponto de inflexão pode mudar totalmente a lógica económica”, acredita.

Segundo a consultora, as políticas europeias podem ajudar a acelerar a mudança, à semelhança do que aconteceu com os combustíveis sustentáveis. A imposição de requisitos de mistura de materiais reciclados de 1% a 2% ao ano poderia garantir uma penetração superior a 15% até 2040, assegurando retornos positivos e necessidades de capital mais controladas.

O estudo aponta ainda que as empresas que pretendem liderar a reciclagem química terão de ir além da simples adaptação às exigências do mercado, e defende que é essencial cocriar oportunidades de compra em estreita colaboração com parceiros da cadeia de valor. Para isso, será preciso garantir acesso a fluxos de resíduos de melhor qualidade e ter clientes dispostos a pagar mais. 

Por outro lado, será determinante uma atuação ativa junto dos reguladores, não só para influenciar políticas críticas para o setor, mas também para ajudar a moldar a perceção pública em torno dos plásticos, destacando os seus benefícios quando geridos de forma responsável. 

Por fim, a consultora sublinha a importância da flexibilidade e diz que os produtores que explorarem novos modelos de negócio, estratégias de abastecimento inovadoras e parcerias fora do convencional terão maiores probabilidades de conquistar vantagens competitivas duradouras.

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