
Uma equipa de investigadores do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) desenvolveu um guia prático que visa tornar a renovação energética mais acessível às comunidades rurais da União Europeia (UE). O documento foi criado no âmbito do projeto RENOVERTY – Roteiros de Renovação Rural e oferece orientações técnicas, legais e financeiras adaptadas a diferentes contextos locais.
Numa altura em que a eficiência energética assume um papel central no combate à pobreza energética, o guia quer apoiar os proprietários rurais na melhoria das condições das suas habitações, numa perspetiva de promoção da qualidade de vida e da descarbonização do parque edificado europeu.
“Estes instrumentos permitem adaptar cada intervenção às necessidades específicas de cada caso, ao orçamento disponível e aos incentivos aplicáveis”, explica Paula Fonseca, investigadora do ISR. A especialista sublinha ainda que os roteiros procuram ajudar a ultrapassar obstáculos recorrentes nas zonas rurais, como “a complexidade dos requisitos administrativos, a iliteracia energética, a escassez de informação, as limitações no acesso a financiamento e a falta de profissionais qualificados”.
O envelhecimento do edificado europeu é apontado como um dos principais desafios, já que, segundo os investigadores, 35% dos edifícios têm mais de 50 anos e 75% continuam a ser energeticamente ineficientes. De acordo com os dados, 36% das emissões de CO2 da UE têm origem precisamente nos edifícios.
“O envelhecimento das populações, as elevadas taxas de pobreza e o parque imobiliário mais velho e ineficiente tornam estas comunidades especialmente expostas à pobreza energética”, referem os investigadores, referindo-se às zonas rurais. Os especialistas acrescentam ainda que muitos agregados familiares continuam a depender de combustíveis fósseis, como o carvão e o gasóleo, devido à escassez de alternativas energéticas.
Os roteiros RENOVERTY procuram dar resposta a estas dificuldades, oferecendo um conjunto de medidas ajustadas às realidades locais e disponíveis para qualquer pessoa ou entidade usar. “Além de sensibilizar e respeitar o ambiente rural, este projeto pretende contribuir para manter e promover o conhecimento local, a identidade cultural e a preservação da natureza”, sublinha a equipa da Universidade de Coimbra.
O guia foi desenvolvido em colaboração com grupos de ação local de oito países europeus – Croácia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Hungria, Itália, Portugal e a região espanhola de Osona – e está agora disponível para ser usado por entidades públicas e privadas.