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Universidade de Coimbra testa plataforma para prevenir incêndios no Fundão

Projeto europeu junta Portugal, Espanha, França e Andorra para prever risco de incêndio e emitir alertas a partir de dados ambientais e geoespaciais, apoiando autarquias e bombeiros no terreno.

06 de Novembro de 2025 às 18:02
Alberto Cardoso, Jacinto Estima, Catarina Silva, Cidália Fonte e Filipe Araújo compõem a equipa
Alberto Cardoso, Jacinto Estima, Catarina Silva, Cidália Fonte e Filipe Araújo compõem a equipa Universidade de Coimbra
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Na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), uma equipa do Departamento de Engenharia Informática está a transformar dados em decisões rápidas contra o fogo. No âmbito do projeto europeu SenForFire – Cost-Effective Wireless Sensor Networks for Forest Fire Prevention and Early Detection, os investigadores desenvolvem uma plataforma de baixo custo para prevenção e deteção precoce de incêndios, com redes de sensores e análise inteligente de informação.

A ambição é apoiar quem decide antes e durante o combate para tornar mais eficaz a luta contra as chamas. “A nossa contribuição para este projeto passa pela análise inteligente dos dados, que são georreferenciados e multimodais, de modo a criar suporte a decisões que venham a ser tomadas, quer por bombeiros, quer por uma Câmara Municipal, antes ou durante o combate a um incêndio”, explica Catarina Silva, investigadora do CISUC e coordenadora do projeto.

O caso de estudo português está no Fundão, onde os sensores instalados recolhem temperatura, humidade e concentração de gases. Essa informação segue depois para o sistema The Things Stack, é guardada numa base de dados temporal e tratada por modelos que procuram indicadores de incêndio, gerando alertas antecipados de risco. É a criação de uma espécie de semáforo de prioridades para equipas municipais e comandos de proteção civil.

O “cérebro” da plataforma não se limita ao que está preso a uma árvore, mas recorre também a dados de satélites. “Para além dos dados ambientais, o sistema incorpora informação geoespacial e topológica, aumentando, assim, a precisão da avaliação de risco”, sublinha Cidália Fonte, docente da FCTUC e investigadora do INESC Coimbra. Ao cruzar terreno, passado e atmosfera, a plataforma aprende a identificar zonas e momentos críticos com maior precisão.

A abordagem é pensada para chegar às autarquias e oferecer soluções de baixo custo, dados robustos e previsões atualizadas com potencial de industrialização para uso direto por municípios e bombeiros. O consórcio inclui parceiros públicos e privados de Andorra, Espanha, França e Portugal, reforçando a transferência do conhecimento do laboratório para a operação diária no terreno.

“Os resultados preliminares mostram que os modelos conseguem prever o risco de incêndio. Esperamos, futuramente, fornecer ferramentas proativas de prevenção e gestão de meios, com maior detalhe e resolução espacial”, conclui a equipa. Se confirmados, estes passos podem significar menos falsas alarmes, mais rapidez na mobilização e, sobretudo, mais prevenção.

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